Para quem você ainda não ligou esta semana?

Para quem você ainda não ligou esta semana?

Você já notou como, se deixarmos, a vida vai naturalmente nos afastando de algumas pessoas, mesmo que sejam ótimas e que gostemos muito delas?

Todos temos uma rotina diária que se repete. Na verdade, duas: uma de segunda a sexta e outra que dura o final de semana.

Dentro de cada dia também temos uma rotina, que vai desde o momento em que acordamos até a hora de dormir.

Alguns dias podem ser um pouco diferente de outros, mas, de maneira geral, todos temos uma rotina.

Mesmo a pessoa que diz que não tem rotina tem a rotina de não ter rotina! Os ciclos se repetem.

Acabamos cada um no nosso ritmo: alguns mais rápidos e agitados, outros mais lentos e compassados; alguns mais arrojados e inovadores, outros mais conservadores e cuidadosos.

Vida acaba sendo a soma das nossas rotinas, com algumas breves pausas ou interrupções.

E uma das coisas que tenho prestado mais atenção é no que chamo de ‘rotina de afastamento’.

Pegue minha mãe, por exemplo. Ela tem 82 anos. Está ótima, excelente forma física e mental, com uma atitude de vida sensacional para uma mulher de 82 anos que passou por tanta coisa na vida.

Sempre que vou ao Brasil, para palestras, workshops e reuniões, faço questão de ir para Curitiba para passar pelo menos um dia com ela. Pedimos empanadas e cerveja, ficamos batendo papo e reconectamos.

Mas precisa ser um esforço consciente, deliberado. Desculpas e justificativas para não pegar mais um voo sempre vão existir.

Mesma coisa acontece com as ligações semanais. Se não fico alerta (com a ajuda da Marília), às vezes passo duas ou três semanas sem falar com minha mãe. Sei que ela está bem, recebo notícias (via Marília, minha irmã, minha sobrinha), mas não é a mesma coisa. Se eu ficar passivo, ficar no piloto automático e não prestar atenção, os dias e as semanas passam e, quando vejo, já faz um tempo que não nos falamos.

Falo sobre isso porque na semana passada escrevi sobre o falecimento do Paulo Ferreira e imediatamente me lembrei do Costenaro, que por muito tempo foi sócio do Paulo. Mandei e-mail para ele, trocamos mensagens, contamos como estamos, combinamos de nos falar mais.

Mas sei como é a vida: se não ficarmos alerta, esse relacionamento também vai esfriar. O Costenaro é ótimo, a conversa é sempre inteligente e interessante, mas como temos rotinas que não se encontram, precisamos fazer um esforço deliberado para nos reconectarmos.

Quando eu corria no parque Barigui, em Curitiba, fazia questão de correr 2ª, 4ª e 6ª para um lado, 3ª, 5ª e sábado para o outro. Por que fazia desse jeito? Porque descobri que havia duas turmas: o pessoal que corria para a esquerda e o pessoal que corria para a direita. Se você corre para o mesmo lado da pessoa, é quase impossível encontrá-la. Só se as velocidades forem muito diferentes.

Mas, em circuito, você SEMPRE encontra as pessoas correndo para o outro lado. Duas vezes! Então, eu corria um dia num sentido, no outro dia no outro, e via mais gente. Era só um oi rápido, mas, dependendo do dia e da pessoa, era comum um dos dois virar e terminarmos juntos o treino, batendo papo (o tempo sempre passa mais rápido e o esforço parece menor quando estamos batendo papo!).

Nossa rotina diária e semanal tem muito disso: se nossos horários coincidem com os de outros, naturalmente nos encontramos e conectamos. Porém, nem sempre o horário/local/sentido batem. Nesse momento precisamos ter claro que, se não estamos nos aproximando, estamos nos distanciando. Não acredito muito em meio-termo quando o assunto é relacionamento. Ou é ou não é. Ou está mais próximo ou está mais distante.

Quando você está muito próximo, sabe quase tudo da vida da pessoa. Não tem grande novidade porque todo dia vocês se alinham e reconectam.

Pessoas um pouco mais distantes estão vivendo a vida delas, enquanto você está vivendo a sua. Quando se reencontram, já não são exatamente as mesmas pessoas que eram da última vez que se viram.

Tanto que é comum você reencontrar uma pessoa que era muito legal, superamiga e ser uma frustração, porque parece que perdeu a química e aquela pessoa já não é mais a mesma. Não tem mais conexão.

Da mesma forma, parece que existem algumas ‘almas gêmeas’ que não mudam – você reencontra cinco anos depois e imediatamente clica, reconecta, começa a conversar e dar risada, como se nada tivesse acontecido.

Mas a gente só sabe disso quando se reconecta, se reencontra. E muitas vezes a outra pessoa está lidando com seus próprios turbilhões, dificuldades, desafios. Não podemos esperar que elas nos procurem. Nós é que temos que tomar essa iniciativa.

Criei então mais uma rotina na minha ‘semana perfeita’, que é a de reconectar com alguém ‘das antigas’, alguém com quem não falo há muito tempo e que sei que é uma pessoa especial.

E você, com quem faz tempo que não fala e que poderia falar?

Se pensar em alguém que era amigo/a, colega, alguém da família, alguém com quem conviveu de maneira mais intensa anos atrás, mas que depois sumiu… quem seria? Que tal ligar para essas pessoas esta semana e reconectar?

Tenho certeza de que vai ter conversas muito interessantes, descobrir muitas coisas novas e se reenergizar, pois um dos grandes fatores que define a felicidade do ser humano é quantidade e qualidade dos seus relacionamentos.

Como um bom jardim, precisamos cuidar das plantas. Não dá para ficar muito tempo sem regá-las.

Qual amizade antiga você pode reacender esta semana? Ligue, escreva para ele/ela e depois me conte como foi.

Grande abraço, boa semana,
Raul
Diretor

P.S. 1: Embora eu tenha focado mais nos relacionamentos pessoais, lembre que exatamente a mesma lógica pode ser aplicada a clientes, ex-clientes e prospects.

P.S. 2: Com os amigos junto é sempre melhor 😊

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