Serviços pela internet

A internet pode ser uma excelente ferramenta de marketing para a sua empresa. Desde que seja utilizada de forma correta e honesta. Tecnologia e marketing geram um casamento perfeito. Porém, assim como na vida real, se não houver muita sinergia, respeito, transparência e honestidade, os ruídos virão e a separação serão eminentes com perdas já conhecidas. No caso em questão me refiro à venda pela internet, em especial, serviços de hotelaria.

O processo de venda de produtos por esse meio caminha em ritmo acelerado para o amadurecimento, onde a certeza de comprar e receber já inspira confiança que certamente consolida os laços para novas aquisições. Mesmo nos serviços, onde se destacam os bancos, a seriedade tem sido uma constante, apesar de todas as ameaças dos hakers de a qualquer momento surrupiarem nosso dinheirinho. Nesse mesmo campo, as companhias aéreas mostram muito mais acertos que erros nas consultas e reservas pela net, já se destacando pelo excelência no servir.

O que tem deixado a desejar são os hotéis, pois são incontáveis os casos de problemas nesse sentido. A história a seguir aconteceu comigo e serve como referência. Melhor seria ter dado o título a esse artigo de “não viaje tendo como referência a internet”. Mas, como sou otimista, ainda acredito que o empresário desse setor amadurecerá e dará o devido valor a essa extraordinária ferramenta de venda e relacionamento.

Capítulo 1
A predisposição de viajar de Belo Horizonte para Chapada Diamantina, na região centro-sul da Bahia.

Capítulo 2
Na fase de planejamento, tentem conseguir na internet um mapa para melhor localização. Além de poucos, os encontrados são confusos e a grande maioria é por assinatura paga.

A segunda parte dessa etapa é conferir as condições das estradas (eu disse estradas, depois de todas as crateras por onde passei?), um verdadeiro caos. Telefone de DNIT, Polícia Rodoviária Federal, ser atendido é o mesmo que ganhar na loteria.

Capítulo 3
Achar opções da região e das cidades de Lençóis e Mucugê, locais onde me hospedaria não tive problemas. É farta disponibilidade de hotéis e pousadas, mesmo considerando que a maior parte desses estabelecimentos não disponibiliza e-mails para contatos e poucos, muito poucos têm site próprio.

Capítulo 4
Localizei uma página onde estão concentrados vários hotéis e enviei para 22 a seguinte mensagem: “Qual valor e condições de hospedagem no período de 28/12 a 03/01 para casal?”. Cinco, somente cinco, se dignaram responder. Importante ressaltar que apesar do período ser de alta estação, a cidade estava muito vazia e a ocupação dos hotéis não chegava a 50%, devido à fuga de turistas pelas condições precárias das estradas.

Aí começa o inferno astral para quem quer reservar pela internet. Fotos realmente retransmitem a realidade? Foram preparadas para dar a sensação de que o local é bom? São recentes? Para melhor nos certificar ligamos para a escolhida e conversamos como o proprietário (o sotaque italiano nos transmitiu seriedade) e obtivemos a garantia de qualidade da pousada. Ato imediato foi o depósito de metade do valor.

Capítulo 5
Para encurtar conversa, após quase 1.400 Km de buracos, melhor seria considerar como rali, vários alertas no interior da Bahia para que não viajássemos à noite devido aos assaltos, chegamos no final da tarde à pousada em questão e o que vimos era inacreditável. No quarto não havia lugar sequer para colocar nossas malas, a piscina era um tanquinho cuja foto foi tirada de forma ardilosa para dar a impressão de ser ampla, no estacionamento descoberto pastavam animais para “aparar a grama”, além da localização não ser das melhores. O gentil italiano, ao perceber nosso desapontamento, começou a nos tratar de forma pouco educada (descobrimos com o guia contratado que ninguém indicava essa pousada pela forma descortês dele tratar todos) .

Capitulo 6
O que fazer? Sou convicto que as leis no Brasil são ótimas, especialmente o Código de Defesa do Consumidor, o que atrapalha é a cultura de não observá-las e a falta de assistência das instituições responsáveis pelo cumprimento. Consultamos o Procon a respeito desse caso e tivemos o seguinte retorno:

?O Código de Defesa do Consumidor pode ser aplicado ao provimento de acesso à Internet e às contratações de produtos e/ou serviços intermediadas pela rede mundial??

?Sim! As relações de consumo no âmbito da internet, bem como o provimento de acesso à rede mundial de computadores devem obedecer às normas do Código de Defesa do Consumidor.?

Atenção: embora o consumidor brasileiro possa se valer da proteção do código, deve adotar cautelas que podem evitar incômodos e transtornos após a contratação do produto ou serviço.

  • Que cuidados devem ser observados antes da contração de produto ou serviço pela Internet?
  • Busque referências sobre o site onde pretende contratar. A escolha criteriosa do fornecedor não despende tempo e pode ser decisivo para garantir que suas expectativas sejam atendidas e que a solução de eventuais conflitos ocorra de forma cômoda, prática e rápida.
  • Anote dados que permitam identificar e localizar a sede do fornecedor (como CNPJ, endereço físico). Caso seja necessário formalizar reclamação junto ao órgão de defesa do consumidor ou recorrer ao judiciário você precisará fornecê-los.
  • Em caso de dúvidas, utilize os telefones e endereços eletrônicos para obter esclarecimentos adicionais sobre o produto ou serviço que pretende contratar.
  • Ao confirmar a contratação, não deixe de imprimir ou guardar, se possível, sob a forma eletrônica todos os documentos que atestam a relação, como número da compra, confirmação do pedido, comprovante de pagamento, contrato ou anúncios.

Posso me arrepender de compras pela Internet? Posso cancelar a compra e devolver o produto?

Sim, nas compras realizadas à distância ou fora do estabelecimento comercial, como, por exemplo, por telefone, por catálogo, pela internet ou, ainda, em domicílio, o Código assegura o direito de arrependimento do consumidor. Nesse caso, a contratação pode ser cancelada até sete dias após o recebimento do produto ou início da prestação do serviço, sem ônus ao contratante. O produto deve ser devolvido e o consumidor restituído de valores pagos.

Agora, tente colocar em prática a legislação numa cidade a 1.400 Km da sua, com um sujeito grosseiro e que além ter embolsado metade das diárias ainda quer receber o restante. Você faria o quê? Brigaria, chamaria polícia ou perderia o sinal e procuraria outra pousada para melhor curtir os poucos dias que restavam? Optamos pela segunda.

Conclusões

  • Enquanto recurso tecnológico, a internet mostra excelentes resultados práticos e comprovados. Porém, as pessoas que administram precisam ter conhecimento e responsabilidade para torná-la confiável.
  • Como instrumento de marketing é o que temos de melhor. Porém, ainda é local onde se vende “gato por lebre” com grande facilidade.
  • No caso de hotéis, tenho percebido diárias defasadas, fotos montadas, ausência de informações, e-mails que não são respondidos, além de serem raros os retornos de pós-venda.

Os sites de indicação deveriam ter espaço para comentários dos hóspedes, assim como fazem os de leilões, revistas de turismo e algumas lojas de automóveis.

A referência ainda é uma das melhores formas de avaliação, consulte pessoas que já foram e utilizaram os serviços. Nossos melhores roteiros e locais foram descobertos em conversas com outros turistas, chats são ótimos para isso.

Fora os contratempos, Chapada Diamantina é o paraíso, vale a pena conferir.

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