Todo mundo vende

Vender é uma condição humana. Faz parte da nossa natureza, pois sempre estamos nos relacionando com os outros e deles tentando obter determinada aceitação. É comum ouvir de colaboradores de diversos departamentos o seguinte: ?Eu não sei vender. Se dependesse de vendas, eu morreria de fome?. E, ainda, nos casos em que a afirmação vem do próprio vendedor: ?Tem certos produtos e serviços que eu não levo jeito para vender?. Queixas e desistências desestimulam alguns profissionais de vendas, levando-os a buscar um novo emprego. E assim, vê-se gente pulando de galho em galho, aumentando sua frustração ao se deparar com o sucesso alheio e com sua impotência diante das mesmas oportunidades.

Concluir não saber vender é um erro de interpretação. Todo mundo vende. A vida dá sinais claros sobre isso. Em nossas relações sociais sempre vendemos idéias, buscando incansavelmente o convencimento e aceitação. Talvez não nos demos conta desse fenômeno, em virtude do hábito comum no qual se transformou. Ou seja, sempre praticamos os conceitos fundamentais de vendas na vida particular. Para alguns profissionais, esse fato estende-se a sua rotina de trabalho. Todavia, esses valiosos conceitos, em outros casos, são utilizados de maneira parcial ou são desconsiderados.

Ao observarmos o roteiro de venda de um produto, por exemplo, sabemos a importância de sua apresentação: a embalagem. Logo, por meio do planejamento, é preciso encontrar o melhor lugar para apresentá-lo. Talvez exista a chance de dispô-lo adequadamente para a sua exibição, através do merchandising: condições de iluminação, posição geográfica no ponto-de-venda.

O interesse despertado no consumidor leva-o a entender a respeito, ocasionando o momento das argumentações. Informações técnicas, de funcionamento, de resultados, de preço e prazo e de entrega, demandam uma negociação. Logo, as oportunidades de fechar uma venda podem ocorrer. Do contrário, deve-se rever, desde o início do roteiro, o que deve ser alterado para aperfeiçoar o método e ampliar as chances de sucesso na próxima tentativa.

Não obstante, assim procedemos no cotidiano particular, semelhante a um jovem que se prepara para sair no sábado: toma banho e veste uma roupa que julga interessante (embalagem). Pensa estrategicamente em qual lugar (mercado) terá maior êxito na sua tentativa de conquista. Em seguida, avalia em que ponto se apresentará para ser notado, levando em consideração a luminosidade do local (merchandising) e a sua postura. Alguma garota pode indicar que se interessou (sinal de venda), levando-os a se aproximarem. Inicia-se, então, a conversa (negociação) que contará com a boa apresentação das qualidades que cada um possui (argumentação), na tentativa de impressionar. Dessa forma, abre-se a possibilidade de realizar a conquista pretendida (fechamento da venda). Caso isso não ocorra, é preciso rever o plano e alterá-lo para melhor a performance.

Mais exemplo da nossa capacidade de venda, acontece no cenário familiar. Se uma esposa ou um marido quer algo de que depende diretamente do outro, muda temporariamente a sua maneira de ser, tornando-se mais ameno e terno, a fim de obter o que deseja. Em outra análise, a criança que sempre dá trabalho a seus pais e não se preocupa com tal fato, no momento em que deseja algo muito atraente, transforma-se em um grande vendedor, portando-se de forma angelical ao usar suas artimanhas cativantes em troca do que pretende obter. Desenvolvemos esse artifício desde a infância. O hábito de vender idéias faz parte do nosso convívio.

A experiência pessoal nos oferece várias experiências diárias sobre a atuação de vendas. Portanto, é evidente que somos capazes de empreender negociações e, especialmente, fechar vendas. A questão centra-se no fato de as pessoas não transportarem a sua habilidade bem desenvolvida nesse campo para a vida profissional. Preferem acreditar na sua incapacidade e desistir de obter êxito nos negócios proporcionados pelo fascinante mundo das vendas. Contudo, as possibilidades estão sempre presentes. É claro que as pessoas são diferentes, inclusive pelo seu temperamento: introvertido (mais reservadas e de menor exposição) ou extrovertido (maior comunicação e exposição social). No entanto, todos fazem uso dos seus recursos de venda de forma estratégica, quando precisam de algo. Todos desenvolvem, por questões de sobrevivência, o seu potencial de venda.

Todo mundo vende. É uma condição humana. Ser vendedor faz parte da nossa natureza, que sempre se relaciona com os outros e deles tenta obter uma determinada aceitação. Os colaboradores podem rever sua posição quanto às vendas, ressaltando a importância de se vender bem a imagem de si e da organização para a qual trabalha, além dos produtos ou serviços disponíveis.

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