Um giro pelo Velho Mundo em busca de ideias e soluções para construir o amanhã

indy johar

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No fim de 2018, a equipe editorial da VendaMais fez um tour pela Europa com o objetivo de cobrir eventos ligados a gestão, inovação e marketing e preparar uma reportagem especial para apresentar para você as principais tendências e as grandes reflexões do momento sobre estes temas.

Nossa primeira parada foi na charmosa Hamburgo, segunda maior cidade da Alemanha. Lá, acontece anualmente a NEXT Conference, evento que reúne especialistas do mundo todo para debater as tendências da tecnologia e do mercado digital e seus impactos em nossas vidas e negócios.

Cada edição da NEXT é centrada em um tema diferente, e o de 2018 foi “Como consertar o digital”.

Fake news, monopólios de gigantes da tecnologia, algoritmos ditando nossas vidas, ausência de privacidade, doenças mentais e físicas, sedentarismo e vícios desencadeados pelo mundo conectado permearam as discussões sobre a necessidade de evoluirmos nossa relação com o digital.

O Vale do Silício está sendo questionado

A cultura e o mindset do Vale do Silício tornaram-se um modelo a ser seguido por empreendedores, profissionais e empresas do mundo todo. Há uma aura quase mística em torno das startups que surgem na baía de São Francisco.

De fato, boa parte das grandes inovações da história recente da humanidade nasceram lá, assim como muitas das gigantes da tecnologia que giram cifras astronômicas. Só que ao mesmo tempo em que o Vale cria riqueza, também é responsável direto pelos problemas que elencamos acima, além de ser o grande culpado pela Califórnia estar se tornando um dos estados mais desiguais dos Estados Unidos – o que é uma ironia, já que se o estado fosse um país, seria a quinta maior economia do mundo.

Se nem no quintal de onde o amanhã está sendo construído consegue-se entregar o sonho um dia imaginado, como fica o resto do mundo?

A verdade é que o futuro libertário que um dia sonhamos que a tecnologia proporcionaria nunca chegou. Pelo contrário. Somos reféns. E isso foi exaustivamente debatido pelos palestrantes da NEXT Conference.

Indy Johar, arquiteto britânico engajado em causas ligadas a redesenhar o futuro, destacou que precisamos ir além de compartilhar responsabilidades. “Tudo o que estamos falando hoje é sobre dividir a sujeira, mas precisamos de conversas melhores. Precisamos falar sobre o futuro e reimaginar como ele pode ser”, sugere.

A Carta de Copenhague, que publicamos no Até Mais (p. 50 ou clique aqui), é um bom ponto de partida para entender o contexto de muitas das demandas debatidas na NEXT. Não deixe de ler.

Tudo muda?

Um dos destaques da NEXT foi a palestra de David Mattin, diretor global de trends & insights do TrendWatching, referência mundial em análise de tendências.

Em meio a cenários cada vez mais complexos, que dificultam a tarefa de as empresas compreenderem as mudanças e se posicionarem, Mattin lembrou algo importante para explicar como devemos direcionar o olhar para compreender e explorar tendências. “Vivemos em um mundo novo, mas somos os mesmos seres humanos, com as mesmas necessidades”, destacou.

Ou seja, ainda que os meios e formas sejam diferentes dependendo do contexto, toda tendência nasce ancorada em atender necessidades básicas do ser humano. “Novas tendências surgem quando o cenário de mudança cria novas formas de servir a velhas necessidades”, explicou.

O desafio, então, é compreender quais são os sinais de hoje que moldarão o comportamento de amanhã. Para isso, Mattin deu uma dica: “Sempre perseguimos conexão social, status e crença. São três itens fundamentais para dar significado a nossas vidas”, disse. Portanto, toda tendência está, de algum modo, ligada a atender esses aspectos.

REFLEXÃO

Como é possível suprir as demandas do momento e promover conexão social, status e crenças a atuais clientes em mercados já consolidados e/ou em mares ainda não navegados?

david

Um diferencial importante

O estudo The Future of jobs, publicado pelo Fórum Econômico Mundial em 2016, aponta que mais de 7 milhões de empregos serão perdidos em razão da transformação digital até 2020. Destes, ⅔ estão concentrados em funções de escritório e administrativas. Por outro lado, novas vagas surgirão para atender demandas cada vez mais específicas.

O fato é que as habilidades que o mercado exige não são mais tão rígidas. À medida que a transformação digital se desenrola o cenário muda. Enquanto novas habilidades se fazem necessárias, outras tornam-se irrelevantes. Um bom exemplo disso é o número crescente de empresas que sequer estão exigindo diplomas. A tendência que se desenha nesse contexto é que habilidades serão cada vez mais importantes do que títulos.

Segundo Pip Jamieson, fundadora da The Dots, uma rede social que surgiu inspirada no LinkedIn, mas voltada aos criativos de diferentes áreas, com o avanço da automação, a criatividade passa a ser a arma secreta de quem quer se destacar. “Logo as máquinas vão dirigir, atender clientes, programar, limpar, fazer a contabilidade e o trabalho legal. Em que os humanos continuarão sendo diferentes? No que exige criatividade. Se queremos que nossos filhos e netos tenham empregos, precisamos apoiar os fazedores, consertadores e sonhadores que trazem ideias criativas à vida”, declara.

Jamieson, que aposta que o caos de informação que vivemos vai contribuir para fortalecer duas posições – especialistas em dados e curadores de conteúdo –, acredita que os criativos estarão “seguros com relação aos robôs”. Isso, é claro, se souberem acompanhar as mudanças. “Para fazer isso, abrace sua criatividade e baseie sua carreira em perguntas, não em respostas. Se, por exemplo, um dia o ato de programar se tornar uma tarefa automatizada, ainda precisaremos dizer ao robô o que ele deve programar. O aprendizado contínuo é a moeda do futuro. Portanto, pare de pensar em seu cargo. Foque em desenvolver habilidades”, recomenda.

E a educação?

Como preparar cidadãos e profissionais para o futuro, se o sistema educacional permanece o mesmo?

Tal questionamento permeia o surgimento de novas iniciativas no modelo educacional mundo afora. Um exemplo é a Our Dream School, uma escola de Barcelona que tem a missão de fazer o aprendizado voltar a ser divertido, e que, para isso, apresenta um novo ecossistema de ensino.pip

O modelo parte do princípio de que toda pessoa está buscando seu propósito. Isso está relacionado ao que os japoneses chamam de Ikigai (termo que pode ser traduzido como “a razão de ser”), que consiste na convergência entre:

  • O que você ama fazer (sua paixão).
  • O que o mundo precisa (sua missão).
  • No que você é bom (sua habilidade ou vocação).
  • Pelo que você é bem remunerado (dinheiro – sua profissão).

grafic ikigaiNa grade de ensino da “nossa escola dos sonhos”, o currículo tradicional dá lugar a aulas sobre colaboração, cidadania, autoconsciência, comunicação, gestão de vida, liderança e empreendedorismo. Além disso, cada estudante é responsável por cocriar um plano pessoal de acordo com suas necessidades e desejos. “Estamos todos presos com modelos e diplomas, mas o mundo atual exige que construamos todo dia”, disse Christopher Pommerening, fundador da escola, em sua palestra na NEXT.

REFLEXÃO

Como sua empresa pode ajudar as pessoas a encontrarem o propósito delas dentro desse mundo novo?

Tendências para 2019

Alguns dias depois do fim da NEXT, seguimos para Londres, para cobrir um seminário do TrendWatching sobre as principais tendências de 2019. Foi um dia intenso e que nos permitiu entender como as tendências estão se transformando em novos produtos, serviços e negócios em todas as partes do mundo.

O evento começou com uma palestra de David Mattin, o mesmo palestrante que havíamos visto em Hamburgo. Ele apresentou as principais tendências que o TrendWatching enxerga para 2019. Acompanhe algumas delas.

1) A busca incessante pelo autoaperfeiçoamento e o mindset “teste e aperfeiçoe”

O desejo do autoaperfeiçoamento sempre acompanhou o ser humano. E hoje, a tecnologia oferece muitas possibilidades para colocar isso em prática, já que por meio dela é possível testar modelos e aprimorá-los com base na nossa própria experiência.

Por meio do app Timeshifter, por exemplo, o usuário pode contar um pouco do seu estilo de vida e, assim, receber conselhos personalizados sobre como lidar com o jet lag.kolibri

Já o refrigerante Kolibri deixa por conta do consumidor a decisão de quão doce sua bebida deve ficar. Para isso, disponibiliza na tampa uma quantidade de açúcar. Cabe ao consumidor experimentar o drink natural e decidir se quer ou não acrescentar uma dose extra de açúcar.

Além disso, os próprios smartphones já estão dizendo aos usuários quanto tempo eles têm passado em apps específicos, com o objetivo de ajudá-los a testar e aprimorar o uso dessas ferramentas.

REFLEXÃO

Enquanto estes exemplos são bastante específicos, a reflexão que fica é: de que forma você pode ajudar seus clientes a se autoaperfeiçoarem? O que pode ensinar a eles? Como pode ser relevante na vida das pessoas além de como já é hoje?

O caminho passa por criar soluções que ajudem as pessoas a se tornarem melhores. Assim, toda iniciativa ligada à educação se encaixa bem na tendência. O que você pode ensinar a seus clientes que seja relevante à vida ou ao trabalho deles? De que forma? Em que plataforma?

2) O ponto mágico da venda

Essa tendência é amparada pelo fato de que atualmente os clientes demandam experiências de compra imersivas e convincentes. No varejo, Mattin apresentou muitos exemplos baseados em inteligência artificial, realidade aumentada e virtual, mas a tecnologia é apenas um meio, não uma regra.

A base para aplicar essa tendência é entender que é preciso fazer algo novo e diferente para encantar os clientes. Para isso, o conceito de concierge – que apresentamos na seção On-line desta edição (pgs. 12 e 13) – é um ponto de partida. “Se você não tem um ponto físico ou tecnologia, muito vai se resumir ao atendimento e ao que você entrega. Uma empresa de serviços que tem grande concorrência precisa fazer mais do que o óbvio. Atuar como concierge significa mimar o cliente, entregar a ele mais do que ele comprou. Lidar com tendências não precisa ser complexo, disruptivo, altamente inovador ou distante de sua realidade. Adapte-se para atender a mudança de mindset”, aponta.

3) Soluções contextuais

Acacia Leroy, diretora de trends & insights no mercado asiático do TrendWatching, falou muito sobre as lojas pop-up (que funcionam por um tempo limitado, com o objetivo de atender a uma demanda pontual, testar novos formatos ou promover ações de marketing). Segundo ela, não é preciso obrigatoriamente atuar no varejo para aplicar essa ideia, já que o que importa é o conceito – e ele pode ser replicado em qualquer mercado.

REFLEXÃO

Como sua empresa pode atender demandas e necessidades pontuais, que fogem do seu leque de produto/serviços? Como é possível oferecer uma solução contextual? A capacidade de se adaptar rapidamente a novos cenários será cada vez mais necessária. “Em quais novos canais e contextos de consumo você pode ampliar sua presença?”, provoca Leroy.

Como inovar continuamente

Conhecer e entender essas tendências é o primeiro passo para se preparar para se adaptar a elas e evoluir. Porém, “apenas” estudar para entender as mudanças que estão criando o futuro não basta. É preciso usar isso como base para ouvir o seu cliente, levar a sério o que ele diz, debater internamente novas formas de resolver os problemas deles e fazer disso uma rotina!

Na VendaMais, por exemplo, muitas das reportagens de capa são baseadas em pesquisas feitas com assinantes. Cada vez que perguntamos aos leitores sobre os temas que abordamos na revista, aprendemos mais sobre eles, compreendemos melhor suas dificuldades, entendemos os desafios e mapeamos as boas ideias que contribuem para que vendam mais. Esses dados são úteis não apenas para direcionar o que escrevemos, mas para nos ajudar a inovar continuamente e a continuar ajudando o Brasil a vender mais e melhor.

acacia

Quando bem amparada por uma boa estratégia de marketing de conteúdo, toda empresa pode desenvolver um relacionamento com seus clientes como o de uma revista com seus leitores.

Em sua palestra, Leroy sugeriu transmissões ao vivo como um caminho para isso. A ideia é fazer as pessoas passarem mais tempo com a sua marca, pois este laço que vai se fortalecendo ajuda a gerar novos negócios.

Lembra quando falamos sobre toda tendência estar atrelada à conexão social (além de status e crença)? As transmissões ao vivo são um exemplo concreto sobre como isso se aplica na prática. O mercado de influenciadores digitais está crescendo porque as pessoas gostam de acompanhar cenas cotidianas, sejam elas de amigos ou de personalidades.

Como marcas e profissionais, o desafio é encontrar formas de compartilhar histórias do seu dia a dia e sobre temas que importam para o seu cliente e mercado – seja através de transmissões ao vivo, artigos em um blog ou até mesmo uma revista impressa. Se, por exemplo, muitas companhias aéreas têm uma revista, por que sua empresa não poderia ter? Inspire-se em outros mercados para inovar!

Se o futuro vai exigir marcas autênticas, humanas e que defendem seus valores, ter um canal direto para conversar com os clientes é um passo importante para construir essa ponte para o futuro.

E agora?

Nosso objetivo com esta reportagem foi trazer uma visão prática e reflexiva a respeito de alguns dos grandes movimentos que estão acontecendo e que vão impactar nossas vidas pessoais e profissionais – agora ou nos próximos anos.

Vivemos em um mundo complexo, que exige que mantenhamos nossos radares em alerta permanentemente. Ainda que questionamentos sobre movimentos consagrados do capitalismo estejam sendo feitos, a essência do ser humano continuará sendo a base para toda e qualquer grande transformação.

As ideias que apresentamos sobre a importância da criatividade e da educação contínua deixam claro quais são as ferramentas essenciais para o futuro. Aliás, a busca incessante do ser humano pelo autoaperfeiçoamento está gerando oportunidades de negócios aos que estão atentos.

As dicas sobre como se inspirar em outros mercados para oferecer experiências mágicas no ponto de venda mostram que olhar para o que é diferente e, talvez, estranho ao seu mercado, pode ser um caminho oportuno para inovar.

Além disso, demos um exemplo muito simples e efetivo sobre como usar dados para entender melhor o cliente e inovar continuamente e apresentamos o caminho para criar conexões fortes com o cliente.

Perceba que fizemos uma grande matéria sobre tendências e praticamente não falamos sobre tecnologia, inteligência artificial e demais temas que geralmente são dominantes quando se fala sobre o futuro. Isso porque no fim das contas, somos todos seres humanos, com as mesmas necessidades básicas de sempre. A tecnologia impacta e transforma, é claro, mas como disse David Mattin, toda grande mudança e tendência está ancorada nos três pilares inerentes ao ser humano (conexão social, status e crença). Enquanto você se lembrar disso, estará construindo o amanhã.

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