Valores e propósitos – Afinal, por que sua empresa está aqui?

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Traduzido por Brasílio Andrade Neto*

Fundei a Round Table Companies com o objetivo de ajudar empresas a contarem suas histórias por meio do storytelling. No entanto, logo entendi que havia um grande problema: muitos dos meus prospects não tinham ideia do que seus negócios representam, de quais são seus valores. E se nem a empresa conhece seu valor e seu propósito, como pode passá-los para o cliente?

Deixe-me contar uma história que ilustra bem um cenário comum. Recentemente, trabalhei com uma empresa de tecnologia. Eram 16 líderes que me apresentaram uma grande lista de valores, vinda de uma votação entre seus mil funcionários. Era algo que chamo tecnicamente de lixo. Palavras e expressões que ficam muito bem emolduradas na parede, mas que não unem ou incentivam ninguém em volta delas.

Peguei os 16 diretores e propus um desafio: que eles escrevessem o que os motiva, qual a força que os faz seguir em frente, e reduzissem o sentimento a uma palavra. A ideia era que esquecessem a empresa um pouco, ali falaríamos das pessoas por trás dos profissionais. Eliminei de cara sete palavras, por serem sinônimos. Entreguei as nove restantes para os participantes e pedi que se esforçassem, por dez minutos, para encurtar a lista para cinco. Terminamos com:

  • Perseverança.
  • Sonhar.
  • Percepção.
  • Pessoas.
  • Autenticidade.

A partir daí, passamos para a história por trás de cada palavra.

Aquele que escolheu “perseverança”, contou que sobreviveu a um câncer quando criança, e por isso sentiu que perdeu o direito de desistir. Quem disse “pessoas”, explicou que passou um tempo servindo nas Forças Armadas, o que lhe deu um senso de responsabilidade para com todos a sua volta. E assim por diante.

Dessa forma, todos contribuíram com suas histórias, e acabamos com definições verdadeiras de cada palavra. Não gastei tempo discutindo o sentido de cada termo, fiz eles arrancarem da alma o que aquelas palavras significavam para cada um, e, assim, os valores daquele grupo foram sendo costurados. Daí para descobrir os valores da empresa foi fácil.

Você também tem a obrigação de tirar “da alma” os valores da sua organização. Eles definem o ritmo da empresa, demonstram o que importa para você e atraem clientes, colaboradores e investidores. Uma vez que você entende os valores que movem as pessoas envolvidas no seu negócio, você consegue dar o passo seguinte e se perguntar: “O que nossa empresa nasceu para fazer?”. Quer saber como descobrir os valores que podem iluminar seu caminho até o propósito? Siga a leitura deste artigo. A seguir, sugiro um roteiro que pode ajudá-lo nessa missão.

Conheça o trabalho da Round Table Companies acessando roundtablecompanies.com.

Storytelling já foi tema de reportagem da VendaMais. Na edição de março/abril de 2017, revelamos o caminho que você precisa percorrer para aprender a contar “histórias que vendem”. Para ler, acesse bit.ly/historiasquevendem.

Primeiro passo: Encontro

Reúna as pessoas mais influentes do seu time (não são as pessoas que você naturalmente mais gosta, mas aqueles que fazem a diferença, os líderes naturais) e dedique um dia a descobrir seus valores. Em um local neutro e longe da empresa, onde possam relaxar e falar sem medo, sigam estes passos:

  • Comece o dia com alguma atividade que una o grupo. Pode ser um jogo, uma brincadeira de salão – como aquela em que se cola uma etiqueta na testa e tenta-se adivinhar o que está lá, ou aquele em que cada um escreve cinco palavras de uma história e passa para o outro escrever mais cinco, entre outras. Depois que todos estiverem confortáveis entre si, é hora de concentrar-se no serviço.
  • Vale fazer meditação, respirar, rezar. Peça que todos pensem na resposta à pergunta “por que estou nesse mundo?”. De preferência, façam esse exercício de olhos fechados, para que o contato visual não deixe ninguém tímido ou ressabiado. Diga que é muito importante ser honesto, não importa se a resposta pareça arrogante, nem nada.
  • Dê três minutos para cada um escrever sua resposta. De novo, se for possível que o façam em um ambiente onde um não olhe o outro, melhor.
  • Depois, dê mais um minuto para cada um pensar e escrever cinco adjetivos que representem sua resposta.
  • A seguir, mais 30 segundos para escolher os dois adjetivos mais importantes, aqueles sem os quais a pessoa não pode viver. Os outros três devem ser eliminados.
  • Peça para cada um escolher apenas um dos dois adjetivos, e dizê-lo em voz alta. Anote cada um deles em um quadro ou flip-chart. Não deixe ninguém de fora.
  • Então, tente reduzir a lista para cinco palavras. Corte sinônimos e palavras repetidas, peça que o grupo decida quais as mais significativas. Sim, dos 435 mil verbetes que constam no Aurélio Online, você só vai precisar de cinco!
  • Uma vez que tenha as cinco, peça ao grupo para escolher a que consideram mais importante.
  • Peça que as pessoas que escolheram aquela palavra (e seus sinônimos descartados) contem o motivo por tê-lo feito.
  • Preste atenção na linguagem corporal. Pergunte o motivo de a pessoa ter ficado entusiasmada (ou, ao contrário, receosa), extraia o máximo de cada história.
  • Anote as palavras mais fortes de cada história sobre cada palavra.
  • Utilizando o que anotou, tente criar uma definição do grupo para cada uma das cinco palavras originais.
  • Escolha seus princípios – duas das cinco palavras serão seus princípios-guia.
  • Mude a pergunta – Agora, é “por que nós estamos aqui?”. O objetivo é entender qual é o significado daquele grupo, qual é o significado da sua empresa.
  • Pense como seu cliente. Que desconforto, que dor o seu cliente sente e somente a sua empresa pode resolver? E qual é o inverso daquela dor? O que lhe daria prazer, satisfação?
  • Defina esses atributos únicos da sua empresa da forma mais objetiva possível.

Apliquei esse exercício aqui na Round Table, e foi isso que conseguimos:

  • Princípios-guia: amor e brilhantismo.
  • A dor que solucionamos: não ser visto pelo mundo, sentir-se ignorado.
  • O outro lado da dor: visibilidade.
  • Nossos pontos-forte: contar histórias, provocar transformação, ser fonte de expressão artística.

Segundo passo: O propósito

Se você fez tudo certo, agora tem um propósito para sua empresa que pode servir para inspirar a todos. Basta preencher as lacunas:

“Através dos princípios de ………….. e ………….., nós usamos nossos pontos fortes, ……………. e …………… para tirar nossos clientes da……………. e dar a eles……………………….”

Agora vem a grande questão: como garantir que isso não fique apenas na parede?

Terceiro passo: Colocar seus valores em ação

Consistência é tudo. Para evitar que seu propósito se torne apenas mais uma frase na parede, você precisará seguir um rigoroso plano que consiste em:

1) Liderar pelo exemplo.

Se você deixa os valores da sua empresa de lado sempre que acha conveniente, pode esperar que sua equipe logo fará o mesmo. Quanto mais você se manter fiel a seus valores, mais seus funcionários estarão dispostos a segui-lo. Portanto, a cada decisão, pergunte-se se ela fere algum dos valores e princípios definidos. Isso é ainda mais importante em decisões difíceis – sacrificar a qualidade para ganhar um contrato vale a pena?

2) Celebrar as tentativas.

Você quer criar uma cultura em que as pessoas assumam riscos para manter seu propósito, certo? Então, precisa começar a celebrar não apenas as vitórias, mas também as tentativas. Afinal, se você só celebrar as vitórias, pode criar uma equipe com medo de tentar fazer coisas novas. E, até que todos se acostumem a aplicar os princípios no cotidiano, é normal que as coisas não deem certo.

3) Dividir suas histórias.

Durante reuniões, peça para os participantes relatarem suas histórias de uso dos princípios da empresa. Novamente, lidere pelo exemplo. Conte sobre seus sucessos e sobre tentativas que não deram certo, mas que mostraram que você se manteve fiel ao que a empresa representa. Peça que outros façam o mesmo, até que todos tenham consciência da importância dos princípios e de fazer com que eles aconteçam na prática.

4) Usar seus embaixadores.

Aquelas pessoas que participaram da reunião para escolher as palavras são as embaixadoras natas dos princípios da sua empresa. Elas sabem de cor e salteado o que cada termo na sua declaração de princípios significa, e muito provavelmente estão empolgadas para transmitir esse conhecimento – afinal, depois de tanto esforço, aquela frase é como um filhotinho coletivo. Permita que façam isso. Faça com que os embaixadores da visão sejam os responsáveis por treinar as outras pessoas da empresa. Para isso, separe um tempo para que possam aplicar pequenas sessões de coaching individuais para profissionais que não entenderam algum detalhe. Use a energia de sua equipe de várias maneiras.

Quarto passo: evolua

Permita que seu propósito continue a evoluir. Essa é uma consequência lógica do crescimento de sua organização e dos desafios que ela enfrenta a cada dia. E, enquanto o seu propósito pode permanecer relativamente intocado, a articulação, o modo como ele é aplicado no dia a dia, vai se tornar mais profundo.

Não esqueça que uma pessoa jurídica também é, de certa forma, um organismo vivo, que respira e que passa por várias mudanças. Não deixe passar algum valor adicional que tenha surgido em sua organização só porque você acha que já definiu seu propósito e, portanto, pode pensar em outras coisas. Ele é a maneira como a empresa interage com o mundo a sua volta. É algo a sempre ser pensado.

Esta reportagem foi publicada originalmente no blog da Comunidade Small Giants (blog.smallgiants.org), em inglês. A tradução, feita por Brasílio Andrade Neto, foi autorizada.

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