Varejar é preciso

A unidade familiar, em volume, compõe a menor parcela de consumo. Mas em poder representativo ela ganha cada vez maior importância, porque somos cidadãos com direitos e deveres inalienáveis. Apesar de sermos brasileiros, não moramos no Brasil, mas em determinado município, numa região ou bairro. Mais especificamente, residimos na rua onde escolhemos ou fomos impingidos a isso, devido a determinadas circunstâncias. Em volume, compomos a menor parcela de consumo: A unidade familiar. Mas em poder representativo ganhamos cada vez maior importância, porque somos cidadãos com direitos e deveres inalienáveis.

Qual a importância dessa discussão se moramos aqui ou ali? Se no país, no estado, na cidade ou no município? Moramos onde moramos, deve estar pensado o leitor, porque trata-se de uma questão óbvia. Claro, todos nós sabemos onde fixamos residência, é mais uma obviedade ululante. Entretanto, governos, políticos, instituições públicas, empresas e profissionais de marketing são campeões em nos generalizar como massa. Nos tratam sempre no atacado.

O máximo que fazem é uma contagem geral feito bois, uma classificação econômica baseada em letras do alfabeto, acrescentando ainda uma tal de faixa etária, nível educacional. Não somos seres pensantes, mas números demográficos e econométricos de uma macro região. Ninguém procura nos ouvir, sentir o nosso coração pulsar. Apenas um órgão central que periodicamente bate em nossa porta com um formulário, conta, confere, reclassifica e anota quantos eletrodomésticos conseguimos comprar depois da última contagem. Somos um todo, não uma parte inteligente e pensante.

Contaminada pela globalização, a Coca-Cola mundial adotou o raciocínio estratégico pense global e aja local. Levou um baile dos fabricantes de tubaína, mestres em driblar tributos, perdeu participação de mercado e dinheiro no mundo inteiro. Cabeças rolaram. Presidente, executivos e consultores. Concluíram afinal que o pensamento global não se encaixava com o comportamento do consumidor local.

Reposicionaram tudo e começaram a adotar o pense local e aja local (think localy, act localy). O óbvio fez com que o lucro voltasse aos cofres da empresa novamente.

Os exemplos nos fazem refletir. Aposentado, o senhor Valério Weber resolveu prestar serviços gratuitos à comunidade. Especializou-se em levantar reclamações da população e encaminhá-las aos órgãos públicos para solução. Em três anos registrou cerca de quatrocentos protocolos nas mais variadas repartições. Na esfera federal, quando não cai no esquecimento, o atendimento é de tirar a paciência de qualquer um. No estado, a solução é apenas um pouco menos lenta. A prefeitura resolve os casos com relativa rapidez. E a regional do bairro surpreende decidindo as coisas entre uma a duas semanas. Quanto mais perto do fato gerador, melhor e mais rápido. Elementar, diria aquele personagem inglês.

Descobrindo o caminho do pensar e agir localmente, olho no olho das pessoas, o Banco Mundial também está revendo a sua política de financiamento. Seus especialistas estão implantando projetos experimentais onde as prefeituras são as tomadoras dos empréstimos, diretamente e sem a interferência de governo estadual ou federal. É o bom senso agindo em benefício do cidadão. Simples, rápido e objetivo. E sem corrupção ou qualquer possibilidade de desvio, porque há cobrança e acompanhamento do melhor fiscal do mundo: O cidadão.

A realidade encontra-se onde o povo está, não em gabinetes distantes. Na ânsia de se aproximarem das pessoas, os políticos mais sintonizados com essa tendência se dizem municipalistas, pelo menos no discurso. Prefeitos conscientes de que precisam se ligar ao povo para administrar com eficiência, lançam mão de um dispositivo legal formando os Conselhos da Comunidade, verdadeiras câmaras informais que deixam os vereadores eleitos constrangidos com tanta produtividade a custo zero. Mais um ponto para o óbvio.

Sabedoras de que o poder está na mão de quem estiver o mais perto possível do consumidor, as indústrias fazem tudo para se aproximar do varejo. Não se contentam apenas com as informações a respeito do giro e da logística dos produtos. Querem entender de um ponto que o varejo é mestre e senhor: o comportamento do consumidor. Na verdade, todo mundo quer varejar. No fundo, apesar de globalizado, o mundo é um monumental varejo. Caso você não compartilhe com essa idéia, então comece a varejar o mais rápido possível. Empenhe a bandeira do óbvio também e pense no seu cliente como se fosse o único. Como nas melhores histórias de amor!

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