6 conselhos de um mafioso

Ex-chefão da máfia ensina diversas lições de gestão que se aplicam perfeitamente no mundo corporativo

Louis Ferrante é um ex-mafioso especialista em roubo que foi preso depois de se recusar a incriminar os membros da família Gambino. Cometeu o primeiro crime aos 12 anos de idade e depois disso virou mestre em assaltos. Não estudou, mas conseguiu milhões de dólares e tornou-se funcionário da família Gambino, uma espécie de gerente do bando.

Anos mais tarde, Ferrante foi preso e, atrás das grades, criou o hábito de ler incansavelmente durante os oito anos que ficou por lá. Isso fez que ele conseguisse enxergar as coisas de outra maneira e quando foi solto desejava ocupar um lugar no mundo lícito e passar por experiências muito diferentes das quais havia conhecido. “Para minha surpresa, descobri que a ideia de mundo lícito era uma fantasia. Logo encontrei sacanas na sociedade legal muito piores do que boa parte dos mafiosos que eu conhecia – eram lobos em pele de cordeiros”, revela Ferrante em seu último livro: O poderoso chefão corporativo (Editora Saraiva).

Ele se deparou com empresas de cartão de crédito que aumentavam ou incluíam taxas sem o consentimento do cliente e bancos que executavam hipotecas de casas sem saber se a família teria onde morar quando fosse expulsa. Assim, ele começou a perceber que deveria retomar algumas atitudes que aprendeu com a máfia, senão seria sempre passado para trás. “Na máfia, aprendi a tomar iniciativa, a ter novas ideias e colocá-las em prática. Aprendi a me comunicar com as pessoas”. Ele também aprendeu grandes lições corporativas. Em seu livro, há mais de 80 lições para se dar bem no mundo corporativo (de maneira lícita!), destaco aqui as seis mais importantes que um líder deve levar em consideração:

  1. A máfia gasta muito pouco com despesas de escritório: cortando custos gerais
    Ferrante conta que extorquia o dono de uma autopeças. De repente, ele começou a falhar em seus pagamentos, alegando que estava pobre, mesmo tendo carro do ano, relógio de pulso que valia 30 mil e charutos de mais de 50 dólares na sala. Para provar que não estava mentindo, ele abriu os livros-caixa da empresa para o mafioso, o qual levou-os até um contador, que constatou: “Ele torra dinheiro a torto e a direito. Poderia ter uma empresa na garagem e cortar os custos pela metade. Além disso, os funcionários andam roubando papel higiênico”. Depois do acompanhamento das finanças por três meses, os negócios começaram a melhorar. A dica de Louis é: esquadrinhe os custos. Cada centavo cortado nas despesas gerais é um centavo a mais no bolso.
  2. Clubes sociais têm portas de aço robustas e que estão sempre abertas: a política das portas abertas
    Embora a maioria dos clubes de mafiosos tenha portas enormes com apenas um olho mágico, eles são completamente acessíveis aos membros da organização. É um lugar em que todo funcionário pode visitar o “chefe” para discutir os negócios. Aquele que fecha a porta aos empregados amarra as próprias mãos. Quando alguém controla a informação que chega até você, essa pessoa também o controla. A política de portas abertas oferece uma visão panorâmica do escritório. Você saberá de todas as bobagens, e essa é sempre a melhor maneira de controlar seus funcionários.
  3. Dê uma chance ao safado: contrate a melhor pessoa, independentemente de raça, credo ou orientação sexual
    O ícone Al Capone era a maior prova de que boa parte dos mafiosos combatia o racismo. Um ladrão chamado Joe Howard fez um comentário antissemita a um bandido judeu. Capone ficou sabendo e deu seis tiros em Howard na frente de testemunhas, como lição. Diferente dos italianos que se casavam apenas com pessoas de sua própria colônia, Capone casou-se com uma irlandesa. Os mafiosos não são racistas, eles são gananciosos. A única cor que lhes importa é a verde, a cor do dinheiro. Não estão nem um pouco interessados em religião, nacionalidade ou gênero. Prova disso são as mulheres chefes de famílias criminosas. Uma das mais famosas foi a italiana Anna Mazza, conhecida como Viúva Negra, que começou a controlar os “negócios” da família em 1976, após a morte de seu marido.
  4. Vou entrar no assalto de hoje: o chefe que põe a mão na massa
    Na máfia, é muito mais valorizado aquele chefe que está presente nos momentos mais complicados, impondo sua liderança. Os soldados se dispõem a dar a vida por um chefe que bota a mão na massa. Igualmente, os empregados estão dispostos a trabalhar arduamente e por mais tempo por um chefe participativo. Não fique enfurnado em seu escritório. Conheça as pessoas. Visite as lojas, o depósito, a sala de expedição e a linha de montagem. Aperte a mão dos caixas e motoristas. Ponha uma calça Levi’s e suje-se.
  5. Não atire em um astro em ascensão: neutralizando adversários potenciais
    O chefão Johnny Torrio cresceu durante a Depressão e tinha o talento de transformar bandidos em empresários e, entre eles, descobriu Al Capone. Quando Torrio percebeu que Al Capone era um jovem inteligente e ambicioso e não demoraria muito para que ele o jogasse para escanteio, também notou que Capone seria muito mais valioso vivo do que morto. Por isso, propôs sociedade a ele. Parecia loucura, mas Torrio viu em Capone um homem com quem poderia expandir suas operações. Além disso, neutralizou um oponente potencial. Depois de muitos anos bem-sucedidos juntos, Torrio se aposentou e deixou Chicago para Capone.
  6. Escolha seu conselheiro
    Nos primeiros dias da máfia norte-americana, um consigliere, ou conselheiro da família, era um homem idoso escolhido por sua experiência, sabedoria e malandragem. Era respeitado e esperava-se que fosse objetivo em todas as decisões.

    Nos negócios, você precisa ter um bom conselheiro, alguém de quem possa receber dicas ponderadas. Essa pessoa deve estar torcendo por seu sucesso, mas precisa estar afastada dos negócios para poder ver tudo claramente. Um cônjuge, um irmão, um mentor – escolha uma pessoa digna de confiança e terá uma ótima fonte de conselhos.

Colaboração: Evelise Toporoski

Para saber mais

Livro: O poderoso chefão corporativo
Autor: Louis Ferrante
Editora: Saraiva

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