Viva o medo!

Por Paulo Angelim

Já estou enjoado de ouvir, mas nunca é demais lembrar (vai que tem algum desavisado entre nossos leitores): correr riscos é uma das verdades inquestionáveis e irrefutáveis na vida daqueles que querem crescer profissionalmente. Ou seja, não existe chance de você viver profissionalmente sem se permitir a experiência de trabalhar com as incertezas, com o risco, que significa a probabilidade de perigo. “Aceito ou não esse novo cargo?”; “Faço ou não essa faculdade?”; “Falo ou não o que ocorreu para a diretoria?” são apenas algumas das muitas questões pelas quais passamos em nossas vidas profissionais.

As ameaças estão por todo lado, sejam elas naturais, culturais, morais, sociais, ou de outra natureza. Não adianta imaginar um mundo sem elas. Assim, viver é uma constante ameaça. E viver sob risco é amedrontador para muitos profissionais.

Mas, então, o que fazer quanto ao medo? Como eliminar o medo para que tenhamos a coragem de enfrentar os riscos, de correr os perigos? Aí está o equívoco! JAMAIS ELIMINE O MEDO! E digo mais: suspeite de todas as vezes que você estiver preste a tomar uma decisão e não estiver sentindo medo algum em tomá-la. O piloto da Varig que, há alguns anos, passou do ponto de aterrissagem e parou com o bico de um avião Electra no enrocamento de pedras do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, deu a seguinte declaração: “Esse acidente ocorreu porque perdi o medo de voar”.

É lógico que existem medos irracionais e medos fundamentados. O medo pode vir de crenças ou superstições. Não me refiro a esse medo. Não estou falando de profissional infantil, que ainda tem medo de bicho-papão, ou de mula-sem-cabeça. Apesar de várias corporações estarem cheias deles. Refiro-me ao medo que decorre da consciência do perigo, fundamentado em uma avaliação racional e sensata dos fatos. Estou falando de profissionais que, depois de se cercarem do maior número de fatos, análises e suposições possíveis, se perguntam: “E agora? Qual caminho tomar?”.

Sem sombra de dúvida, você precisa de coragem para tomar decisões e avançar sobre as incertezas. Mas coragem não significa ausência de medo, e sim a firmeza de enfrentar o perigo apesar do medo. Quando temos medo, é porque pensamos. E isso é bom, pois o medo não ocorre porque existe a ameaça, o risco, mas porque temos dúvidas de estarmos ou não devidamente preparados para combater ou assumir as conseqüências da escolha. Ora, isso é prudência. Pronto, finalmente chegamos ao ponto: PRUDÊNCIA. Saiba que o medo é componente integrante daqueles que são prudentes. Prudente é aquele que é cauteloso, sensato, ajuizado, que costuma precaver-se, preparar-se antecipadamente para o perigo, para correr o risco. E se ser prudente é uma virtude, e se a prudência é decorrência do medo, viva o medo! É o que todo profissional deveria ser: um ousado prudente! Ou seja, alguém que faz as escolhas, avança sobre os riscos, mas consciente e preparado.

Paulo Angelim é palestrante nacional em Marketing, Vendas e Motivação, e autor de quatro livros. Site: www.pauloangelim.com.br

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