A arte de administrar ganhos variáveis O brasileiro é, por natureza, financeiramente indisciplinado, em função de diversos fatores que o levaram a adotar uma postura imediatista no uso do dinheiro. Inflação elevada, economia caótica, sistema financeiro frágil e mercados financeiros pouco relevantes e manipuláveis. Durante décadas, esses foram alguns dos motivos que impuseram barreiras à prosperidade, criando toda uma geração que não sabe exatamente quanto ganha, gasta e como negociar.
Essa complicada relação histórica com o dinheiro reúne os ingredientes que levaram a maioria das famílias brasileiras a estar hoje em uma situação de dificuldade financeira. Pior ainda é a situação daqueles que se vêem obrigados a conviver com rendimentos variáveis, caso típico de profissionais liberais, autônomos e, evidentemente, vendedores. Quanto menor o ganho fixo e maior a parcela variável dos rendimentos decorrentes de comissões maior deve ser a sua atenção quanto à administração de suas finanças.
Das centenas de famílias que acompanho, os casos mais graves de descontrole financeiro vêm daquelas cuja renda é variável. O motivo é basicamente um só: a crença de que a renda conquistada em um determinado mês se repetirá ou melhorará nos meses seguintes. Nada contra o otimismo, pois temos de batalhar para cumprir metas audaciosas, porém, depender de uma renda que pode não acontecer causa ansiedade e estresse, tirando o foco da sua atividade.
É fundamental reconhecer que quem não tem certeza sobre os seus ganhos deve adotar um padrão de vida compatível com o ganho que é 100% assegurado, aquele decorrente do salário fixo e dos comissionamentos de uma carteira estável de clientes. Em outras palavras, se você está no vermelho, é porque fez escolhas ruins com o dinheiro que ganhou no passado, dando um passo maior do que a perna ou você vive além de suas posses. Para mudar a situação, você não deve deixar de consumir nem de sonhar. Deve fazer planos sobre os resultados de suas metas futuras e realizá-los só quando elas se tornarem realidade, ou seja, quando o dinheiro entrar na conta.