A “commodity” vendida de forma diferente

Na capital paranaense, Curitiba, há um petisco muito peculiar nos bares da cidade. É difícil sair à noite e não encontrar um barzinho que venda a famosa carne de onça. Mas não se assuste, os curitibanos não estão matando a fera em extinção para preparar tal iguaria. Na verdade, de onça mesmo só o bafo de quem se delicia com o prato – dizem as más-línguas.

Típico da cidade, o prato consiste em uma fatia de broa de centeio coberta por uma porção

de carne crua muito bem temperada. Os boêmios dizem que é a combinação perfeita com uma bela caneca de chope gelado.

E, se muitos bares da cidade fazem esse petisco tão bem quisto, então todos vendem a mesma quantidade, certo? Errado! Porque um dos locais entendeu que o que precisava ser vendido era a experiência de se comer a carne de onça. Para isso, inovou na maneira de prepará-la: deixou o próprio cliente montar seu prato. E acredite, o nome do lugar que proporciona ao curitibano essa experiência se chama Boteco de Sampa.

Como funciona? A casa envolve o cliente no processo, fazendo com que ele se sinta parte da elaboração da iguaria. Ao solicitar o petisco no bar, o garçom traz uma mesa e, em seguida – devidamente trajado de luvas descartáveis –, um prato com 250g de carne (patinho) moída na hora e um ovo. Junto à mesa e ao prato com a carne, ele pergunta ao cliente qual dos seguintes temperos gostaria de adicionar à mistura: páprica, noz-moscada, pimenta, cebola, alho, azeite de oliva, mostarda escura, rum, salsa desidratada e cebolinha verde (por cima). Com dois garfos, o garçom mistura todos os ingredientes selecionados à carne moída e finaliza o trabalho deixando à mesa uma porção generosa de broa fatiada. Aí é só juntar a carne de onça com a broa e bom apetite!

Sucesso total, hoje o prato é um dos principais atrativos da casa. O Boteco de Sampa chega a fazer 60 carnes de onça por noite e, segundo o empresário e dono do bar Ronald Friesen, se ele tivesse mais garçons, serviria mais do prato. A casa possui um time de oito garçons, isso significa dizer que cada um prepara, em média, mais de sete carnes de onça por noite.

Perguntado pela VendaMais se o exótico prato faria sucesso em outras cidades do Brasil, Ronald foi taxativo: “Como iguaria, sim, mas preparado à mesa do cliente seria o diferencial. Esse é o charme do prato”.

A diferenciação para atrair clientes e vender mais faz parte da filosofia da casa. Além da carne de onça, o bar possui outro prato como chamariz: a picanha na brasa, inspirado no mesmo prato do Bar do Juarez, em São Paulo. Novamente a casa envolve o cliente no preparo do prato. “A picanha vem pré-assada em uma chapa aquecida. As vantagens são que, para uma boa degustação, é importante que a carne seja consumida ainda quente. Também dou a oportunidade de o cliente que mora em apartamento preparar seu churrasco, e meu último ganho é que o cliente assa a própria carne no ponto ideal de consumo para ele”, completa Ronald.

Sempre “antenado”, o empresário adotou outra medida que aumentou significativamente as vendas na casa. Observando os bares de São Paulo, e com foco no bem-estar do cliente, os garçons estão autorizados a servir um novo chope quando o outro copo estiver próximo do fim. Se o cliente recusar, o novo chope volta para a cozinha, mas, segundo Ronald, são poucos os que recusam.

Ciente de que o melhor marketing é o atendimento em seu ramo de atuação, os próximos passos da casa para 2010 são diminuir os investimentos em propaganda e aplicá-los no treinamento de seus colaboradores para tornar o atendimento do bar ainda melhor.

Essa é a lição do Boteco de Sampa para vender mais. E você, que tipo de experiência pode proporcionar ao seu cliente? Você poderia treinar os seus colaboradores para venderem a “experiência” em seu negócio?

Curiosidades

  • A ideia da carne de onça feita na mesa do cliente foi da ex-chefe de cozinha e sócia da casa. Aos poucos, os garçons perceberam que o preparo do prato na mesa despertava o interesse do cliente ao lado.
  • O nome Boteco de Sampa tem duas explicações. A primeira é o porquê da escolha da palavra “boteco”, que foi utilizada para não repelir clientes com o requinte da casa, pois boteco dá a “sensação” de ser algo menos formal. E a segunda palavra, “Sampa”, é uma homenagem à capital paulista e seus bares que inspiraram o atendimento da casa.

Os leitores da VendaMais que levarem a revista com esta matéria no Boteco de Sampa, em Curitiba, PR, não pagam o couvert (R$7,00) para conhecer a casa. Se você mora em Curitiba ou estiver passando pela cidade neste mês, não deixe de conhecer este excelente exemplo de diferenciação em vendas.

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