A (des)qualificação dos recursos humanos

A diferença entre ter sucesso ou não se explica pelo tipo de atitude de cada pessoa frente ao mercado de trabalho. ?Tenho 52 anos e trabalho desde os 12. Nessa idade, não vou aprender mais nada relativo a vendas. Estou aqui porque o meu patrão pediu?. Foi a resposta que recebi após questionar um formando sobre o motivo da sua presença no treinamento sobre técnicas de vendas.

Em face desse tipo de mentalidade e o reduzido investimento pessoal e empresarial no treinamento dos recursos humanos, o mercado de trabalho não se livra da desqualificação do elemento humano.

Para o empregado, depois do seu horário de trabalho, é preferível estar num bar falando com os amigos ou em casa vendo seu programa preferido na televisão a freqüentar um curso que lhe proporcione a melhoria de suas competências profissionais. Como se constata no exemplo dado, também há pessoas que pensam que a experiência adquirida no dia-a-dia é suficiente.

Para o empregador, o funcionário não pode freqüentar o curso no horário de trabalho. Pagar as aulas representa um custo, e não um investimento que poderá ter retorno após aplicação dos conhecimentos adquiridos no treinamento.

A desqualificação dos recursos humanos é admitida pelos empregadores, pois, se assim não fosse, não publicavam anúncios com ofertas de emprego solicitando candidatos com conhecimentos de informática. Será que os empregadores do século XXI não lembram que não saber lidar com o computador é sinônimo de analfabetismo?

Quando uma empresa pretende recrutar pessoas com experiência anterior, uma das razões é o pouco interesse dos empregadores na formação dos seus empregados e/ou dos jovens à procura do primeiro emprego.

A falta de visão estratégica relativamente à rentabilização dos recursos humanos é uma das causas para a existência de níveis de produtividade relativamente baixos. Em Portugal, a existência de condições proporcionadas pelo Estado para a realização do treinamento tem como resposta uma reduzida procura das pessoas para a freqüência dos cursos, principalmente dos ativos.

Além de haver formação profissional financiada pela União Européia há cerca de 20 anos, ou seja, sem custos para o trabalhador que deseje freqüentar um curso promovido por centenas de empresas privadas de formação profissional, o novo código do trabalho português obriga que a entidade patronal proporcione aos seus colaboradores 20 horas de treinamento anual.

Essas contribuições, além de importantes para os empresários, fazem com que os empregados fiquem sensibilizados para a importância do treinamento como um instrumento essencial para a melhoria do desempenho individual e da produtividade da empresa.

A melhoria das competências dos recursos humanos portugueses, brasileiros ou de qualquer outro país só é possível com a presença das pessoas nos cursos de aperfeiçoamento, reciclagem e atualização de conhecimentos. Mas, quando o trabalhador não troca o lazer pela freqüência de um treinamento, não pode melhorar a performance de sua atividade profissional.

A maioria das pessoas só lembra de recorrer ao treinamento quando se encontra na situação do desemprego, pois constata que, enquanto pertencer ao grupo dos desqualificados, não conseguirá nova colocação no mercado de trabalho, cada vez mais exigente e seletivo.

A diferença entre ter sucesso ou não se explica pelo tipo de atitude de cada pessoa face ao mercado de trabalho. Os mais atentos e mais preparados terão sempre mais probabilidade de serem bem-sucedidos.

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