A DIFÍCIL ARTE DE APRESENTAR E AVALIAR UMA BOA IDÉIA

Não há idéia completamente descartável, assim como não há uma proposta 100% perfeita. Tanto as pessoas que querem apresentar suas idéias quanto aquelas que vão julgá-las precisam se livrar do mito de que uma boa idéia nasce perfeita. Não há idéia completamente descartável, assim como não há uma proposta 100% perfeita. Tanto as pessoas que querem apresentar suas idéias quanto aquelas que vão julgá-las precisam se livrar do mito de que uma boa idéia nasce perfeita. Portanto, apresentar, avaliar ou modificar idéias é uma tarefa que requer tanta ou mais habilidade do que criá-las. Imagine a seguinte cena: um funcionário encaminha ao chefe uma idéia para o lançamento de um produto que, na opinião dele, irá revolucionar o mercado. Dedicou horas e mais horas de seu tempo livre para o estudo de viabilidade de seu projeto. Atente para o detalhe de que ele tomou a iniciativa, e em nenhum momento foi convocado para isso. Mas este profissional achou que de alguma forma poderia contribuir para a empresa. Pois bem, ao entregar a proposta, o seu chefe direto não dá a mínima importância e apenas responde: estamos em época de redução de custos e não de investimentos.
Resultado: decepcionado, o funcionário sai da sala prometendo a si mesmo nunca mais contribuir em nada para a empresa. E, na maioria das vezes, acaba rotulando o chefe de pessimista, sem visão de futuro, autoritário e até invejoso.
Esta história poderia ter tido um final feliz? Vejamos…
Em primeiro lugar, não houve alinhamento entre o foco da empresa naquele momento e a percepção do funcionário. Caso ele estivesse mais focado na redução de custos, provavelmente teria tido idéias para esse fim.
Eventualmente, a idéia dele poderia ser uma oportunidade imperdível. Seu chefe poderia sugerir que ele aguardasse o momento adequado, o que, aliás, o próprio funcionário também poderá fazer. Isto se a resistências do chefe forem objetivas: ao expor ou avaliar uma idéia, as pessoas podem praticar um exercício muito simples: a prática do diálogo interno. Antes de vetar alguma iniciativa, basta checar a origem de suas resistências contra ela. E, para quem apresentou a idéia, procurar entender o tipo de resistência que a pessoa está oferecendo. Quem apresentou a idéia pode refazer sua tática de apresentação: apresentei a idéia no momento e local certo? Havia condições para o chefe me ouvir? A idéia foi bem apresentada?
Quem ouviu a idéia pela primeira vez pode se perguntar se estava aberto para o novo, se não deveria dedicar algum momento para a análise da idéia. Mas ainda há esperança: se nada se perde, tudo se transforma, porque não adequar a idéia ao momento da empresa? Se os custos de implementação são altos, usemos a criatividade para diminuí-los ou achar financiamentos. Se a idéia é ambiciosa, podemos reduzi-la. Estes foram exemplos corriqueiros da administração de uma idéia inicial, mas basta lembrar que toda idéia tem em si algum potencial a ser aproveitado, que uma nova e boa idéia sempre poderá surgir. Afinal, esta não é a história do post-it (a cola que não colava)? e da Coca-Cola (que também era remédio)? Consumidores e clientes estão sempre atrás de novidades. Portanto, é preciso criá-las. Consumidores e clientes também estão atrás de um bom custo-benefício, serviços interessantes, um algo mais. Assim, as empresas são forçadas a viver em constante mutação. É preciso ser pioneiro, arriscar e ser movido a sonhos. Mas também é preciso saber apresentar, avaliar e adaptar idéias.

(Matéria publicada no Jornal Valor Econômico edição nº 1072 de 11/08/2004)

Gisela Kassoy é consultora especialista em Inovação Contínua
Fone: 011-3885-0441
www.giselakassoy.com.br
[email protected]

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