O brasileiro, nos Ășltimos anos, tem recebido uma imagem distorcida da influĂȘncia. O brasileiro, nos Ășltimos anos, tem recebido uma imagem distorcida da influĂȘncia. Fala-se sobre
trĂĄfego de influĂȘncias, mĂĄs influĂȘncias, etc., e se esquece de que essa Ă© uma das grandes armas do vendedor.
?InfluĂȘncia significa mudança?, diz Robert Cialdini, professor de psicologia nos Estados Unidos e autor do livro O Poder da PersuasĂŁo (Editora campus/Elsevier). ?Essa mudança pode ser na atitude, na percepção ou no comportamento de uma pessoa. Em qualquer circunstĂąncia, nĂŁo podemos afirmar que influenciamos alguĂ©m, a nĂŁo ser que possamos provar que a nossa ação exerceu alguma mudança Ă quela pessoa.
Mudança que pode ser direcionada ao fechamento de um negĂłcio ou Ă resposta de uma objeção a um produto ou serviço. ?Qualquer vendedor pode desenvolver essa habilidade?, afirma Cialdini. ?A capacidade de influenciar nĂŁo Ă© inata. Podemos aprender e ser cada vez mais bem-sucedidos durante negociaçÔes e vendas. Recentemente, percebi que, por sĂ©culos, a habilidade de ser influente e persuasivo foi ensinada como uma arte. Essa Ă© uma visĂŁo correta, mas alĂ©m de arte, influenciar Ă© tambĂ©m ciĂȘncia. Ă algo que pode ser ensinado e aprendido. (veja, no box, as seis caracterĂsticas que devem ser melhoradas). Todos tĂȘm o potencial para se tornarem mais influentes.?
Saiba o que Robert Cialdini tem a dizer, com exclusividade, aos leitores da VendaMais:
VendaMais ? As pessoas tendem a confundir ?influĂȘncia? com ?manipulação?. Qual a diferença e que prejuĂzos uma imposição pode causar a um serviço?
Robert Cialdini ? Quando as pessoas dizem ?Ah, vocĂȘ estĂĄ me manipulando!?, elas querem dizer algo negativo. Elas querem dizer que vocĂȘ estĂĄ levando-as a uma direção que nĂŁo Ă© do interesse delas, muitas vezes usando de ?meias-verdades?. A manipulação pode interferir e prejudicar muito um negĂłcio. Pessoas que se sentem manipuladas e enganadas nunca mais irĂŁo querer fazer negĂłcios com aquela pessoa ou empresa. EntĂŁo, para um relacionamento a longo prazo com clientes, o que um vendedor deve fazer Ă© educĂĄ-los sobre as melhores opçÔes para resolver o problema ou desejo deles.
VM ? Existe uma piada que diz que ?InfluĂȘncia Ă© a capacidade de mandar alguĂ©m para aquele lugar de um modo que a pessoa nĂŁo veja a hora de começar a viagem?.
RC ? Isso tambĂ©m Ă© manipulação. Ă uma forma negativa de influĂȘncia. Os vendedores devem buscar a forma positiva de influĂȘncia. Encontrar algo que seus vendedores valorizem e dar isso a eles. Depois, eles irĂŁo querer lhe dar algo de valor em troca, eles irĂŁo querer fazer negĂłcios com vocĂȘ de novo. Se perceberem que fizeram um bom negĂłcio, eles irĂŁo querer ter um relacionamento longo com vocĂȘ e com a sua empresa.
VM ? O senhor disse que ?a melhor evidĂȘncia sobre o que as pessoas realmente sentem e acreditam vem menos de palavras e mais de açÔes?. Como podemos aplicar isso a vendas, em que falar e ouvir sĂŁo responsĂĄveis pela maioria dos negĂłcios?
RC ? Falar e ouvir Ă© importante. Mas tambĂ©m Ă© importante pedir para seus clientes façam pequenas coisas. Por exemplo: eles se sentirĂŁo mais inclinados a comprar algo se escreverem as caracterĂsticas que gostariam naquele produto. Pedir isso pode levĂĄ-los a uma ação consistente em relação ao que estĂĄ no papel.
VM ? Sua primeira arma de influĂȘncia Ă© a reciprocidade, e afirma que isso Ă© o que faz com que as açÔes de amostra grĂĄtis funcionem. Ă obrigatĂłrio que o vendedor seja o primeiro a ?dar? alguma coisa para se colocar na posição de receber algo em troca?
RC ? Para que a reciprocidade funcione bem, é necessårio dar algo primeiro. Mas não funciona apenas para vendedores, pode funcionar para gerentes também. A regra da reciprocidade diz que as pessoas o tratam da forma como são tratadas. Para um gerente, isso é uma mina de ouro. Todos sabemos das vantagens de ter uma atitude positiva e bons relacionamentos no ambiente de trabalho. Um gerente que entenda que as pessoas dão de volta o que recebem pode fazer qualquer coisa em sua empresa, pode virar qualquer equipe de cabeça para baixo, melhorar qualquer fundamento dos seus vendedores ou outro profissional. Ao agir primeiro, o gerente mostra o exemplo do tipo de ambiente de trabalho e de relacionamento que deseja.
VM ? VĂĄrios autores, entre eles Herb Cohen, dizem que os vendedores precisam ser humildes e deixar que os compradores assumam a liderança ? ou, pelo menos, que sintam que estĂŁo na liderança ? de uma negociação. O senhor afirma que uma das armas de influĂȘncia Ă© a posição de autoridade? Como um vendedor deve agir nessa situação?
RC ? VocĂȘ pode ter conhecimento em uma ĂĄrea e ser humilde. NĂŁo sĂŁo elementos mutuamente exclusivos. Acho que um vendedor pode usar o princĂpio de autoridade com bastante eficiĂȘncia, se for usado com honestidade. O cliente serĂĄ guiado para uma boa escolha, que farĂĄ com que ele volte e recomende aquele vendedor ou loja para seus conhecidos. Entretanto, se um vendedor tentar usar o princĂpio da autoridade desonestamente, pode ganhar a curto prazo, mas nĂŁo terĂĄ sucesso algum a mĂ©dio e longo prazo. Um exemplo pode ser o do vendedor que finge ter autoridade, que finge entender de um sistema de computação em particular para fazer com que o cliente compre. Pode atĂ© funcionar para aquela venda imediata, mas nĂŁo vai gerar nenhuma venda extra, porque somente uma pessoa ? o vendedor ? ganha. O cliente, que foi enganado ao comprar um computador que nĂŁo queria ou que nĂŁo satisfez suas necessidades, nunca mais voltarĂĄ.
VM ? Como um vendedor pode conseguir a simpatia dos seus clientes?
RC ? Pesquisas mostram que existem trĂȘs coisas que um vendedor pode fazer para criar simpatia: A primeira Ă© encontrar e citar, com freqĂŒĂȘncia, coisas que ele e seus clientes tĂȘm em comum; a segunda Ă© elogiar com sinceridade os clientes e, a terceira, Ă© dizer que ambos, vendedor e cliente, querem a mesma coisa, para que o cliente se sinta feliz com sua compra.
VM ? DĂȘ alguns exemplos que o senhor conhece de empresas e vendedores que influenciam bem.
RC ? De acordo com o Livro Guinness dos Recordes, o maior vendedor de todos os tempos foi um norte-americano chamado Joe Girard, que vendia automĂłveis ? ele vendeu cinco automĂłveis por dia, todos os dias em que trabalhou. E ele conseguiu isso usando, em grande parte, a simpatia. Ele gostava mesmo dos seus clientes, e dizia isso a todos ao enviar a cada um deles um cartĂŁo assinado a mĂŁo que dizia: ?Gosto de vocĂȘ?. Ă claro que esta nĂŁo era a Ășnica razĂŁo para o seu sucesso, mas ele afirmou que era um fator importante. EntĂŁo, eu diria que, antes de tentar fazer com que os clientes gostem de vocĂȘ, primeiro goste dos seus clientes. Essa Ă© a marca do vendedor que usa o processo de influĂȘncia positiva.
As seis armas da influĂȘncia, por Robert Cialdini
· Reciprocidade ? As pessoas devolvem o tipo de tratamento que recebem de vocĂȘ. Cialdini afirma que Ă© isso que estĂĄ por trĂĄs do sucesso das campanhas de amostragem. VocĂȘ dĂĄ algo a um prospect e ele fica mais inclinado a comprar algo de vocĂȘ. De certa maneira, Ă© o que acontece tambĂ©m em test-drives e similares. VocĂȘ tambĂ©m pode enviar notĂcias ou dicas de interesse do seu prospect. Bem usada, a reciprocidade funciona como uma espiral virtuosa, em que cada lado fica eternamente querendo retribuir um favor a outro, o que pode levar a lucrativas parcerias.
· Escassez ? Pessoas vĂŁo tentar aproveitar a oportunidade que vocĂȘ lhes oferece, se a virem como rara ou difĂcil de conseguir. Ă por isso que anunciam com estardalhaço ?Ășltimas vagas e peças!?, e que alguns vendedores dizem: ?Aproveite, que a promoção vai sĂł atĂ© quarta-feira!?. Essa arma da influĂȘncia, entretanto, sĂł deve ser usada quando reflete a verdade. Nada pior do que dizer: ?Ă o Ășltimo carro desse modelo? e o cliente se deparar com um pĂĄtio lotado de carros iguais. Como vocĂȘ verĂĄ a seguir, o sentido Ă©tico Ă© talvez a principal arma da influĂȘncia.
· Autoridade ? Pessoas sĂŁo mais persuadidas pelo vendedor que demonstra conhecimento e credibilidade no assunto em pauta. Por isso Ă© importante que o vendedor faça bem sua lição de casa, que se informe nĂŁo apenas sobre o que ele vende, mas sobre o cliente, seus desejos e necessidades tambĂ©m. NĂŁo espere que o cliente o informe de tudo, pois ele nĂŁo terĂĄ paciĂȘncia (confira VendaMais nÂș 148, matĂ©ria As Mudanças que NinguĂ©m VĂȘ, pĂĄg. 40). Busque vocĂȘ a informação. Lembre-se tambĂ©m de que falar ?nĂŁo sei? quando necessĂĄrio aumenta sua credibilidade. Ă melhor ser honesto e reconhecer suas limitaçÔes do que apresentar um falso conhecimento que pode ser desmascarado em cinco minutos.
· Compromisso ? Seus clientes e prospects sentem a necessidade de atender seu pedido se for consistente com o que eles se comprometeram antes, em sua presença. Ou seja, se eles disserem ?eu compraria um seguro que me oferecesse isso e aquilo?, e vocĂȘ mostrar que sua seguradora oferece exatamente o que ele deseja, o negĂłcio serĂĄ fechado com mais facilidade. Por isso Ă© importante chegar exatamente ao que o cliente deseja, descobrir o que Ă© importante para ele antes de apresentar sua proposta.
· Simpatia ? Sim, simpatia! Gostar da outra pessoa, ?ir com a cara do vendedor ou comprador?. Nenhuma surpresa aqui, a nĂŁo ser o fato de que simpatia pode, sim, ser desenvolvida. Comece pelo bĂĄsico: um sorriso aberto e verdadeiro, olhos nos olhos, roupa em ordem. Para se aprofundar em desenvolver sua simpatia, busque livros e cursos que ensinem rapport. Ă basicamente a mesma coisa, sĂł que estĂĄ em inglĂȘs.
· Consenso ? As pessoas tenderĂŁo a dizer sim para seu pedido ou oferta se vocĂȘ der a elas evidĂȘncias de que outras pessoas, em situaçÔes similares, tambĂ©m aceitaram tal oferta. Em outras palavras: testemunhais, use e abuse deles. Busque em todos os seus clientes, faça uma coleção do que falaram nas mais diferentes situaçÔes. (Para mais informaçÔes sobre testemunhais, confira a VendaMais nÂș 134, de junho de 2005, pĂĄg. 12).
Para saber mais:
Livro: O Poder da PersuasĂŁo
Autor: Robert Cialdini
Editora: Campus/Elsevier.
Onde encontrar: www.livrariascuritba.com.br
Agradecimentos Especiais: Editora Campus/Elsevier.