A supremacia humana nas organizações inteligentes

Organizações inteligentes despem-se dos modismos de mercado e buscam sua autonomia, prezando o desenvolvimento humano como um bem valioso a ser conquistado. Após décadas movidas por saltos tecnológicos e avanços contínuos, com profundas repercussões sociais e transformações nos hábitos de consumo e na maneira de se relacionar, o ser humano deparou-se com um novo momento, que demanda exaustiva reflexão e conseqüente modificação: o uso de mais capacidades existentes em si, para lidar com tamanha mutação. Embora as máquinas e os programas informatizados já convivam com o homem, há novos desafios que despontam na vida organizacional. É preciso encará-los rapidamente e entender o novo papel a ser desempenhado pelos colaboradores, desde a cúpula até a base organizacional.

A adaptação e o desenvolvimento obtidos por meio da tecnologia levaram muitas pessoas a aprender coisas que, há bem pouco tempo, sequer imaginavam. Computadores interligados e softwares para gerenciar o funcionamento das áreas envolvidas na vida produtiva. Transmissão de informações geradas em um notebook. Aprendizagem e negociações realizadas à distância, por meio de transmissão simultânea de imagens a países distribuídos pelos continentes e até a manipulação de átomos e moléculas com o propósito de criar novos materiais e produtos: metais e plásticos, por exemplo, com peso reduzido e aumento de sua resistência, fruto do que se denominou nanotecnologia. O tempo não pára e o homem precisa continuar. Apesar da complexidade que se formou, está em nosso poder a chave para abrir um pouco mais a porta do universo psíquico e simplificar esta ?bagunça? sócio-tecnológica.

Reunir conhecimentos fragmentados, refletir e obter solução para resolver problemas não é uma questão puramente técnica, mas antes uma articulação mental que envolve tempo, prática, erro e acerto, até culminar em uma espécie de processamento das coisas percebidas e registradas pelo cérebro. É uma ação interna. A dificuldade, portanto, está em conseguir se desligar do mundo exterior e voltar-se à vida interior. Nos mantemos presos à exterioridade pelas nossas próprias invenções e esperanças em satisfazer os desejos pessoais. Nos envolvemos mais pela aparência captada pelos sentidos do que pela louvável meditação interna. É quase impossível se desligar dos milhares de estímulos externos. Como desenvolver mais o potencial humano?

Para o psicólogo norte-americano Abraham Maslow, é preciso estabelecer um compromisso consigo a longo prazo com o crescimento e o desenvolvimento máximo das capacidades. Evitando, dessa forma, acomodação, falta de auto-confiança e preguiça. Os desafios servem como estímulo. Entretanto, destacou que algumas influências negativas do passado podem nos prender a comportamentos improdutivos. Outro ponto é a influência e a pressão social de se manter favorável a opiniões e preferências de grupos e, ainda, algumas defesas internas nos distanciam do contato conosco mesmo.

Tratar com vigor as questões que entravam o processo de aperfeiçoamento parece ser uma medida fundamental. A supremacia humana consiste em resolver os impasses psíquicos e fazer uso do potencial articulador do conhecimento, adquirindo-o incessantemente, retalhando-o e, sobretudo, relacionando-o a outros conhecimentos, remontando-o e, finalmente, produzindo novo saber. A simples acomodação das informações é um arquivo morto, sem sentido para o ser humano, tal como ocorre em muitas gestões que pretendem administrar o conhecimento.

Organizações inteligentes despem-se dos modismos de mercado e buscam sua autonomia prezando o desenvolvimento humano como um valioso bem a ser conquistado. Elas não se esquecem de que as pessoas têm potencial e se motivam por seus avanços e merecido reconhecimento.

Dessa forma, podemos concentrar os esforços em alguns focos: desenvolver e impregnar a empresa com a cultura do simples através da convivência natural e o fluxo de comunicação rotineira. Discutir e pactuar a mudança com as lideranças. Apresentar claramente e com insistência a todos os colaboradores, terceirizados e fornecedores, os objetivos que existem a respeito da transformação e da evolução humana dentro da organização. Se reunir, planejar, acompanhar e avaliar o andamento da mudança. Disponibilizar tempo e lugar para fazer o exercício de articulação do pensamento. Deve existir flexibilidade, todavia, deve haver limites.

Do contrário, todos retomam os velhos hábitos e detonam o propósito de transformação. Não adianta impor tal exercício aos mais resistentes, mas não faça corpo mole com eles. Cobrar faz parte de qualquer jogo. Ter regras também. E não encare esse novo processo como algo místico, desestimulando a turma de exatas. Porém, ao ler no dicionário o significado do termo, encontrará que misticismo é o estado espiritual de união com o divino, o sobrenatural, ou ainda, religiosidade profunda. Portanto, lembremo-nos de que várias pessoas crêem em algo místico e vencem, superando as próprias dificuldades, provando aquilo que às vezes se tenta contradizer por pura falta de conhecimento. Permitir a diversidade complementa o rol de focalizações a serem observadas.

Empreender movimento dessa envergadura requer coragem, desprendimento e persistência. Mas o mundo pós-moderno exige que se processem transformações de muitas ordens, especialmente a humana, por meio de formas de pensar e se adaptar à realidade dos problemas atuais. A supremacia humana está em se desenvolver a partir do potencial disponível e contar com a ajuda de outras pessoas que formam a organização.

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