Não! A tecnologia não é responsável pela diminuição no número de empregos. Na Revolução Industrial aconteceu o mesmo movimento, ou seja, as máquinas acabaram com milhares de empregos na agricultura, mas abriram outras tantas oportunidades na indústria recém-surgida. Há uns 20 dias atrás escrevi um artigo chamado “O fim da concorrência”, no qual discuti a evolução da concorrência entre as corporações. A concorrência no futuro será entre cadeias produtivas, entre grupos organizados, e não mais uma disputa pontual entre empresas. Portanto, a empresa que melhor se relacionar com seus parceiros terá vantagem competitiva. Recebi uma tonelada de e-mails que em sua maioria acabavam chegando a um mesmo ponto, ou seja, a preocupação com os empregos. Os leitores estavam mais interessados em se manterem nas organizações do que entenderem a dicotomia de conceitos da concorrência empresarial. Então resolvi escrever este artigo.
De quem é a culpa pela falta de empregos? Que lei invisível é essa que leva miríades de profissionais a rua? Alguns nem pestanejam e “rasgam o verbo” dizendo que a culpa é do governo. Outros são mais holísticos em colocar a culpa no sistema. A acusação também pode ser mais direta, com algo como “a culpa é do F.H.C” ou do ministro “X” ou “Y”. Até Arminio Fraga já tem culpa no cartório, e isso sem falar do FMI ou dos Estados Unidos. De qualquer forma, em tempos que George Bush é indicado para o prêmio Nobel da Paz, até Jorge Amado pode ter sua parcela de culpa na escassez de empregos. Mas, dentre todos e-mails um chamou-me a atenção. Essa missiva digital acusava a tecnologia de vilã da história.
Não! A tecnologia não é responsável pela diminuição no número de empregos. Na Revolução Industrial aconteceu o mesmo movimento, ou seja, as máquinas acabaram com milhares de empregos na agricultura, mas abriram outras tantas oportunidades na indústria recém-surgida. O que ocorreu, na verdade, foi a migração do emprego e não a sua extinção. Os ciclos econômicos são preponderantes na criação e extinção dos empregos e estamos passando por um deles.
O emprego está se sofisticando e com isso algumas posições, antes essenciais, estão deixando de existir. A modernização está suprimindo empregos antigos com a mesma velocidade com que cria novos. Além disso, os novos empregos criados são, geralmente, mais bem remunerados. O maior problema da tecnologia é exigir uma mão-de-obra mais qualificada, ou seria melhor dizer um “cérebro-de-obra” mais qualificado.
É nesse ponto que mora o perigo! Em países como o nosso, infelizmente, o que causa a escassez de empregos não é a tecnologia em si, mas o baixo nível de educação. Sem dúvida, a educação melhora a empregabilidade. O balanço da modernização é positivo! Não nos esqueçamos que a tecnologia foi responsável pela criação de aproximadamente 12 milhões de novos postos de trabalho nos EUA onde só o mercado de software é três vezes maior do que o setor industrial automobilístico, considerado um dos maiores empregadores dos EUA.


