Lições de marketing através de ações comerciais A sexta-feira finalmente chegou. Eu estava em casa e nem acreditava que tinha conseguido colocar os pés para cima no sofá, quando fui interrompida pelo interfone. O porteiro anunciava uma encomenda para mim. Levantei para abrir a porta e me deparei com um entregador de pizza. Com uma naturalidade incrível, ele confirmou o meu nome e, em seguida, colocou uma pizza em minhas mãos.

— Olha, eu não pedi pizza, acho que houve um engano!
— Não senhora. A pizza acabou de sair do forno e foi uma encomenda do Shopping XYZ para anunciar a mais nova liquidação total, que acaba de sair do forno também.
— Como é que é?
— A pizza acabou de sair do forno e foi uma encomenda do Shopping XYZ para anunciar a mais nova liquidação total, que acaba de sair do forno também.

A ação que o shopping fez para anunciar a liquidação bombástica certamente rendeu um boca-a-boca incrível na região, e se pagou muito antes das pizzas que eles enviaram para a casa de muitas pessoas. Uma idéia simples, uma experiência fantástica.

Outro dia me hospedei em um hotel que, percebendo que muitos clientes tomavam o café da manhã com pressa, passou a oferecer a opção de o cliente se servir e levar o café em embalagens descartáveis, para comer no caminho. Diferente? Ousado? Eu chamaria de case de marketing, porque esses dois exemplos comprovam o que os estudiosos tanto falam: ?Para conquistar o cliente, coloque-se no lugar dele, enxergue com os olhos dele?. Parece tão simples; por que será que no nosso dia-a-dia, na prática, complicamos tanto?

Agora lanço um desafio para você: tente pedir uma pizza na hora do almoço em qualquer cidade que não seja São Paulo e depois me conte como foi a experiência. É incrível como os empresários parecem rotular que pizza não foi feita para ser consumida na hora do almoço. Das poucas pizzarias que abrem nesses horários, mais de 90% não fazem entregas. É proibido almoçar pizza! E ainda teve um empresário que me falou: ?Não vale a pena, ninguém pede. Oras, vende mais porque está sempre fresquinho ou está sempre fresquinho porque vende mais?

Você saberia me explicar o que faz um cinzeiro de vidro transparente com um adesivo colado no fundo escrito: ?Cinzeiro apenas para sua comodidade, apartamento não fumante?, cuidadosamente posicionado no criado-mudo de um hotel?

Duas pizzas, dois hotéis e quatro atitudes distintas em relação ao cliente. Reflexo imediato da sua percepção e da sensibilidade de cada um em relação à necessidade do cliente. Em qual desses times você está jogando?

1. Pouca sensibilidade sua e pouca necessidade do cliente = cinzeiro para não fumantes
O que fazer? Questione suas ações e ouça mais seu cliente. Você pode descobrir que a solução para ele é muito mais simples do que você imagina.

2. Muita sensibilidade sua e pouca necessidade do cliente = liquidação do shopping
O que fazer? Continue antecipando tendências e buscando novidades para prever uma necessidade que nem sempre foi despertada. Surpreender é a palavra! Sempre.

3. Muita sensibilidade sua e muita necessidade do cliente = café para levar
O que fazer? O seu casamento está quase perfeito. Você conseguiu juntar a ?fome com a vontade de comer?. Porém, é preciso manter essa relação, lembrando-se sempre de que clientes são diferentes e têm necessidades diferentes.

4. Pouca sensibilidade sua e muita necessidade do cliente = pizza no almoço
O que fazer? Antes de mais nada, abrir a mente. Nem sempre os mercados ainda pouco explorados significam que não têm futuro. Você pode construir o seu nicho. Lembre-se: sempre haverão os que choram e os que vendem lenços.

Mexa-se. Inove. Ouça o cliente. Dê a ele o que precisa, antes que vá buscar em outro lugar… ou vai deixar essa história toda terminar em pizza?