Aprendiz de muitas artes, mestre em nenhuma (e como lidar com platôs)

Estou relendo um livro chamado Mastery, do George Leonard, que é mestre de artes marciais e faixa preta em aikido.

Um dos elementos que mais me marcaram na primeira leitura que fiz (e por isso a releitura agora) foi sobre o conceito que ele chama de “platô”.

Platô é basicamente uma grande planície, só que elevada. A melhor forma de você visualizar é subindo uma serra e se deparando com uma grande planície.

Isso acontece muito com desenvolvimento pessoal e até com faturamento e venda das empresas.

Por isso também a analogia com as artes marciais é muito prática e útil…

Quando você começa e é faixa branca, tudo é novidade e o processo de aprendizado e desenvolvimento é muito intenso. Você claramente nota que todos os dias melhora um pouco. Pode ter dias melhores e outros piores, mas basicamente você está melhorando.

É fácil ir de faixa branca para amarela ou azul. Na maior parte das artes marciais, em menos de um ano você faz a transição.

A questão é quando você já é faixa marrom e quer ser faixa preta. Quando é faixa preta 1º dan e quer ir para o 2º dan.

Aí sim a coisa pega. Às vezes são necessários ANOS de dedicação para fazer essa transição. Por isso tem tanta gente faixa branca em qualquer atividade e pouquíssimas pessoas faixas pretas. (A analogia vale para tudo na vida, não só para artes marciais!)

Note como passamos a ter quase que um retorno sobre investimento invertido: quanto mais experiente e evoluído se é, mais é preciso se dedicar para melhorar (e não o contrário).

Uma escala de 0 (amador) a 10 (super-ninja-mega-power) pode ser utilizada em qualquer área de atividade humana.

Ir de 0 para 1 qualquer um consegue. De 1 para 2 começa a ficar menos fácil, mas ainda acessível.

Assim você vai evoluindo: cada vez mais esforço pelo que parece cada vez menos crescimento e resultado. A conta “energética” e emocional não fecha, é muita dedicação para pouco retorno visível.

E quanto mais você avança, mais inclinada é a curva e mais demanda e exigência para evoluir. Pois o crescimento não é linear ou sem interrupções. Existem ainda por cima os platôs. Por isso tanta gente fica “mediana” em 200 coisas: aprendizes de muitas artes, mestres em nenhuma. Porque ser mestre de verdade significa lidar com os platôs.

George Leonard notou, como mestre e como aluno, que a maior parte das pessoas desistia quando atingia o platô, aquela fase em que você se dedica, se dedica, e nada acontece.

Parece que você ficou estagnado.

E não é questão de preguiça ou acomodação, isso é diferente. Aqui há dedicação, só que sem evolução.

Poucas pessoas aguentam por muito tempo essa situação, de se dedicar muito a algo que parece trazer pouco resultado. É o platô e, segundo Leonard, onde acontecem justamente os grandes momentos de crescimento. Mas você precisa passar pelo platô se quiser ser faixa preta na sua atividade.

Aqui estão algumas de minhas anotações sobre como ajudar a passar por essa fase e continuar sua caminhada em relação à maestria:

  1. Esteja aberto ao feedback, principalmente de quem já passou por essa jornada.
  2. Estude e aprenda coisas novas – novas técnicas, novos conceitos, novas teorias e ideias.
  3. Teste. Coloque essas ideias e teorias em prática, refine, incorpore como novo hábito.
  4. Mentalidade e humildade de aprendiz: aceite não ser o melhor, não estar 100%, não parecer perfeito.
  5. Coloque novos objetivos, estabeleça minimetas, redefina o que significa ‘ser bom’.
  6. Procure mentores e coaches que tragam uma visão e experiências diferentes, variadas.
  7. Reflita sobre o que realmente te apaixona e motiva nesse processo. Reconecte com aquela energia e amor do começo.
  8. Mentore outros a melhorarem também.
  9. Visão do todo conectado: lembre que todos os elementos da sua vida estão interconectados e dedicar-se a melhorar uma coisa pode não trazer resultado imediato naquela área específica, mas pode trazer resultados incríveis em outras áreas da sua vida (e isso é sucesso e crescimento também!).
  10. Deixo esta em aberto, para você completar por conta própria: o que você pensa e faz quando sente que parou de evoluir numa área importante e fundamental da sua vida?

A resposta a essa pergunta, e como você lida com os platôs, basicamente define quem você é (e quem vai ser).

Lembre-se: períodos de estagnação são normais e até necessários no processo de subir de um nível para outro. A questão é como fazer isso de maneira inteligente e estratégica.

Abraço, sucesso, boa $emana,

Raul Candeloro
Diretor

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