Com amor ou sem amor?

O que diferencia uma boa empresa de uma mais ou menos?

Se fosse convidado a ser juiz de um concurso que escolhesse os melhores restaurantes por quilo da sua cidade, como você julgaria esses lugares? Que critérios usaria? Atendimento? Qualidade da comida? Preço? Instalações?

 

Há anos, criei uma categoria minha para resolver esse problema. É um sistema simples e, pela simplicidade e eficiência, acabei ampliando sua utilização para outras áreas também. E como funciona? Fácil: divido os restaurantes por quilo em “com amor” e “sem amor”.

 

Você já deve ter comido num lugar sem amor. A comida não é ruim, mas também não é gostosa. A sobremesa é sempre gelatina de abacaxi. Suco com muito açúcar, pouco açúcar, sem açúcar… nunca no ponto. O café e o atendimento são razoáveis. Se fossem ruins, o local já teria fechado, mas é um daqueles lugares em que você olha e diz: “Se eu fosse o dono, ia mudar tudo por aqui”.

 

Você também já deve ter comido num lugar com amor. A comida é boa, com um tempero especial. As pessoas sorriem, o banheiro é impecável, a decoração, os pratos e talheres, tudo foi claramente pensado. Você paga a conta, ganha um bombom no fim e sai com a sensação de ter comido bem e de ter sido bem tratado. Ali, as pessoas realmente se importam, e isso transparece em todos os detalhes.

 

Com amor ou sem amor: essa é a minha forma de separar as empresas, as pessoas que trabalham nela, os líderes. Um funcionário que realiza suas tarefas com amor é sempre mais caprichoso, mais comprometido, proativo. Precisa ser treinado, lógico, mas com brilho nos olhos fica mais fácil. Um funcionário sem amor reclama de desmotivação, terceiriza a culpa e não tem iniciativa. A diferença entre os dois é gritante e fácil de reconhecer.

           

E a mesma lógica se aplica para empresários, diretores ou gerentes. Todo amor dentro da empresa, na verdade, começa por cima. Se temos alguém em cima com mentalidade mercenária, ou prostituta (sim, essa é a palavra correta), então obviamente isso cria um determinado clima e maneira de pensar dentro da empresa. Se tenho alguém que está num cargo só pelo poder ou remuneração, então essa pessoa, com grande probabilidade, não pode dizer que amor faz parte do seu dia a dia. E isso é um problema sério.

 

Quando comecei a revista VendaMais, achava que estava no ramo editorial. Hoje vejo que estou no ramo da educação. E o que descobri, assombrado, é que há líderes que não gastam em educação (treinamento) da equipe o que se gasta com café na empresa (calcule na sua e depois me conte!). Por anos me debati com a questão. Finalmente entendi: falta amor. E, porque falta amor, falta também atenção, capricho, comprometimento, iniciativa e respeito. E acaba faltando competência, criando um círculo vicioso. Se um líder realmente ama sua equipe, investe ou não investe nela? Não preciso amar para dar cafezinho… Mas, para treinar e educar, eu preciso.

 

Admito que existe também um problema, que é a aplicação desse amor. Eu posso amar muito um filho e mal educá-lo. Posso amar alguém, e não estar presente. Posso amar e, por deficiências minhas, não conseguir expressar isso corretamente. Enfim, não se engane achando que só amor resolve. Não resolve. Mas, se já é difícil com ele, imagine sem. Fica quase impossível fazer algo benfeito.

 

Resumindo: da mesma maneira que Porter separou as opções estratégicas de uma empresa em custo baixo ou diferenciação, eu criei essa nova segmentação: com amor ou sem amor. Onde você acha que se encaixa?

 

Abraços e boa$ venda$!

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