Como investir em treinamento

Descubra que tipo de treinamento é o mais eficiente para sua empresa. Preencha o campo a seguir e receba agora mesmo a matéria em seu e-mail

Por Tom Coelho

 

A atividade de treinamento é inerente ao mundo corporativo. Algumas empresas a entendem como imprescindível para o desenvolvimento de seus colaboradores, elevando a produtividade com impacto positivo na última linha do balanço. Já outras companhias a enxergam como símbolo de desperdício ? de tempo e dinheiro. E outras tantas apenas a realizam para colorir suas estatísticas de responsabilidade social corporativa, a fim de concorrer a prêmios e ganhar títulos.

O fato é que o treinamento é primordial para capacitar, desenvolver, integrar e estimular as pessoas, permitindo-lhes realizar mais com menos, ensinando-as a trabalhar mais inteligentemente. Todavia, um programa formatado sem planejamento pode representar tempo, dinheiro e energia jogados ao vento. Por isso, a questão recorrente é: como realizar um treinamento produtivo?

1. Palestra ou treinamento?

O primeiro passo é compreender as diferentes abordagens possíveis. Uma palestra se caracteriza por ser um evento de curta duração, podendo se estender desde apenas 15 minutos até 2 horas, sendo que convencionalmente gira em torno de 75 a 90 minutos. Em regra, a palestra é proferida por um único ministrante que a apresenta em formato de monólogo, ainda que muitos profissionais façam uso de diversos recursos para interagir com a platéia, admitindo sua participação.

Diante do tempo disponível, uma palestra tem alcance reduzido, abordando diversos assuntos superficialmente, exceto se o tema for muito específico e de cunho técnico ou científico. Contudo, no universo empresarial, ela tem o poder de agir com caráter de sensibilização, buscando promover a reflexão, surpreendendo, provocando e estimulando as pessoas a saírem da zona de conforto para atentar a novas possibilidades.

Já um treinamento consiste em um trabalho mais profundo que demanda maior dedicação. Evidentemente que a carga horária recomendada depende de fatores variados, podendo transitar de um mínimo de oito até cem horas ou mais, divididas em módulos exercitados no decorrer de semanas ou meses. Entretanto, diante das dificuldades de agenda das empresas, é comum observarmos a realização de treinamentos com carga de 8 a 16 horas, num sistema de imersão total (cursos de um ou dois dias integrais) ou parcial (cursos de meio período ou realizados à noite).

Um treinamento pode ser conduzido por um único facilitador, não sendo raro dois ou mais profissionais trabalharem em conjunto. Enquanto uma palestra pode ser apresentada para um público diminuto ou para grandes platéias, um treinamento, a fim de ser bem-sucedido, deve considerar grupos menores, com no máximo 50 participantes por turma, sendo desejável até a metade desse número em muitos casos.

O propósito de um treinamento vai além de sensibilizar. Espera-se desenvolver nos participantes a habilidade de desempenhar uma determinada tarefa com desenvoltura e segurança. Isso justifica a recomendação de grupos menores, pois deve-se contemplar a realização de atividades individuais e coletivas para fixação dos conceitos ilustrados. Não basta ao participante ouvir e falar, é imprescindível fazer.

Há outras modalidades de trabalho derivadas das anteriores, como os chamados workshops, que nada mais são que minitreinamentos com cerca de quatro até oito horas de duração.

Entre contratar uma palestra ou um treinamento, a empresa deve considerar seus objetivos e orçamento. Assim, para divulgar um novo conceito, reforçar um procedimento ou festejar uma conquista, a contratação de um palestrante é suficiente e adequada. Já para a implantação de projetos e desenvolvimento de competências, um treinamento se faz necessário.

2. Planejando o evento

Qualquer que seja a modalidade de trabalho escolhida, a ausência de um planejamento detalhado é o caminho mais curto para o fracasso. É dentro desse contexto que colhemos tempo perdido, investimento sem retorno e funcionários desestimulados.

O filme Como Fazer o Treinamento Valer a Pena, distribuído com exclusividade no Brasil pela Siamar, apresenta uma eficiente metodologia de planejamento para eventos de treinamento corporativo. A proposta básica consiste em gerenciar o antes, o durante e o depois do evento.

 Antes do evento ? É responsabilidade do gestor levantar necessidades e objetivos que pretende atingir. Isso já sinalizará inicialmente qual modalidade de trabalho contratar.

Se o motivo for premiar os resultados alcançados pela força das vendas, a melhor opção é uma palestra com abordagem motivacional e até lúdica, pois o momento é de celebração. No entanto, se os resultados estão insatisfatórios, essa palestra com perfil motivacional deve primar pelo conteúdo, buscando de forma envolvente apresentar técnicas que sejam colocadas em prática com o intuito de auxiliar na reversão dos resultados adversos.

A contratação da empresa ou profissional que conduzirá o trabalho deve considerar formação, experiência, referências e, em especial, capacidade de personalização do serviço. Converse com o profissional. Observe se há preocupação em conhecer o perfil dos participantes e os objetivos delineados pela instituição. Nada leva mais ao descrédito que uma apresentação que nitidamente não foi preparada para a audiência que a assiste. São os famosos ?enlatados? ? trabalhos padronizados que são indistintamente levados à apreciação de empresas de todos os portes, segmentos e para públicos de todas as idades, graus de escolaridade e níveis hierárquicos. A customização é um fator crítico de sucesso, pois cada companhia e público têm características próprias que exigem abordagens diferenciadas.

Depois de definidos tipo de evento, objetivos e empresa contratada, é fundamental orientar e aconselhar os colaboradores. O grande erro nesse estágio reside em enviar as pessoas para o treinamento sem prepará-las. Por isso, explique a necessidade do evento. Diga abertamente por que a empresa está investindo tempo e dinheiro nessa atividade. Demonstre claramente suas expectativas de melhoria no desempenho. E, sempre que possível, explicite como será feito o acompanhamento pós-evento, evidenciando que a proposta básica é utilizar efetivamente o aprendizado no dia-a-dia da empresa. Isso derruba a mística de que a atividade é um mero evento social, desconectado da realidade da companhia e que no dia seguinte não se lembrará de nada que foi visto.

 Durante o evento ? Há uma regra entre os organizadores de evento que diz: ?Só termina quando acaba?. De fato, até que todos tenham partido, nenhum detalhe pode ser negligenciado. Isso envolve, por exemplo, a estrutura física. Cadeiras desconfortáveis, baixo índice de luminosidade, ar-condicionado desregulado e acústica deficiente são fatores que comprometem a atenção dos participantes.

Os equipamentos solicitados pelo palestrante ou facilitador devem ser previamente verificados. Tenha atenção com pilhas e baterias usadas, pois podem falhar no momento da apresentação, prejudicando a qualidade do áudio. A sugestão é utilizar sempre peças novas.

Horários precisam ser respeitados e intervalos regulares devem ser previstos para café e refeições, sempre com escolha de cardápio adequado. Em treinamentos com imersão, é comum e mesmo aconselhável a realização de uma confraternização, que deve ocorrer apenas no fim do encontro, nunca na noite anterior ao último dia de evento, por exemplo, pois os efeitos de uma noite com poucas horas de sono e o provável consumo de álcool impactarão negativamente no rendimento da equipe.

Uma ocorrência comum observada é a ausência de um colaborador no evento sob a alegação de que gostaria de participar, mas sua caixa de entrada está cheia. Barreiras ambientais dessa espécie precisam ser superadas com ajuda da liderança. Agendas devem ser flexibilizadas, escalas remanejadas e todos os esforços empreendidos no sentido de possibilitar a inclusão de pessoas identificadas como target para o treinamento.

Por fim, não meça esforços no sentido de subsidiar o evento com a máxima qualidade. É lamentavelmente comum encontrarmos materiais pirateados sendo utilizados, o que denota grande incoerência com o propósito do treinamento e possivelmente com a própria carta de valores da companhia.

 Após o evento ? Depois de concluída a atividade, é importante verificar se as metas foram atingidas. O primeiro instrumento é uma pesquisa de satisfação que deve idealmente ser aplicada ainda durante o evento, ao seu término. Pesquisas respondidas posteriormente perdem em representatividade, visto que deixam de captar o momento vivenciado pelo participante.

Uma segunda mensuração deve investigar se houve melhora no desempenho e na produtividade do grupo em decorrência do treinamento realizado. Entretanto, isso só é possível se um pré-teste tiver sido realizado antes do evento.

Nessa etapa, cabe novamente ao líder identificar no colaborador as vantagens do treinamento, demonstrando-lhe pontualmente o progresso obtido. É a hora certa para recompensá-lo, sempre ressaltando que a remuneração financeira não é o único nem o melhor expediente para reconhecer e fidelizar talentos.

Mas como o trabalho não cessa, é importante também reafirmar periodicamente os conceitos e aprendizados, a fim de promover a melhoria contínua. Um bom instrumento de apoio, nesses casos, pode ser o e-learning.

3. Conclusão

A realização de palestras e treinamentos é uma atribuição das corporações. Afinal, considerando-se a crise do ensino em nosso País e o modelo de desenvolvimento sócio-econômico que transfere muitas responsabilidades do Estado para as empresas, o trabalho de capacitação dos trabalhadores ganha relevância como pré-requisito na busca pela competitividade.

No entanto, sem planejamento adequado que identifique por que fazer o treinamento, quando realizá-lo, quem participará, quem ministrará, quanto será investido, como será mensurado o resultado e o que empresa e colaboradores ganharão com a atividade, corre-se o risco de ver efetivamente tempo e dinheiro serem desperdiçados.

Conteúdos Relacionados

Pin It on Pinterest

Rolar para cima