Corrupção, seu caso é diferente mesmo?

Quando nas ruas surgem cartazes literalmente gritando contra a corrupção, achamos que os outros são corruptos demais. Nos sentimos traídos pelos políticos, irritados com tanta cara de pau.

Quando nas ruas surgem cartazes literalmente gritando contra a corrupção, achamos que os outros são corruptos demais. Nos sentimos traídos pelos políticos, irritados com tanta cara de pau.

Em que medida somos culpados por essa bandalheira que vemos estampada nos meios de comunicação? Não acredito que a sociedade, como um todo, deve ser responsabilizada só porque votou nos políticos que estão no poder. Acredito mais na responsabilidade do nível de tolerância que cada indivíduo tem para os próprios atos de corrupção.

E nós vendedores, onde nos situamos nessa história?

Lembram-se como tudo começou no caso do mensalão? O mais emblemático caso de corrupção da história recente chegou ao nosso conhecimento quando um vendedor (pelo menos se fazendo de…) e um comprador dos Correios trocaram um maço de dinheiro. Ação devidamente captada por uma câmera.

Tenho visto, cada vez mais, vendedores dizendo que só conseguem vender se pagarem “bola” para compradores ou equivalentes no caso de serviço público. Vejo prestadores de serviço pagando “mensalinhos” e “mensalões” a compradores ou gerentes de área em empresas privadas. Vejo também a profissão de vendas sendo encarada como a profissão de estelionatários com aceitação velada da sociedade para agir.

E precisa ser assim?

Certamente que não. Assim como eu, há muitos bons vendedores que conheço que nunca precisaram corromper uma só vez para vender. Seu sucesso em vendas não foi baseado na “bola” para compradores. Se é possível para alguns ter ficha limpa, é possível para todos.

A corrupção age de maneira sempre danosa. Não há situação em que a corrupção de fato ajude sempre. No curto prazo às vezes resolve, no longo complica. Sempre aparece alguém oferecendo pagar mais. Também não adianta culpar somente os corrompidos. Na corrupção as duas partes são relevantes para que ela aconteça. Sem corruptor não há corrupto.

Tenho dito desde sempre que o profissional de vendas que engana ou corrompe o faz por preguiça ou incompetência. Diria até que mais por incompetência que por preguiça. A maioria não aprendeu como apresentar de forma vendedora seus produtos ou serviços. Muito menos, como contornar objeções.

Muito empresário, que nunca se dedicou a aprender a vender, julga o caminho da corrupção como sendo o mais curto. Dispensa o trabalho do profissional de vendas e vai ele mesmo fazer o negócio e economizar a comissão de vendas. Outras vezes o empresário contrata representantes “lobistas” para fazer o trabalho de vendedor. Por princípio, o trabalho do lobista é o tráfego de influência, que é uma das formas de corrupção aceita como “legal”, mas nem um pouco ética ou moral. O pagamento do lobista é em si a corrupção ativa.

Posso afirmar que vendedores bem-preparados não precisam corromper para vender. Vendedor bem-preparado sabe contornar o corrupto e avançar na hierarquia da empresa para bloquear a influência negativa.

Temos também o direito de não aceitarmos clientes. Se em algum momento não houver jeito de vender sem corromper, demitimos o cliente de nossa carteira. Se você está dando uma risadinha irônica ao ler isso, você não é do meu time; seja qual for a sua desculpa para corromper, você é um deles. Também posso afirmar que se queremos ter o direito de nos irarmos com a corrupção dos nossos políticos ou servidores públicos temos que ser íntegros em nossa vida profissional e privada também.

Só nossa opção pela integridade individual pode de fato fazer de nosso país um lugar descente e justo para se viver.

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