Crise mundial

No Brasil, não temos mão-de-obra qualificada, nem empreendedores, tão pouco empresários qualificados. A Sony anunciou o corte de dez mil empregos até 2008, inicialmente no Japão e posteriormente nas demais unidades instaladas em todo o mundo. A Volkswagen também anunciou demissões. Será uma crise mundial? Essas informações são importantes para que os trabalhadores no Brasil fiquem de olhos bem abertos. São empresas mundialmente conhecidas e países extremamente evoluídos, então, a situação não está boa. Falando de Brasil, temos muitas dificuldades e as empresas estão automatizando e informatizando, cada vez mais, os seus processos. Temos empresas altamente competitivas com um quadro de funcionários bem enxuto. Esse é um caminho natural e sem volta.

Estou reforçando esse assunto, porque defendo, há anos, que não adianta massificar a informação de que somos um país empreendedor, que temos vários casos de sucesso para exemplificar mudanças de empregados que se tornaram patrões, sem mostrar exatamente qual o caminho a ser seguido. Assim como não temos mão-de-obra qualificada, não temos empreendedores, nem tão pouco empresários qualificados. Afinal de contas, o que é ser um empresário preparado? Essas questões devem ser discutidas em um cenário mais amplo. O empreendedor delibera, o empresário gerencia, o trabalhador trabalha e assim por diante. Mas será que é só isso?

Conheço empresários sem formação acadêmica, mas que tem sucesso porque conseguiram montar equipes que são as verdadeiras soluções. Por outro lado, conheço muitos empresários com ou sem formação superior que são centralizadores e fracassados. Uma coisa é certa, dificilmente uma empresa será gerida por um robô. Assim, haverá sempre a necessidade de termos pessoas preparadas para administrá-la, ou seja, as pessoas continuarão sendo importantes para as empresas e as mais preparadas para a mutante realidade do mercado terão prioridade.

Se a realidade continuar do jeito que está, não teremos empregos para tantos desempregados. A migração de famílias inteiras do interior para a cidade grande continua acontecendo, ocasionando áreas abandonadas e sem produção no interior e sem empregos suficientes na cidade. Conheço famílias que saíram da zona rural em uma situação difícil, porque de cinco pessoas, apenas duas estão trabalhando e com renda baixa. Em uma cidade do interior de Santa Catarina, com seis mil habitantes, um empresário desejava montar uma empresa de produtos fitoterápicos. Ao fazer seu plano de negócio, percebeu essa realidade como uma ameaça, pois precisava de pessoas no campo para plantar as ervas que seriam a matéria-prima principal de seus produtos. Encontrou terras, mas não pessoas dispostas a plantar. Por isso, acredito que somente os programas voltados à agricultura familiar não irão resolver questões como essa. Incentivar microempresas familiares, criar novas necessidades de mercado, pequenas atendendo as grandes. Somos empreendedores e criativos e o primeiro passo já está dado, mas a questão é: o que fazer com tanto talento? É um processo longo. Quando deveremos começar?

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