Empregados empreendedores

Como descobrir o que fazer para ativar esse enorme potencial inovador, que está sufocado pela cultura administrativa burocrática e conservadora? A Multiboston Corporation é uma empresa tradicional do ramo de embalagens. Há dez anos, Daniel Salvanti, um jovem estudante de administração, entrou para a empresa como auxiliar de escritório. Ele ficava intrigado ao ver que a curva de vendas das embalagens de madeira compensada, o produto mais vendido pela empresa na época, estava em decadência há muitos anos. A diretoria assistia à queda e não reagia.

Daniel fez um estudo da concorrência e logo descobriu que fabricantes de novas embalagens de plástico estavam roubando milhares de clientes. Elaborou um plano de negócio propondo a criação de uma divisão especializada em embalagens plásticas. Convenceu a diretoria a fazer o investimento. Como recompensa, foi nomeado gerente da nova divisão. Daniel, hoje, é o todo poderoso presidente da Multiboston Plastic Corporation, a líder de mercado que não produz mais nenhuma embalagem de madeira.

O que acontecia na Multiboston antes da chegada de Daniel acontece, hoje, em muitas grandes e pequenas empresas: acomodação. O consultor norte-americano Larry Farrell ficou milionário diagnosticando o grau de acomodação das empresas e mostrando técnicas para reverter a situação. O Sr. Farrell mostrava que toda empresa adota práticas empreendedoras na sua fase inicial de crescimento.

No começo, ela testa novos produtos, tenta novos nichos de mercado, estuda diariamente o mercado e fica atenta à evolução da concorrência. Nessa fase de decolagem de um novo negócio, parece que o instinto de sobrevivência motiva, nos empregados, a busca contínua da inovação e da criação de valor para a empresa. Parece que todos empregados raciocinam e agem como se fossem donos do negócio.

Infelizmente, depois de conquistar uma posição confortável no mercado, muitas empresas trocam as práticas empreendedoras do início por práticas administrativas, conservadoras e inibidoras de qualquer manifestação inovadora. Isso significa dizer que a empresa passa a navegar no piloto automático, programado pela diretoria burocrática, conservadora e corporativista.

Nesse ponto, começa a fase de declínio e posteriormente a de ?sobrevivência?, ou até a morte da empresa. Foi nessa fase de quase falência que nosso herói, Daniel Salvanti, foi admitido na Multiboston Corporation. Ele quebrou paradigmas. Chegou com um bote inflável, moderno, de plástico, para salvar do naufrágio os tripulantes que estavam fadados a morrer afogados. Eles fatalmente afundariam no mesmo barco, todos unidos e agarrados às antigas embalagens de madeira.

Todas as empresas tradicionais que atualmente apenas sobrevivem no mercado possuem muitos empregados empreendedores como Daniel. O desafio é descobrir o que fazer para ativar esse enorme potencial inovador, que está sufocado pela cultura administrativa burocrática e conservadora. O primeiro passo precisa ser dado pela diretoria. Ela precisa estar absolutamente convicta de que só as atitudes empreendedoras dos empregados podem mudar a situação atual. Depois, será necessário que alguém do alto comando, talvez o próprio presidente, lidere e coordene um projeto de renovação empreendedora na empresa.

Será necessário o envolvimento da área de recursos humanos no treinamento de pessoal. Todas as formas de comunicação interna da empresa devem disseminar mensagens que estimulem o espírito empreendedor dos empregados. Em resumo, será preciso criar uma cultura empresarial empreendedora, amparada por um sistema de gestão que facilite o surgimento de novas idéias e planos de negócios. Além de estimulados, esses empregados empreendedores que se destacam precisam ser reconhecidos, promovidos e recompensados, como se fossem os donos dos novos negócios.

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