Nas grandes cidades do mundo, em meio à pressa, afobação e atropelos, bares e restaurantes, para muitas pessoas, constituem uma espécie de oásis. Nas grandes cidades do mundo, em meio à pressa, afobação e atropelos, bares e restaurantes, para muitas pessoas, constituem uma espécie de oásis. Quem melhor entendeu isso, depois de ?estagiar? em Roma, foi Howard Schultz, que rapidamente retornou aos EUA, recomprou seu, até então, sem perspectivas, Starbucks e, em 20 anos, saltou de cinco lojas para mais de dez mil, nos EUA e na Europa. Criando espaços de alegria, convivência, amizade, relacionamento e leitura, sob a batuta de simpáticos e comunicativos baristas.
No decorrer da minha vida, tenho feito sólidas e leais amizades com garçons e maîtres dos restaurantes que freqüento. Assim, privei da amizade, gentilezas e simpatia do Ático, querido baiano torcedor da Portuguesa de Desportos, no emblemático restaurante do Hotel Cad?Oro de São Paulo ? e hoje no Fasano. Na seqüência, mereci idênticas atenções do Bolinha e do Zezinho, no Caffé Ristoro Romano, na Praça Vilaboim, em São Paulo. E, mais recentemente, venho desenvolvendo novas amizades em alguns estabelecimentos próximos da nova sede do Madiamundomarketing, em São Paulo.
E assim caminhava a humanidade, quando a Secretaria Municipal da Saúde da Cidade de São Paulo decidiu colocar em prática a Portaria de outubro de 2003, que regulava as novas práticas de higiene para os estabelecimentos que trabalham com alimentos, na cidade. Com uma série de recomendações razoáveis, mas que seguramente os donos de bares e restaurantes, sensíveis e competentes, há muito providenciaram e uma barbaridade no meio do texto, impondo a todos os atendentes a Lei da Mordaça. Não poderiam mais falar enquanto manipulassem o alimento. E como durante todo o tempo não faziam outra coisa, segundo a maioria de garçons e maîtres, a partir de 25 de abril de 2004, quando entrou em vigor a portaria, só restava sorrir.
Claro que tamanha bobagem não podia pegar. E garçons, maîtres, sommeliers e chefes continuam nos cumprimentando, conversando, falando de futebol, política e família, na medida em que, com o passar do tempo, acabam se tornando amigos, bons amigos, pessoas com quem, muitas vezes, se encontra mais do que com todos os demais parentes e amigos. No momento do marketing e do mundo, em que as pessoas recorrem mais ao lado direito do cérebro, que procuram viver intensamente todas as escolhas que fazem, que valorizam o desenvolvimento do vínculo emocional, uma Portaria absurda como essa só podia passar batida. E foi o que aconteceu.