Fintech iZettle: soluções de pagamento para pequenos negócios

fintech soluções de pagamento com cartão de crédito

Uma simples ideia, tida para estimular a venda de óculos de sol da esposa, foi o ponto de partida para a criação, em 2010 da fintech iZettle. Fundado em Estocolmo (Suécia), por Jacob de Geer e Magnus Nilsson, o negócio logo se mostrou bastante promissor, motivado pela forte tendência de desaparecimento do papel-moeda no mundo e de crescimento do mercado de meios de pagamento eletrônicos. Para se ter uma ideia, a previsão é de que o papel-moeda na Suécia deixe de circular até 2030. As transações em dinheiro representavam no país apenas 2% do total no ano de 2016.

No Brasil, a iZettle opera desde 2013. A empresa tem como objetivo criar serviços e aplicativos de pagamentos inovadores, que vão de máquinas de cartão que se conectam a celulares e tablets até sistema de frente de caixa e ferramentas úteis para impulsionar vendas. Com foco em auxiliar a impulsionar micro e pequenos negócios, ela também está presente em outros 11 países: Suécia, Finlândia, Dinamarca, Noruega, Reino Unido, Alemanha, Espanha, México, Holanda, França e Itália.

A iZettle foi considerada 26º lugar entre as 1.000 fintechs mais inovadoras do mundo, segundo ranking da consultoria KPMG, e 21º lugar entre as 1.000 empresas que mais crescem na Europa, de acordo com ranking de 2017 do jornal Financial Times. Nos últimos dois anos, foi finalista no Brasil do prêmio ÉPOCA ReclameAQUI, como uma das melhores empresas para o consumidor, na categoria de Meios de Pagamentos Eletrônicos. E neste mês de maio, a PayPal anunciou a compra da iZettle. Conheça um pouco mais da fintech que despertou o interesse da gigante de pagamentos, nesta entrevista com Daniel Bergman, CEO da iZettle no Brasil.

Daniel Bergman, CEO da iZettle no Brasil

Vamos falar um pouco da sua fintech. O que ela faz e o que oferece exatamente?

Olá, Raul. Muito obrigado. É um prazer conversar com você e com todos os leitores da VendaMais. Somos uma fintech fundada há oito anos na Suécia, com o objetivo inicial de democratizar o acesso aos meios de pagamento com cartão. A ideia surgiu depois que a esposa de um de nossos fundadores, Jacob de Geer, queixou-se de perder vendas por não aceitar pagamento com o cartão no seu negócio sazonal de importação de óculos de sol. Hoje, oferecemos serviços financeiros e soluções de pagamento para apoiar o micro e pequeno empreendedor no Brasil e em outros 11 países.

Nossos principais produtos ofertados no Brasil são máquinas de cartão, que permitem que indivíduos apenas com CPF e empresas possam aceitar débito e crédito por meio do seu celular ou tablet. O “Maquinão iZettle” é conectado com nosso aplicativo gratuito disponível para os sistemas iOS e Android.

Além de viabilizar o pagamento, o aplicativo permite a emissão de relatórios estatísticos de fluxo de vendas, a organização dos produtos em uma galeria digital, controle de estoque e cadastro dos e-mails dos clientes. Nosso objetivo é oferecer uma experiência de inteligência financeira que auxilie os micro e pequenos a aprimorarem o gerenciamento do negócio e, assim, competirem com os grandes. Os pequenos negócios respondiam por 27% do PIB brasileiro em 2011, de acordo com a última estimativa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), e são importantes para a sociedade, pois estimulam o crescimento econômico e representam um caminho para uma sociedade mais diversificada e igualitária.

Todo esse trabalho faz com que hoje a iZettle esteja em 26º lugar na lista das 1.000 fintechs mais inovadoras do mundo, de acordo com o ranking da consultoria KPMG divulgado no final do ano passado. Recebemos um total de 130 milhões de euros em aportes financeiros no ano passado e agora nos preparamos para a abertura do nosso capital e para a oferta de ações na bolsa de valores.

Quais as principais tendências que você vê hoje ocorrendo no setor de pagamentos?

Há hoje uma tendência de desaparecimento do papel-moeda no mundo e de crescimento do mercado de meios de pagamento eletrônicos. A previsão é de que o papel-moeda na Suécia – o país onde fica a nossa sede – deixe de circular até 2030. As transações em dinheiro representavam no país apenas 2% do total no ano de 2016. Estudo divulgado no início de 2018 pela consultoria Euromonitor apontou que, globalmente, o volume de transações com cartão superou o de transações em dinheiro. As transações via cartão subiram 5,5% e assumiram a liderança, com volume de 23,3 bilhões de dólares, contra a queda de 1% nas transações em dinheiro.

Seguimos essa tendência no Brasil no ano passado, com um aumento de 5,5% nas transações com cartão no Brasil – superior a alta de 4% das transações em dinheiro. E a projeção é de que as transações com cartão no país devam crescer 5%, contra 1% dos pagamentos em dinheiro até 2022, conforme o mesmo estudo. De acordo com a Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços), as transações com cartão de débito e crédito somaram R$ 580 bilhões no primeiro semestre de 2017, o que representou um crescimento de 6,3% em relação ao mesmo período do ano anterior. A iZettle no Brasil registrou um aumento de 44% no volume de transações quando fazemos o mesmo comparativo.

Esse avanço do setor faz com que outra tendência seja a de que os meios de pagamento eletrônicos passem a fazer cada vez mais parte do dia a dia das pessoas que enxergam neles praticidade e mais segurança. O consumidor passa a ter preferência por comprar em locais que aceitem formas de pagamento além do dinheiro.

De acordo com estudo divulgado em junho do ano passado pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas), por exemplo, 47% dos brasileiros evitam frequentar lugares que não aceitam o cartão de crédito como forma de pagamento ou já deixaram de fazer compras em estabelecimentos por este motivo. Já os pequenos negócios tendem a perceber como a sua clientela se amplia quando eles contam com esses meios de pagamento, além das facilidades de gerenciamento financeiro por meio da tecnologia aliada às máquinas de cartão.

Uma última tendência é que as fintechs estejam na liderança desse processo devido à inovação que oferecem ao setor. As novas empresas na área de tecnologia, as startups –assim como empresas já consolidadas como a iZettle – devem ter um papel fundamental nessa transformação dos meios de pagamento.

Que tipo de empresa pode se beneficiar dos serviços/produtos oferecidos pela iZettle?

Nosso grande diferencial no Brasil é o pagamento antecipado, sempre em dois dias úteis, mesmo das vendas parceladas. Introduzimos essa novidade no Brasil quando ingressamos no País em 2013, depois de estudar o mercado e entender que o sistema de pagamento do crédito parcelado de 30 e 30 dias é muito ofensivo ao fluxo de caixa dos micro e pequeno negócios. Por isso, focamos em desenvolver uma solução simples, sem burocracia e acessível para estes tipos de negócio.

São também as pequenas empresas que mais necessitam do auxílio no gerenciamento das vendas que o nosso aplicativo proporciona.

Da mesma forma, que tipo de situação a iZettle NÃO se propõe a resolver?

Nosso foco é contribuir para o sucesso dos pequenos negócios. Nós não planejamos desenvolver soluções para as grandes corporações.

Quais são os erros mais comuns que você vê as empresas cometendo em relação a este assunto específico dos meios de pagamento?

Se a gente pensar que as principais necessidades de quase todos os pequenos negócios no mundo são conseguir mais clientes e controlar custos, eu destacaria os seguintes erros bastante ameaçadores: 

Primeiramente, limitar-se a aceitar dinheiro, cheque ou fiado. De acordo com o Sebrae, 61% dos microempreendedores individuais e pequenas empresas ainda não aceitam pagamentos com cartão. Isso certamente significa que eles perdem clientes e que realizam vendas com ticket médio inferior ao potencial do negócio.

Lembro-me de um comerciante cliente da iZettle que se chama Marcello Pires e é conhecido como Mestre dos Brigadeiros. Ele abandonou a carreira de advogado para se dedicar aos seus dois food trucks de brigadeiros, que circulam na Avenida Paulista, em São Paulo. Ele não aceitava cartão por achar que o valor do produto era muito baixo. Porém, quando começou a utilizar a iZettle, percebeu que os clientes começaram a comprar em quantidades muito maiores para presentear amigos e a família. Marcelo viu seu faturamento aumentar em 60% em poucos dias.

Outro erro é continua insistindo a gestão off-line do negócio, muitas vezes ainda com papel e caneta. Hoje, existem uma série de ferramentas digitais gratuitas que podem ajudar na administração básica do negócio. Os próprios sistemas de pagamento móvel com cartão, como o da iZettle, são baseados na comunicação com um aplicativo capaz de apresentar um portfólio digital, gerar estatísticas dos produtos mais vendidos e controlar estoque de maneira simples e intuitiva.

Por último, eu destacaria a gestão do fluxo de caixa. É muito usual que donos de pequenos negócios tenham dificuldade de separar com clareza o capital de giro da empresa de suas contas pessoais, o que dificulta o planejamento financeiro e até ameaça a sobrevivência do negócio.

Outro erro comum é confundir o capital de giro com o fluxo de caixa. Enquanto o primeiro considera todas as disponibilidades no caixa e no estoque que permitem a continuidade do negócio, o fluxo de caixa é relacionado ao faturamento e aos gastos. É possível ter um fluxo de caixa negativo com capital de giro positivo em um determinado período. Porém, o saudável é que ambos sejam positivos.

Dessa lista de erros, qual você considera o mais grave? Por quê?

Na minha opinião, esses erros são igualmente nocivos ao desenvolvimento sustentável dos pequenos negócios. Vale lembrar que 27% das novas empresas fecham as portas antes mesmo de completar dois anos de vida. Mas a mensagem importante é que é possível transformar cada umas dessas questões em oportunidade. Como parte natural do processo de formação e adequação às novas tecnologias, os novos empreendedores podem buscar as ferramentas mais adequadas à sua empresa e rever processos para vender mais e melhor.

Imagine que uma empresa está pensando em desenvolver um projeto nessa área de formas de pagamento. Por onde deve começar? De maneira sucinta e objetiva, quais as principais recomendações?

É preciso estudar o mercado de meios de pagamentos eletrônicos. Um segundo ponto se trata do conhecimento das principais tendências do segmento. Por último, e não menos importante, saber o que seu público necessita e o que você pode trazer a ele.

Qual seu diferencial em relação a outros possíveis concorrentes? Por que vocês são diferentes de outros fornecedores da área?

Ao contrário da maioria dos nossos concorrentes diretos, não somos apenas um meio de pagamento com cartão. Somos uma solução de gestão para os pequenos negócios e estamos crescendo na Europa – e futuramente aqui também no Brasil – como uma plataforma comercial.

Outro importante diferencial que temos no Brasil é o pagamento antecipado para todos os nossos clientes, sempre em dois dias úteis direto na conta corrente. Algumas outras soluções até ofertam antecipação de recebíveis, mas para um grupo selecionado de clientes ou ainda cobram taxas adicionais por isso. Outros trazem barreiras para que o comerciante receba pelas suas vendas, com depósito em carteiras virtuais e não diretamente na conta corrente.

Também considero um diferencial a facilidade de se cadastrar na iZettle e começar a aceitar cartão apenas com o CPF ou CNPJ, dados bancários (conta corrente ou poupança), nome e endereço.

Também possuímos taxas abaixo da média do mercado quando fazemos o comparativo dos planos com recebimento do valor das transações em até dois dias úteis. Cobramos 2,39% por transação no débito, 4,99% no crédito à vista e 1,99% por cada parcela adicionada até 12 vezes. O nosso site disponibiliza uma página, onde o varejista pode efetuar esses cálculos: https://www.izettle.com/br/taxas.

Os clientes da iZettle ainda contam com as ferramentas digitais no aplicativo aliadas às maquinas de cartão, que permitem que o empreendedor obtenha em tempo real relatórios e estatísticas sobre as suas vendas, que organize os produtos em uma galeria digital e ainda cadastre os e-mails e outras informações dos clientes.

Com tanta experiência na área, quais dicas ou informações você vê sendo dadas pela mídia em geral sobre este assunto das formas de pagamento com as quais claramente não concorda?

Na minha opinião, a imprensa realiza uma boa cobertura do segmento de meios de pagamento eletrônicos. Quanto às divulgações de marketing das empresas do setor, noto que nem sempre há clareza no que se refere à cobrança de taxas e ao processo de pagamento. É muito importante, portanto, que os jornalistas continuem dando visibilidade a todos os participantes da indústria, destacando vantagens e desvantagens de cada um. Assim, o empreendedor terá mais clareza para decidir a solução que mais se responde às suas necessidades.

Onde uma pessoa que quiser saber mais sobre a iZettle pode encontrar informações e tirar dúvidas?

Temos um site que conta a nossa história, traz informações sobre nossos produtos e serviços e que tem uma sessão de ajuda. Temos um canal de suporte ao cliente ([email protected]) e uma ouvidoria ([email protected]). Também estamos disponíveis para contato no Facebook (@iZettleBrasil), Instagram (@izettle) e Twitter (izettlebr).

Por último, contamos com um blog com dicas sobre como começar, gerir e desenvolver pequenos negócios.

Algum último comentário que queira fazer para os leitores da VendaMais?

Agradeço pela oportunidade da entrevista e gostaria de parabenizá-los, Raul, pelo trabalho que têm feito ao levar informações relevantes aos empreendedores, empresários e comerciantes que buscam a revista e o site VendaMais para aprimorar os seus negócios e adquirir conhecimento.

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