Gerente ou Sargento?

Para se desempenhar o papel de um bom chefe, do verdadeiro líder, não é necessário ser bonzinho com todo mundo, mas é essencial ter competência, equilíbrio, saber se relacionar com pessoas e gostar de gente. Um recruta estava atravessando o pátio de um quartel e cruza com um general que fumava um charuto. O recruta pára o general e diz “amigão dá licença para eu acender o meu cigarro?” Nisso, tira o charuto da boca do general, acende o seu cigarro e diz “obrigado amigão”. O general, por sua vez, diz ao recruta “cuidado, meu jovem, para não fazer isso com o sargento”.

O objetivo dessa historinha é somente para fazer um paralelo com o que acontece no dia-a-dia de muitas empresas. Daquelas que estão cheias de sargentos em seus quadros, provocando a insatisfação total e a desarmonia entre os seus colaboradores, com resultados altamente negativos. Não que todo sargento seja incompetente para liderar, mas muitos querem impor autoridade através da patente, da força. O mesmo acontece com algumas empresas que pregam uma filosofia de trabalho, mas praticam outra totalmente diferente, por incompetência de muitos líderes.

Nos meus freqüentes contatos com funcionários de empresas, ouço bastantes comentários do tipo: que a empresa é excelente para se trabalhar, que os diretores são nota 10, mas alguns chefes são verdadeiros calos. Num comentário como esse é muito importante que se conheça as duas partes, chefe e subordinado, para que se possa concluir onde está o erro. O funcionário é realmente comprometido com o seu trabalho, como diz? É competente? Gosta do que faz? Ou só está ali cumprindo uma obrigação em troca do salário? Essas mesmas perguntas servem para o seu chefe. Para este, tem mais uma muito importante ? gosta de gente? Porque se não gostar já fica difícil liderar.

Com a experiência que tenho de lidar com gente há muito tempo, conheço bem as duas partes de muitas empresas e realmente posso afirmar que em muitos casos a falha vem do líder, que está no lugar errado.

Assim como a síndrome do sucesso prejudica a relação da empresa com o cliente, o mesmo acontece entre líder e liderado. Tem pessoas que tem determinado padrão de comportamento quando funcionário sem patente (recruta), mas quando promovidas, em cargos de chefia, supervisão, gerência etc., mudam totalmente. Deixam até de sorrir, de brincar, porque pensam que liderar é ditar ordens com a cara fechada. É lógico que liderar não significa agradar a gregos e troianos ao mesmo tempo e o tempo todo.

As pessoas nunca estão totalmente satisfeitas e sempre encontram algum motivo para criticar. Isso é normal do ser humano. Mas quando a reclamação é geral, sem distinção, como acontece em alguns casos, aí o negócio é diferente.

Conheço bons funcionários, competentes, preparados, que mudam de empresa porque para seus chefes eram incompetentes e vão para os concorrentes onde desenvolvem excelentes trabalhos, crescendo rapidamente. Alguns até vão trabalhar por conta própria e deslancham, tornando-se grandes empresários. Passam a fazer parte daquele ditado que diz “Há certos males que vêm para o bem”. E isso acontece constantemente, principalmente quando o chefe está no lugar errado, tem medo de sombra e vê o subordinado preparado como concorrente.

Chefes que não tem segurança vivem assombrados, temendo serem ultrapassados por seus subordinados, sobretudo quando reconhecem potencial em algum deles. Demonstram claramente ciúmes dos colaboradores bem-sucedidos e a saída é prejudica-los o tempo todo. Por isso procuram se cercar de pessoas incompetentes, de puxa-sacos, fofoqueiras, de modo que eles sejam o centro das atenções. Lamentavelmente muitas empresas perdem um grande patrimônio, o qual não se constrói de um dia para o outro.

Lembrei-me de um profissional que ao ser promovido mudou radicalmente de comportamento. Quando ele exercia o cargo de vendedor de uma grande empresa, logo no início da carreira, capotou um carro dentro da cidade, resultando na perda total do veículo. Apesar da imprudência, foi perdoado por ser ainda jovem e sem experiência. Com o tempo chegou a gerente da mesma empresa. Já nessa função, com mais idade e experiência (pelo menos era para ter), demitiu um colaborador porque teve o carro arrombado por ladrões que levaram um simples notebook! Sem dúvida, esse não foi o verdadeiro motivo para a demissão do subordinado, foi apenas um pretexto porque o funcionário é competente e certamente seria um concorrente a sentar na cadeira de gerente. Pelo que se sabe, a relação desse gerente com seus subordinados é do tipo “Eu mando e você obedece ou então o chicote come”, estilo capataz. Com esse tipo de liderança, quem não é dotado de personalidade forte, é inseguro e tem medo de arriscar, permanece no emprego porque a situação está difícil e necessita do salário. E infelizmente grande parte das pessoas se submete a esse tipo de comando, que é o preço pago pela acomodação. Os decididos e preparados, ao contrário, partem para outra quando não são demitidos na primeira oportunidade.

Para se desempenhar o papel de um bom chefe, do verdadeiro líder, não é necessário ser bonzinho com todo mundo, mas é essencial ter competência, equilíbrio, saber se relacionar com pessoas e gostar de gente. É fazer com que os liderados sintam prazer em colaborar, que participem das ações e não simplesmente as executem por ordem, estejam certas ou erradas. Que não sejam adeptos do ditado “Manda quem pode e obedece quem tem juízo”. Isso é para incompetentes. Entretanto, o verdadeiro líder deve se responsabilizar pelos acertos e erros e não somente se creditar dos saldos positivos, deixando os negativos para os liderados, como acontece com chefes que estão no lugar errado, ocupando as vagas que seriam de colaboradores competentes. Por sua vez, é de suma importância que os empresários estejam atentos para ver o que acontece no cotidiano de suas organizações, a fim de não destruir o seu valioso patrimônio, que é gente de boa qualidade, em função de uma promoção que não deu certo, para que o erro seja corrigido a tempo. Como se sabe, errar é humano, mas permanecer no erro é o caminho mais certo para o fracasso.

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