Em 2005, e não deverá ser diferente nos próximos anos, a disputa travada nas empresas será para encontrar profissionais que tenham a visão do todo e saibam o que fazer para que todos ganhem. Em 2005, e não deverá ser diferente nos próximos anos, a disputa travada nas empresas será para encontrar profissionais que tenham a visão do todo e saibam o que fazer para que todos ganhem.
Na Índia, onde passei os últimos 45 dias, trabalha-se a idéia de pensamento de miséria em contraposição ao de abundância. No pensamento de miséria, comum aos norte-americanos, ?para um ganhar, o outro tem de perder?. Só dá para ter um vencedor. Então, para o acionista ganhar, o funcionário tem de perder. Para a empresa ganhar, o cliente tem de perder.
O pensamento de abundância, por sua vez, defende que sempre há meios de todos terem bons resultados e que cada um fará a sua parte para esse fim. Segundo os ensinamentos dos mestres zen Saibaba e Osho, precisamos desenvolver a mentalidade de abundância, acreditar que é possível criar para todos. Verdadeiros líderes caminham para esse propósito.
Esse é o grande drama no Brasil. Até por ser um país novo, o Brasil alimenta a idéia de líderes extremamente rebeldes e radicais. A gente acha que ser líder é ser do contra. Ser líder é conseguir que todos ganhem. Anos atrás, o presidente Lula era inflexível em seu discurso e os trabalhadores figuravam como os únicos vencedores. Nessas condições, ele até poderia ter sido eleito, mas ainda assim não seria um líder. Ele começou a tornar-se um líder para valer quando colocou os empresários como também merecedores da vitória.
Empresário tem de ganhar, senão, não gera emprego e opta por deixar o dinheiro no mercado financeiro. O professor, a empregada doméstica, o gerente precisam ganhar, ao contrário disso preferem ficar fora do jogo.
Vejamos o caso dos sem-terra. Uma das quantias mais estúpidas gasta na história do País foi com a reforma agrária. Mas o governo precisa reservar dinheiro para esse fim, porque pessoas incompetentes também devem ter um mínimo de esperança.
Seja na sociedade, no governo, na família ou nas empresas, são necessárias pessoas com capacidade de pensar no todo. A maior parte pensa assim: ?como eu ganho o meu?, ?como eu livro o meu?… Outros, ?como eu faço o acionista ganhar?…
A empresa que tem como prioridade o acionista e depois o trabalhador, a longo prazo não é boa. Se eu crio um empreendimento, o profissional tem de ter a chance de virar sócio desse negócio. Se isso for verdadeiro, o trabalhador vai escrever o nome da empresa na camisola ou no pijama.
Nosso pensamento é estruturado em demasia no ?eu? e no ?meu?. Ou optamos pelo ?nosso? restrito: ?a gente aqui do marketing vai ver como livra o nosso?. Dane-se se arrumar encrenca com o financeiro. Como se a empresa fosse sobreviver só com o ?nosso do marketing?. Assim, não formamos líderes. Em outros casos mais evoluídos, há ?o nosso da empresa?. Mas também está errado. Tem de ser o nosso dos stakeholders (parceiros).
Todo mundo, desde os fornecedores, devem ganhar. Eu sempre fico muito chateado quando algum parceiro meu tem prejuízo, mesmo que eu tenha me saído bem de um evento. Não pode. O meu stakeholder não pode perder. Fico possesso quando um parceiro oferece péssimas acomodações para os participantes de uma palestra. A gente já ganhou, mas o auditório está péssimo. Não dá.
O verdadeiro líder consegue pensar em todos. Essa visão dos parceiros ganharem, todos!, é a chave desse negócio de liderança. Infelizmente, o Brasil está indo para uma rota de formação de especialistas. Por exemplo, cursar Administração de Empresas com ênfase em Marketing. Formam-se profissionais do ?nós marketing? e dane-se produção, vendas, financeiro. Precisamos voltar a ter um projeto de educação em que pessoas visualizem o todo. Enquanto tivermos líderes que vêem só o seu ou o do seu grupo, não sairemos do lugar.
Nosso desafio em 2005, portanto, é sermos profissionais capazes de responder e solucionar a questão: como faço todos ganharem? Como coordenador de uma área, eu preciso pensar no resultado de todos. Como presidente de uma empresa, eu preciso dar um jeito de todos ganharem. E para tanto, tem de perceber o que é o ponto fraco ou o empecilho de bons resultados e solucioná-lo para fazer com que todos ganhem.