Liderar é um ato de coragem

As pessoas nascem com impulsos, vontades e desejos. Mas se não houver persistência, força e coragem para alcançar seus objetivos, não chegará a lugar algum. Você já viu como há pessoas que conseguem o que querem? Tem um bom emprego, a casa dos sonhos, uma família feliz, sucesso pessoal, material e profissional. Falam de viagens ao redor do mundo como algo comum em suas vidas. Estão sempre bem arrumadas e participam dos agitos mais importantes da comunidade na qual vivem. Além de profissionais bem-sucedidos, conseguem a aprovação dos que trabalham com eles. Por que será?

O que estas pessoas têm que os tornam diferentes? Pessoas de sucesso? Líderes eficazes? Se fizermos uma análise profunda da vida de cada uma delas, percebemos que há diversos fatores influenciando sua história. Alguns podem ter herdado fama e fortuna, mas sabemos de muitos outros que não tiveram uma infância tão abastada e, mesmo assim, superaram esses desafios.

Há diversas linhas filosóficas e científicas que estudam o comportamento humano justamente para compreender o porquê dessas diferenças. Por que alguns são líderes e outros serão eternamente liderados? Muitos psicólogos compreendem que há pessoas com forte automotivação e carisma, e que isso é o suficiente para torná-las sinônimo de sucesso. Acredito que, além disso, um dos fatores primordiais para se atingir o ápice na vida pessoal e profissional é ter coragem.

A história da humanidade e das grandes conquistas, a mitologia, a ciência e muitas outras áreas do conhecimento demonstram que ter coragem é o primeiro passo para se atingir um objetivo. Um exemplo marcante é Lee Iacocca. Ficou famoso pela determinação e coragem para reerguer a Chrysler e transformar-se em benchmark sobre gestão de pessoas e de negócios. Assim sendo, podemos concluir que liderar é um ato de coragem. O sujeito covarde, pessimista, que desacredita da própria sorte é esquecido, largado, deixado de lado por todos e até mesmo por si. Ninguém acredita naquele que teme o futuro, muito menos nos desafios da vida.

A coragem se desenvolve através das diversas oportunidades que a vida nos dá. As pessoas nascem com impulsos, vontades e desejos. Mas se não houver persistência, força e coragem para alcançar seus objetivos, não chegará a lugar algum. Quando ensinamos a uma criança a importância de não desistir de seus sonhos, estamos plantando nela a semente da coragem. Quando delegamos aos funcionários atividades que acreditamos serem capazes de cumprir, também estamos conferindo a chance deles agirem com coragem e superarem os próprios limites.

Coragem implica em sair do lugar, arriscar, tentar, mexer-se, e não se acomodar. O líder é exatamente aquele que desacomoda, que interfere positivamente no status quo, que mobiliza as pessoas a seu favor, que define as metas, mostra os caminhos e faz com que todos tenham vontade e orgulho de caminhar a seu lado.

Isso me faz lembrar da história narrada no Livro das Virtudes II, de William Bennett, sobre Alexandre, o Grande. Certa vez, ele conduzia seu exército de volta para casa depois da grande vitória contra Porus, na Índia. A região que cruzavam era árida e deserta e os soldados sofriam terrivelmente de calor, fome e, mais que tudo, de sede. Os lábios rachavam e as gargantas ardiam por falta de água. Muitos estavam prestes a se deixar cair no chão e desistir.

Um dia, por volta de meio-dia, o exército encontrou um destacamento de viajantes gregos. Vinham montados em mulas e carregavam alguns recipientes com água. Um deles, vendo o rei quase sufocar de sede, encheu um elmo com água e ofereceu-lhe.

Alexandre pegou o elmo nas mãos e olhou em torno de si. Viu os rostos sofridos dos soldados, que ansiavam por algo refrescante tanto quanto ele. ?Pode levar, pois se eu beber sozinho, o resto ficará desolado. E você não tem o suficiente para todos?, disse ele.

E devolveu a água sem tomar uma gota. Os soldados, aclamando seu rei, puseram-se de pé e pediram que o líder continuasse a conduzi-los adiante.

Por isso, afirmo que liderar é um ato de coragem. Nem sempre o líder será aceito ou suas idéias serão assimiladas por todos. Nessa hora, é fundamental coragem para aceitar críticas e, se necessário, mudar. O grupo percebe aquele que titubeia diante de uma decisão. A pior coisa que pode acontecer a um líder é não ter o respeito de sua equipe. Sabemos que a verdadeira liderança não se conquista pela força opressiva, mas pelas atitudes de coragem reconhecidas pelos liderados.

É importante ressaltar que coragem nada tem a ver com impulsividade. A primeira é um ato planejado, estruturado, com um alvo a se alcançar. Daí o indivíduo utiliza essa força para superar os desafios e alcançar suas metas. A segunda é resultante do descontrole que, conseqüentemente, trará um resultado imprevisível. O líder, antes de tudo, precisa ter a confiança de seus liderados. E isso somente será possível com atitudes corajosas, e não impulsivas.

Imagine uma situação de risco: um incêndio, por exemplo. Líder é aquele que corajosamente organiza o grupo, orienta e toma as decisões acertadas. Aqui está a diferença: ele toma as decisões corretas. Mas como saber que as decisões foram as melhores? Simples! Ele atua com determinação, planejamento, senso crítico, e não por impulso. O líder tem de prever o futuro, imaginar as possibilidades, enxergar o que ainda não veio. Assim poderá tomar as atitudes acertadas e, com isso, garantir sua eficácia na condução de equipes.

Para concluir, deixo uma citação de Jim Goodwin, onde diz que o impossível, em geral, é o que não se tentou. Com isso, reafirmo que liderança é só para quem tem coragem.

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