Negócio da China?

Quem disse que os chineses são melhores? Quando eu era jovem a expressão ?negócio da China? significava que alguém tinha conseguido uma excelente negociação e adquirira um excelente produto a baixo preço. Fico me perguntando qual será o significado que minhas filhas estarão dando a essa expressão daqui a algum tempo. Sabemos que os chineses estão em todos os mercados, oferecendo seus produtos ? que têm uma qualidade cada vez maior ? a preços difíceis de competir. O que podemos fazer para não sermos engolidos pelo furacão chinês? Como mostrar que nossas ofertas são melhores (ou pelo menos tão boas quanto) que as dos nossos amigos do outro lado do planeta?

Para começar, temos de aprender uma lição: há alguns anos, podíamos dizer que a maioria dos produtos chineses era ruim, pois durava pouco e não merecia confiança. Será que esses argumentos continuam válidos? Sabemos que não. Isso porque os chineses fizeram uma coisa óbvia (copiando algo que os japoneses haviam feito em meados do século passado), investiram no próprio negócio todo o dinheiro que ganharam. Em outras palavras, em vez de satisfazer aos clientes e dar lucro aos acionistas, limitaram-se inicialmente a atender a clientes de baixa renda ? a tal base da pirâmide, da qual tanto se fala hoje ? e direcionaram todo o lucro para a melhoria dos produtos. Atualmente, já conseguem atender a uma fatia mais sofisticada e lucrativa do mercado e tenho certeza de que continuarão a progredir até conseguir atingir um patamar de excelência que hoje caracteriza empresas como Sony e Toyota. Quem viver verá.

Mas qual é mesmo a lição que temos de aprender?

Precisamos ter visão de longo prazo. Se o lucro é o justo reconhecimento por um trabalho bem-feito, é importante aprender que ele vem com o tempo, além de despertar em nossos consumidores o orgulho de comprar produtos brasileiros. É incrível que no exterior as pessoas desejem ter uma sandália Havaianas e aqui ela continue a ser vista como um ?produto para pobre? ? você já viu algum rico, flagrado na intimidade, usando uma sandália dessa? Quando vai aos centros de compra popular, vulgarmente conhecidos como camelódromos, quantas marcas brasileiras você vê que foram falsificadas? Por quê? É simples, nós não somos estimulados a valorizar o que é nosso. Se alguém pede uma pinga como aperitivo, logo aparece um para torcer o nariz e elogiar as qualidades de um verdadeiro malte importado.

Também é preciso treinar nossos vendedores para que eles ressaltem diferenciais que os produtos chineses jamais serão capazes de se igualar. Eles não conhecem nosso mercado, hábitos de consumo, estrutura de distribuição, cultura e antropologia tão bem como nós. E nunca conseguirão fazê-lo, pois seu modelo mental é completamente diferente. Para ser sincero, acho que se realmente quisermos vencer os chineses com seus preços imbatíveis, temos de aprender a acreditar em nós mesmos. Não há nada que os produtos deles façam que não possamos superar ou no mínimo igualar. O segredo é trazê-los para o nosso terreno, em vez de tentar brigar onde eles realmente são bons: na oferta de produtos baratos. Nós nos conhecemos como ninguém mais é capaz de fazê-lo e temos de aprender a tirar vantagem disso. Pense nisso e boas vendas!

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