Nem luxo nem lixo… Simplesmente moda!

Conheça a história da Daspu, a grife que chacoalhou o mercado da moda ao misturar empreendedorismo e ousadia Conheça a história da Daspu, a grife que chacoalhou o mercado da moda ao misturar empreendedorismo e ousadia

Uma grife de prostitutas, uma polêmica judicial, muita repercussão e, conseqüentemente, muitas vendas. Essa receita fez com que a Daspu conseguisse, em apenas seis meses, aquilo que é almejado por outras empresas durante anos: ganhar notoriedade na imprensa nacional e internacional. Mas por que se fala tanto em Daspu? Qual o motivo que fez com que esse nome caísse na boca do povo?

A Daspu nasceu há cerca de um ano, durante a comemoração dos 13 anos da ONG DaVida, que atua pelos direitos das prostitutas. Gabriela Leite ? ex-estudante de Sociologia que abandonou os estudos, fez programas durante 11 anos e hoje é dirigente da ONG ? reavivou a idéia de alguns anos de criar uma grife com objetivos diretamente associados à ONG, como denunciar e reduzir o preconceito, estigma e discriminação; assegurar visibilidade social às prostitutas e divulgar as metas, propostas e gerar recursos para os projetos sociais da instituição.

O lançamento da grife seria apenas em 2006. Mas um furo de reportagem, em novembro de 2005, fez com que a história da Daspu se espalhasse como rastilho de pólvora. ?A repercussão foi muito grande e permanece até hoje. Por ser uma iniciativa de prostitutas, pela notificação exigindo a troca de nome, por conta de desfiles nas ruas, participação no Fashion Rio, as vendas volumosas de camisetas e a grande aceitação pelo restante da sociedade?, relata Gabriela, hoje também diretora-geral da Daspu.

Negócios virtuais

A Daspu continua o processo de estruturação como empreendimento, tanto que a própria equipe da ONG tem se esforçado ao máximo para dar conta do recado. O grande trunfo do negócio é a loja virtual. Apenas nos três primeiros meses de funcionamento, foram mais de 300 mil visitas e mais de duas mil camisetas vendidas. Nem sites de marcas tarimbadas chegam a tais números. ?Acreditamos que o sucesso se deve à forma como a grife é percebida pelo restante da sociedade: originada de um grupo batalhador de mulheres, atuando honestamente, mostrando a cara e denunciando a desigualdade social brasileira. Além disso, fazemos ativismo com humor e criatividade em nossas camisetas?, justifica Gabriela.

Por falar em site, o da Daspu adverte: ?Não discriminamos mulheres de outras profissões?. A idéia do empreendimento é justamente a de criar uma moda que seja utilizada por todos, como afirma Gabriela. ?É moda para quem quiser. De fato, muitas mulheres e homens de outras profissões têm adquirido nossos produtos. Não discriminar é um toque, um fato e um ideal que queremos para nós e para o restante da sociedade.?

Negócios reais

Mas como a Daspu dá conta de atender a tantos pedidos, quando a procura é maior que a demanda? Na primeira fase de produção de camisetas da linha ativismo, a empresa contratou serviços de terceiros, escolheram malha, corte e enviaram as estampas para impressão. ?O maior problema está nos prazos, quase sempre furados pelos fornecedores. A solução que temos adotado é a de ampliar o número de fornecedores. Mesmo assim, há períodos (como ocorreu no Natal e no Carnaval) em que temos dificuldades para fornecer com rapidez aos clientes?, conta Gabriela.

O objetivo agora é fazer da Daspu um negócio rentável e um instrumento de cidadania, pois eles acreditam que vieram para ficar. ?Com um bom plano de negócios, a adesão de outros profissionais, avaliação constante e a manutenção de nossas idéias e ideais?, confessa a empreendedora.

O trocadilho da discórdia

Uma grande polêmica se instaurou no meio empresarial, quando a Daslu ? a famosa butique de luxo de são Paulo ? notificou extrajudicialmente a Daspu. O motivo era a escolha do nome, que a grife alegava estar ?denegrindo? sua imagem. Mas Gabriela é firme na defesa da Daspu. ?Não mudamos o nome nem vamos mudar. Lutaremos pelo direito de usar um nome que reflete precisamente o que somos. Consideramos, inclusive, que se tratou de preconceito.? Ela deixa claro que não é objetivo da Daspu incomodar a Daslu, pois são roupas de mundos muitos diferentes.

O objetivo declarado da Daspu é mesmo gerar recursos para os projetos sociais da ONG DaVida e ampliar a visibilidade e atuação do movimento de prostitutas, em sua luta contra o preconceito e pelos direitos e cidadania das profissionais do sexo. Um belo exemplo de que um negócio rentável também pode ser um instrumento de cidadania, independente da categoria em que esteja inserido.

6 lições da Daspu para sua empresa

1. Faça um plano de negócios e defina suas estratégias.

2. Invista na internet e lucre com o comércio virtual.

3. Acompanhe o trabalho dos fornecedores e cuide para que não faltem produtos no estoque.

4. Esteja preparado para vender mais, em datas comemorativas.

5. Se necessário, não hesite em terceirizar.

6. Alie responsabilidade social ao seu negócio.

Conteúdos Relacionados

Pin It on Pinterest

Rolar para cima