O CÓDIGO DA VENDA

Veja o que falam os maiores gurus do mundo sobre como trabalhar bem e faturar nos próximos anos.

A HSM reuniu, no final do ano passado, em um mesmo evento, grandes gurus e especialistas em gestão do Brasil e do mundo. Veja agora o que Regis McKenna, Roger Merrill, Abílio Diniz, Jack Welch, Kenichi Ohmae, Arie de Geus, Thomas Stewart, Ram Charam, Tom Peters, Ben Zander e Ozires Silva pensam a respeito de vendas, marketing, como gerenciar e vender hoje e nos próximos anos. Um time de especialistas que revelam como decifrar o código da venda.

Veja o que eles têm a ensinar a você:

OLHO NO FUTURO

Ben Zander: ?Percebi uma grande falha no mundo corporativo logo na primeira vez que convidei empresários para assistir um ensaio da orquestra. Eles estranharam que eu conduzia não o que acontecia, mas o que estava para acontecer. Eles afirmaram que gostariam muito de poder trabalhar assim, com foco no que está parta acontecer?.

Kenichi Ohmae: ?Mesmo vivendo em um mundo onde as mudanças são cada vez mais constantes, as empresas não percebem o perigo chegando. E quanto maior você for, mais vão sofrer. Veja o caso da Kodak, com seus laboratórios de revelação espalhados pelo mundo todo. E não é só a câmera com filme que vai desaparecer. É o segmento da indústria inteiro. Não existe um mercado de câmera digital, existe mercado de acessórios para celular.

Arie de Geus: ?Seja vendendo, seja dirigindo uma companhia, não coloque ?lucro? na frente de todo o resto. Ache seu foco, o que você pretende fazer, concentre-se nisso e você poderá lucrar até 15 vezes mais do que quem só pensa em ganhar dinheiro. Por mais que as coisas mudem, as verdades fundamentais permanecem. Veja a DuPont, por exemplo. A empresa foi criada na era napoleônica, antes do surgimento do vapor. E desde então seu foco foi descobrir e comercializar tecnologias novas e úteis ao homem. Mudam as tecnologias, mudam os setores em que ela atua, mas esse foco continua.?

Ozires Silva: ?Além disso, temos vários problemas, nossos, que precisamos resolver. Só para um exemplo: criei a Embraer USA (subsidiária da empresa brasileira nos Estados Unidos) em meia hora. Aqui, abrir uma empresa leva 152 dias. O governo Lula tem vários méritos. A rigidez financeira, por exemplo, é absolutamente necessária mas não é o suficiente. É preciso desenvolver o mercado interno, até mesmo porque exportação você não controla, não dá para mandar no mercado internacional, em outros países.?

INTEGRAÇÃO

Jack Welch: ?Hoje o conceito parece batido, mas foi revolucionário em 1990, quando o apresentei ao pessoal da GE: queria uma empresa sem fronteiras. Ela removeria todas as barreiras entre as funções: engenharia, fabricação, marketing e todo o resto. Essa nova organização não reconheceria distinções entre operações nacionais e internacionais. A ausência de fronteiras, além de melhorar a comunicação e o ambiente interno, também nos deixou mais permeáveis a idéias, a boas práticas vindas de fora que rapidamente implantamos em nossa empresa. E foi muito além disso. Era aquela nova mentalidade que nos faz acordar sempre com a meta de ?Descobrir algo melhor, todos os dias?. Foi uma frase que se transformou em slogan, afixado nas fábricas e nos escritórios da GE em todo o mundo.?

VALOR


Regis McKenna: ?Falando em celular, hoje é possível comprar um aparelho por um dólar. Um celular de brinquedo chega a custar 20 dólares. Parece que é muito mais negócio fazer celular de brinquedo do que de verdade. Mas não, o valor do celular é o serviço, é o serviço que você usa. O hardware, o aparelho é cada vez mais barato, mas o software, os serviços oferecidos…?

LEALDADE DO CONSUMIDOR

Regis Mckenna: ?Desafio qualquer um a dizer qual é a cerveja mais vendida nos Estados Unidos. Não importa a marca que disserem, a resposta está errada. A cerveja mais vendida é ?outras?. Todas as marcas locais, de microcervejarias, ou marcas próprias de supermercado superam, em vendas e fatia de mercado, as marcas famosas. Por quê? Porque para essas marcas pequenas é mais fácil transformar o consumidor em um parceiro, desenvolver um sentido de comunidade. Esse é um dos segredos do sucesso da rede de lanchonetes Starbucks: os consumidores consideram o local um clube, onde encontram pessoas com interesses e gostos afins. Não basta mais uma propaganda bonita, ou um desconto para garantir a lealdade do consumidor. Ele está aprendendo cada vez mais, você também está aprendendo, é necessário dar motivos para se estabelecer uma parceria?.

GERENCIAR HOJE

Arie de Geus: ?Em meados dos anos 90, conferências de RH falavam de empregabilidade. Gerentes e diretores diziam, praticamente com todas as palavras, para os novos funcionários: ?Olha, não acreditamos em emprego para a vida toda. Em três anos, vamos demiti-lo, mas não se preocupe, nosso nome em seu currículo vai aumentar sua empregabilidade?. Nos últimos cinco anos, esse termo sumiu. Foi substituído por ?gestão de talento?. As empresas querem saber como reter as pessoas-chave. Em todos os cantos do mundo há uma verdadeira guerra pelo talento.?

Regis McKenna: ?Por exemplo, há um jornal no Vale do Silício (região norte-americana onde se concentram as empresas de tecnologia) que é publicado em quatro línguas. É preciso saber lidar com essa diversidade. Cada pessoa é única na empresa, na rede de contatos que faz as coisas acontecerem?.

Arie de Geus: ?Ainda assim, esse distanciamento entre pessoas ainda é uma das grandes causas de mortalidade de empresas no mundo. Geralmente uma companhia nasce e é vista como a extensão do dono. Existe, na prática, uma grande diferença entre ?nós? e ?quem só nos ajuda?. É preciso acabar com isso, criar um status único nas empresas: que todo mundo seja ?nós?.?

Abílio Diniz: ?No fundo, a escolha é sua. Teve uma hora que paramos e raciocinamos: não vale a pena ter uma empresa dependente do Abílio, da Ana ou do João ou de quem quer que fosse. Se quiséssemos que o Pão de Açúcar se fortalecesse e resistisse ao tempo, uma empresa feita para durar, teríamos de fazer com que ela caminhasse por si só.?

Ram Charan: ?Para gerentes: se você procura desenvolver novos produtos, desenvolva também novas pessoas, pelo menos duas por ano. Tenha estratégias. Faça com que elas sejam criativas. É preciso criar essa reserva para permitir que sua empresa cresça, para substituir pessoas que saiam por qualquer motivo, para manter a empresa sempre alerta para os novos desafios.?

Confira o que dizem os gurus sobre futuro digital, como vender, conhecimento, era das pessoas e unindo conhecimento e pessoas

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