Somente com planejamento e trabalho em equipe poderemos sair vitoriosos neste mundo de muitas lebres e outros bichos mais. Confesso que me lembro muito bem da seguinte história, não lembro de onde, mas, de qualquer forma, vale a pena dividir com os amigos leitores.
Conta-se que transcorria animada a assembléia dos bichos quando a lebre ainda revoltada pediu a palavra:
– Cansei-me de ser estigmatizada como negligente e leviana por perder a competição para o jabuti.
Demonstrando uma falsa humildade continuou:
– Está certo que falhei, mas mereço uma nova chance e ? com ar de superioridade, emendou ? desafio o jabuti para uma nova prova.
O macaco que presidia a sessão foi enfático:
– A peleja foi leal e as regras foram acordadas por ambos e cumpridas plenamente, portanto, o resultado é irrecorrível e ? olhando para o jabuti, completou ? a não ser que o jabuti concorde.
Todos os olhares convergiram para o jabuti que, cabisbaixo e humilde, apenas balbuciou:
– Seja feita a vontade da senhora lebre.
A lebre exultante propõe:
– Veja aquela árvore ? disse, apontando ? quem atingir seu topo ganha a prova.
E, com arrogância e ironia, dirigiu-se ao jabuti dizendo:
– Deixo ao senhor jabuti a primazia da primeira tentativa.
A surpresa foi geral, afinal, lebres e, muito menos, jabutis são capazes de subirem em árvores.
Acontece que a lebre marota e nem um pouco ética já havia traçado seu plano.
Era simples, o pico da árvore, uma frondosa amendoeira, estava ao nível de um morro e um de seus galhos quase atingia sua superfície. Com um pequeno e seguro pulo atingiria facilmente o topo da árvore, o que seria impossível para o pobre jabuti, incapaz de pular.
A prova, marcada para três dias depois, gerou uma ansiosa expectativa na bicharada. A lebre circulava exultante e galhofeira considerando essa peleja uma barbada.
– Vou transformar aquele pobre jabuti em picadinho! ? exclamava.
O jabuti postou-se impassível diante da amendoeira e lá ficou por horas e horas. Sua atitude era interpretada por alguns como uma maneira de estudá-la e tentar descobrir uma forma de realizar a prova; outros interpretavam como uma atitude de contemplação furiosa e mudo desespero.
Após dois dias, o jabuti rompeu com seu silêncio e solicitou uma reunião de emergência com alguns amigos: o macaco, o elefante e a águia, para expor a situação e, em equipe, montar uma estratégia.
Quando todos chegaram, ele disse:
– Descobri qual é a artimanha da lebre. Ela pretende subir no morro onde um dos galhos da amendoeira está muito próximo, assim, com um pequeno salto, ela conseguirá atingir o galho, mas com a ajuda de vocês, conseguiremos criar uma estratégia e vencê-la.
– Como? ? questionou o macaco demonstrando ansiedade.
Tranqüilamente, o jabuti expôs seu plano:
– Você, amigo elefante, com sua tromba, me coloca no primeiro tronco da árvore, você amiga águia, deve convocar suas colegas para juntas inverterem os galhos da amendoeira, assim ao soltá-lo, com o impulso, serei jogado para cima até o topo, onde o amigo macaco estará atento para me amparar. E você, amiga águia, manterá o galho próximo ao morro recolhido para evitar que ele dê acesso à lebre que se acha muito esperta.
Todos concordaram e acharam o plano perfeitamente viável.
Ao chegar a hora, assim foi feito e, com sucesso, o jabuti venceu a competição mais uma vez.
A lebre assistiu a tudo estarrecida, com o galho da amendoeira recolhido, seu plano ficou sem sustentação para o planejado salto.
Enquanto a bicharada aplaudia efusivamente o vencedor por sua astúcia, a lebre saiu de fininho descendo a ladeira, totalmente aniquilada e humilhada, e, ao encontrar a rã, comentou:
– Viu como eles trapacearam?
A vitória do jabuti só foi possível, graças à análise minuciosa da situação, à visão, ao pensamento e à ação estratégica e, principalmente, ao trabalho em equipe.
No mundo corporativo, não é diferente.
Somente com planejamento e trabalho em equipe poderemos sair vitoriosos neste mundo de muitas lebres e outros bichos mais.