O fator qualidade

Ter qualidade, no passado, era uma virtude, muitas vezes um diferencial, e em atividades mais comoditizadas, uma exclusividade. Ter qualidade, no passado, era uma virtude, muitas vezes um diferencial, e em atividades mais comoditizadas, uma exclusividade. Hoje, como diz o pessoal de tecnologia, ter qualidade é default, é requisito mínimo para entrar no jogo ? até mesmo nas atividades mais prosaicas.

Pipoqueiros de todo o País ? das esquinas e praças, dos campos de futebol e dos circos ? preparem-se! Se o exemplo da Prefeitura do Rio de Janeiro se multiplicar, a tradicional e gostosa atividade ingressará em um novo tempo, sem necessariamente ter de perder o sabor de nostalgia, de infância, de momentos de prazer e felicidade.

É que a Prefeitura do Rio de Janeiro decidiu qualificar seus ambulantes. E os primeiros da fila a merecerem a repaginação, sem perder ou abrir mão do “visgo emocional” com a clientela, são os pipoqueiros, com adaptações nas carrocinhas, cursos de manipulação de alimentos, além dos de segurança e primeiros socorros com a Vigilância Sanitária e a Defesa Civil.

A repórter Selma Schmidt do O Globo foi conferir e acabou descobrindo verdadeiras pérolas no território dos pipoqueiros da cidade. “Aparentemente, todos se entusiasmaram e aderiram imediatamente à novidade”, como se manifestou Antônio Nelson Gonçalves, mais conhecido como Loal, de 31 anos, vendedor de pipocas e cantor, já gravou o terceiro CD. “As mudanças são bem-vindas, gosto do que faço. Eu não conseguiria viver sem vender pipoca e sem cantar.”

Já Mascilom Torres Pontes, 75 anos, criou uma dinastia de pipoqueiros. Quando veio para o Rio em 1971, sua idéia era ser sapateiro, mas acabou ganhando a vida e criando seus filhos vendendo pipoca. Em 1995, quando se aposentou, passou seu ponto, na Praça Quinze, e sua carrocinha para o sobrinho Antônio. Hoje, Mascilom é vice-presidente da Associação de Vendedores de Pipocas, Churros, Milho Cozido e Amendoim Confeitado do Rio. A partir de seu exemplo e ensinamento, entre filhos e sobrinhos, Mascilon “estourou” mais de 20 novos e talentosos pipoqueiros para as ruas da Cidade Maravilhosa.

O presidente da Associação, Antônio Cláudio, é formado em Biologia e ministra aulas em um colégio estadual no Flamengo. Ele, que vende pipoca na porta da escola, conta: “A família cresceu, tenho quatro filhos, só um emprego não dá para segurar as despesas”.

Sendo assim, em poucos anos veremos pipocas e carrinhos com selo de qualidade em todas as melhores esquinas do País!

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