O grande salto da qualidade

Muitos aspectos do tema Qualidade devem ser repensados para que possamos ver o que está faltando dentro de casa e partamos em busca do aprimoramento dos processos através da troca de experiências e benchmarking com as organizações. Após 20 anos vividos em torno de metodologias e customização dos modelos orientais e ocidentais, a Qualidade pediu um tempo. Alguns dos maiores especialistas em marketing e administração vêm tentando nos levar a repensar muito seriamente sobre a sua importância como um instrumento essencial das empresas na busca pela eficácia. Na opinião de um deles, Peter Drucker, Qualidade é o cacife para você se sentar à mesa do jogo. Sem ela, não se consegue começar a jogar. Isto é verdadeiro, sobretudo quando olhamos a nova dinâmica da economia mundial e as expectativas de nossa sociedade em relação ao futuro de suas organizações. Mas, na minha opinião, é preciso colocar o foco mais além do alcance de nossos olhos acostumados à rotina do dia-a-dia, para que percebamos a transcendência da Qualidade.
Muitos aspectos do tema Qualidade devem ser repensados para que possamos ver o que está faltando dentro de casa e partamos em busca do aprimoramento dos processos através da troca de experiências e benchmarking com as organizações classificadas como de “Classe Mundial”. Só então descobriremos que existem conceitos que se situam muito além de metodologias ou do simples uso de ferramentas de medição, e que só o seu pleno entendimento nos conduzirá a um “estado de espírito”, à essência daquilo que se evidencia como Qualidade numa empresa. Ela está ali, viva e intangível, sem necessidade de ser definida ou explicada.

É comum que a qualidade global dos processos e de gestão corporativa sejam confundidas com qualidade de produto. Mas a busca pela eficácia operacional ultrapassa este estágio, e nos conduz, indiscutivelmente, à inovação e à competitividade – conceitos que caminham lado a lado na teoria mas nem sempre são colocados em prática. Entretanto, são eles que representam o grande salto da Qualidade através das décadas.

A competitividade é uma necessidade da nova ordem comercial imposta por um mundo cada vez mais globalizado, mas que só se torna consistente com o respaldo dos efetivos processos de Qualidade.

Inovação, por sua vez, resulta de práticas adotadas visando à construção e manutenção de um clima organizacional estimulante. O segredo não consiste apenas no permanente investimento em pesquisas e no desenvolvimento de tecnologias que sustentem o core business das organizações. Esta disposição é inovadora, sem dúvida, porém, existe algo por detrás desses investimentos, que pode se manifestar através da motivação, premiação e reconhecimento e estímulo à criatividade das pessoas.

Temos que ter o cuidado e a preocupação de não engessarmos a mentalidade dos grupos, e de tolerar os erros. Uma outra proposta que deveria ser privilegiada é o incentivo à liberdade de criação em detrimento do ambiente de cerceamento intelectual que prevaleceu no passado em muitas organizações, em nome da Qualidade. Quando lidamos com um ambiente competitivo, torna-se importante a atenção ao equilíbrio das expectativas individuais, de forma a não se fomentar a insegurança. Vamos tirar o mofo da Qualidade, varrer as teias que nos prendem, impedindo vôos mais altos.

É gratificante observar como evoluiu a valorização do conhecimento das pessoas contra a visão taylorista do passado, onde o profissional era apenas “um recurso”. A Qualidade de uma empresa começa na indução do profissional em seu primeiro dia de trabalho mas, isto não é o bastante. Os processos devem estar de alguma forma atrelados à filosofia da permanente busca do aperfeiçoamento. Este deve ser um exercício contínuo, não para se obter o reconhecimento público pelas práticas de Qualidade ou para manter a reputação já alcançada, mas para superá-la.

Compartilhar conhecimento e experiências decisivas ao processo de gestão é estimulante. Tenho visto com muito otimismo que as empresas começam a reconhecer a importância de manter seus processos de Qualidade tanto como um instrumento de vantagem competitiva quanto como filosofia de trabalho. É nessa troca contínua que vamos encontrar valiosos exemplos de inovação e competitividade para o alcance de nossos objetivos e transformá-los, pois não existem fórmulas mágicas e abrangentes e cada empresa terá que encontrar o seu próprio rumo. Mas, compartilhar conhecimento, certamente é benéfico para todas.

A Xerox, tanto no passado como recentemente, valeu-se de estratégias de Qualidade para enfrentar crises importantes, para olharmos os nossos processos conseguindo dissociar os problemas dos sintomas. Isso nos obrigou a nos renovarmos, ao usarmos ferramentas mais evoluídas, que continuam a nos ajudar a consolidar os alicerces que permitem à empresa a retomada do crescimento e o resgate de sua grandeza.

Neste cenário, a expressão usada por Drucker ao referir-se ao ambiente corporativo torna-se mais do que oportuna: “Inovação é trabalho”. Ações sistemáticas, deliberadas e disciplinadas são o que realmente conduzem uma empresa ao progresso”. E todos nós estamos em busca exatamente disso.

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