Acabei de votar (votei no Amoêdo, para presidente) e queria muito falar sobre política, sobre a situação do Brasil, sobre a crise de valores e sobre os impactos econômicos e sociais que a próxima administração pode ter nos nossos negócios e no país em geral.
No entanto, há anos me patrulho para não misturar as coisas e tento manter-me neutro (pelo menos aqui na e-zine). Afinal, as pessoas que assinam minha e-zine me acompanham porque querem dicas e pílulas de motivação e vendas. Sinto que seria um abuso da minha parte utilizar essa confiança para falar sobre outra coisa.
Talvez eu escorregue em algum momento e já vou pedindo perdão adiantado por isso… mas se escorregar e falar sobre política ou economia, será para reforçar algum ponto importante. Prometo voltar rapidamente ao assunto principal, caso ocorra.
Então vou falar sobre algo relacionado e paralelo, que acho que tem muito a ver com boa parte do que estamos passando (e é também uma grande dificuldade de muitas pessoas na área de vendas). Vou falar sobre disciplina. E ninguém melhor para isso do que Jim Rohn.
Jim Rohn foi um pensador e palestrante norte-americano que aprendi a respeitar e admirar cada vez mais com o passar do tempo.
É dele, por exemplo, a seguinte frase: “Tenho pena das pessoas que têm um restaurante favorito, mas não têm um autor ou livro favorito. Pois elas sabem onde alimentar seu corpo, mas matam de fome sua alma”.
Gosto também da visão dele sobre o fracasso.
Rohn diz que o fracasso não é um evento isolado, um cataclisma. Raramente falhamos da noite para o dia. Na verdade, para ele o fracasso é geralmente o resultado inevitável de um acúmulo de pensamentos e decisões erradas.
Simplificando, o fracasso nada mais é do que alguns erros de julgamento repetidos todos os dias.
“Mas por que alguém faria isso?”, você pode se perguntar. Fácil: porque a pessoa acha que aquilo não fará diferença.
Pequenos erros, uma hora desperdiçada aqui, outra ali. etc., não parecem ter grande efeito imediato. É a mesma lógica dos fumantes – um cigarro não mata, então vou fumar mais um. Já sabemos como vai terminar esta história.
Por exemplo, se você não leu pelo menos um livro nos últimos 30 dias, essa falta de disciplina não parece afetar sua vida. E como nada de ruim aconteceu, parece que podemos repetir isso por mais 30 dias. Nada acontece novamente, e quando você vai ver passou um ano inteiro sem ler. Ou sem fazer exercício. Ou sem prospectar novos clientes. Ou sem dizer a uma pessoa importante o quanto a ama.
As consequências raramente são instantâneas. Ao contrário – elas se acumulam até que inevitavelmente o dia do juízo finalmente chega e devemos pagar pelo preço das decisões erradas que tomamos. Decisões que, quando tomadas, pareciam pouco importantes. Mas que somadas, com o passar do tempo, transformam-se numa bola de neve imparável.
Veja o que acontece com a política: 99% do tempo só se fala sobre a eleição do presidente. Mas eu votei ontem e tínhamos seis campos para votar – Presidente, Senador (2x), Deputado Federal, Estadual e Governador.
Presidente recebe toda a atenção – e os outros cargos? São “pequenos” comparados com o de Presidente, então não recebem atenção. Basta ver que ninguém se lembra em quem votou para esses cargos na última eleição, nem cobra NADA desses eleitos (quando foi a última vez que você mandou uma carta para seu senador ou deputado?).
Entretanto, note o impacto que a soma dessas pequenas decisões vai tendo. Fica claro e evidente que não são tão pequenas assim, pelo contrário.
Na economia do país acontece o mesmo. Desemprego e recessão não são acasos do destino, mas as pessoas não conseguem conectar as duas coisas – decisões erradas tomadas, com consequências que aparecem mais à frente. Aí vão e querem repetir o erro, de novo, de novo, de novo. E liderados por um bandido na cadeia.
Ok, não me aguentei, perdão… Sabia que ia acontecer… (é que é duro ver esses absurdos e ficar quieto). Mas continuemos.
Quando somos crianças, aprendemos rapidamente a não colocar o dedo na tomada. Ou você coloca e leva um choque que nunca mais vai esquecer, ou escuta tantos gritos dos pais que acaba aprendendo. Mas na vida raramente isso acontece.
O fracasso poucas vezes dá gritos de alerta. As consequências de pequenas más indecisões, da falta de disciplina, das pequenas acomodações, raramente aparecem de forma imediata, pulando na sua frente e falando “Ahá! Te peguei!”.
O problema é justamente a sutileza. No curto prazo pequenos erros realmente não parecem causar efeito algum. Na verdade, nem parece que estamos fazendo algo errado. Como nada acontece imediatamente, vamos navegando pela vida, achando que está tudo bem, mas por baixo da superfície uma grande onda, um verdadeiro tsunami de consequências está se formando.
Como o céu não caiu na nossa cabeça ontem, achamos que hoje também não vai acontecer. Simplesmente porque repetimos os mesmos erros, pensamos os mesmos pensamentos errados, escutamos as vozes e conselhos errados e fazemos as escolhas erradas.
Felizmente podemos transformar essa fórmula do fracasso na fórmula do sucesso.
É simples: um pouco de disciplina, praticada todos os dias. Para começar, você tem que entender, de uma vez por todas, que o futuro é o que você colhe do que plantou hoje.
Você pode se arrepender ou ser premiado amanhã, e quem vai decidir isso é você mesmo, fazendo o que fizer hoje. O problema é que a maioria das pessoas está tão mergulhada no presente que esquece de pensar e planejar seu futuro. Não mede as consequências (inevitáveis) de tudo o que faz ou deixa de fazer.
De acordo com Jim Rohn, uma das coisas mais formidáveis sobre essa fórmula do sucesso – um pouco de disciplina praticada todos os dias – é que ela já traz resultados imediatos.
Ao trocarmos voluntariamente erros diários por disciplina diária, experimentamos resultados positivos em curto espaço de tempo.
Quando mudamos nossa dieta, nosso corpo, pele e cabelo melhoram junto.
Quando começamos a fazer exercícios, nosso nível de energia melhora imediatamente.
Quando começamos a ler, um mundo novo se abre imediatamente na nossa frente.
Quando prospectamos clientes, novas vendas começam imediatamente a surgir.
Quando agregamos valor, os clientes recompram e nos recomendam.
Quando nos organizamos, o tempo que temos disponível é usado de forma mais produtiva e acaba sobrando tempo para outras coisas importantes (e com menos ansiedade!).
Quando faço o exercício do Dia Perfeito nos processos de coaching ou em workshops, uma das coisas que sempre reforço é que a repetição dos seus dias deveria levar para o atingimento das suas metas. Não só de vendas, mas na vida.
Aquela frase que eu sempre gosto de repetir: sucesso não surge do que você faz de vez em quando. Sucesso é resultado do que você faz e repete todos os dias. (Resultados negativos, também!).
Se você olha seu dia típico e multiplica por 250 (número de dias úteis no ano, mais ou menos), você se vê alcançando seus objetivos de vendas, financeiros, pessoais?
A questão não é o mercado, não são os concorrentes, o governo, o dólar, o Banco Central, a taxa de juros, os clientes, os políticos. A questão é como você reage a tudo isso. E se consegue executar, com disciplina, os passos que sabe que tem que fazer.
Não é complicado, mas também não é fácil. Disciplina é uma das atitudes que mais exige presença e energia.
Por isso, lembre-se: troque os pequenos erros pelos pequenos acertos, e com o passar do tempo isso se transformará numa grande onda de prosperidade na sua vida.
Terminando com mais uma frase do Jim Rohn, um grande #parapensar:
“Disciplina é a ponte que leva você de sonhar com um objetivo para alcançar um objetivo.”
Não existe dia neutro. Ou um dia o levou para mais perto dos seus objetivos, ou o afastou dos seus objetivos.
A verdadeira revolução que uma pessoa ou uma empresa pode fazer na sua vida e nos seus resultados é simples:
- Disciplina para planejar.
- Disciplina para executar o que foi planejado.
- Disciplina para avaliar os resultados.
- Disciplina para melhorar o processo.
- Disciplina para evitar distrações e repetir, repetir, repetir os pontos acima até alcançar o que definiu como meta (e aí, provavelmente, estabelecer uma nova meta. Vou me conter aqui e não fazer piadas dilmísticas sobre dobrar a meta e coisas do estilo ).
Disciplina simplifica sua vida e talvez seja isso que mais precisamos hoje. Clareza e simplicidade, com disciplina.
Abraços disciplinados, boa semana, bons negócios e que venha o segundo turno (vou de Bolsonaro – não é a melhor opção, mas qualquer coisa que tire o PT já será um avanço, precisamos oxigenar, renovar e tentar algo diferente e, quem sabe, NOVO – para bom entendedor, meia sigla basta).
E agora sem pedir desculpas por fugir do assunto. Este É o assunto – disciplina. Precisamos mais disso se realmente quisermos um país melhor.