Os búfalos e a liderança

No mundo corporativo, existem líderes que não compartilham a visão e que galgaram altos postos passando por cima de tudo e de todos para alcançar seus objetivos. Conta-se que, na América do Norte, manadas inteiras de búfalos foram dizimadas pelos primeiros colonizadores, que conseguiram entender a estrutura organizacional vigente nas manadas. Nelas, o líder, que geralmente era um dos mais fortes, dirigia todo o grupo, que o seguia até as últimas conseqüências, sem questionamentos, sem espaço para os ?rebeldes?, sem discussão ou longas reuniões estratégicas.

Animais tão fortes, tão grandes, mas sem nenhum senso individual de direção. O que o líder decidia estava decidido e pronto. Por isso foi tão fácil eliminá-los. Bastava matar o líder da manada que os outros búfalos ficavam sem direção, sem caminho a seguir, absolutamente perdidos.

No mundo corporativo, ainda observamos muitos líderes-búfalo. Líderes que não compartilham a visão, líderes que galgaram altos postos por serem ?brutamontes profissionais?, passando por cima de tudo e de todos para alcançar seus objetivos. Líderes que, utilizando o poder em vez da autoridade, fazem as pessoas o seguirem.

Converse com pessoas que participam das equipes lideradas por ?búfalos? e pergunte sobre a visão que as move, sobre as perspectivas estratégicas norteadoras de seu trabalho e você verá que elas simplesmente não têm essas informações. São obrigadas a seguir seu líder para onde ele for, sem questionamentos, sem sugestões de novos caminhos.

Identificar líderes-búfalos é muito fácil. Converse com alguns gestores e pergunte-lhes sobre seu último período de férias. Certamente eles lhe dirão que há muito tempo não sabem o que são umas boas férias, porque, se saírem em férias, as coisas na empresa não funcionarão, ninguém saberá o que fazer, as pessoas ficarão perdidas. Pergunte-lhes também sobre quanto tempo passam com suas famílias e certamente dirão que muito pouco, pois trabalham o dia todo para que as ?engrenagens funcionem perfeitamente?.

Para confirmar sua suspeita, sugiro que você questione o líder sobre a preparação dos novos líderes, sobre quem na equipe está sendo formado para ocupar a liderança, caso ele resolva sair da empresa. Há uma grande possibilidade de que a resposta seja simples e direta: ninguém. Essa é mais uma característica do líder-búfalo: ele se julga indispensável para o bom funcionamento da empresa ou do seu setor e, por isso, não treina outros, não promove capacitação, não ajuda pessoas a crescerem, não desafia seus liderados, não dá liberdade para que façam do seu jeito, acha que se as coisas devem sair a contento ele, o grande líder, e que deverá fazê-las pessoalmente.

Outra característica interessante dos búfalos é que, apesar de seu tamanho, de sua força e de sua ?cara de mal?, são facilmente domesticados. Aceitam o jogo imposto pelos seres humanos sem reclamar. Quantos líderes são subjugados pelos seus gestores, aceitando tudo que lhes é imposto, sem questionar?

Há muito tempo, o mercado buscava líderes-búfalo, procurava pessoas que, deixando sua família, seus sentimentos e sua individualidade, pudessem levar adiante os objetivos da empresa, lutando e derrubando tudo à sua frente. Líderes que faziam o que era necessário sem questionar, que obrigavam os liderados a segui-lo, ainda que não soubessem para onde estavam indo.

Os paradigmas mudaram, a história da liderança mudou e as vagas para líderes-búfalo estão diminuindo a cada dia. As empresas perceberam que precisam de mais que profissionais ?búfalos? ou tratores no seu quadro, necessitam de pessoas que acreditem em valores e no ser humano, de profissionais críticos que possam apresentar novas visões para os problemas do dia-a-dia.

O mercado está à caça de gestores que se preocupem com o sucesso de toda a equipe acima do próprio sucesso, líderes que compartilhem a missão e visão da instituição, que respeitem a individualidade e o senso crítico de seus liderados. As empresas buscam cada vez mais líderes-servos, ou seja, pessoas que apresentam uma enorme força de vontade aliada a incrível capacidade de humildade. Líderes que entenderam as diferenças entre autoridade e poder.

E, neste mercado, os profissionais-búfalo que não atualizarem suas práticas de gestão, sofrerão as conseqüências advindas da extinção da espécie.

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