Pecados que não podemos mais cometer

Viver no Brasil nos últimos tempos foi uma grande aventura, por vezes de tirar o fôlego. Como em um grande enredo cinematográfico tivemos dias de alta inflação e sua cura inicial, porém não definitiva pelo Plano Real, já destituímos um presidente e vários senadores e deputados da República. O Brasil não é mais o país do futuro. É o país do presente.

Tem uma realidade vencedora nos mais variados segmentos. Entre eles cito o agrobusiness, desenvolvimento de softwares, indústria têxtil, setor financeiro e bancário, temos as principais montadores de veículos no país, um parque industrial que está longe de ser considerado desprezível, somado aos nossos recursos e belezas naturais, além de outros diversos setores os quais poderia citar.

Mas, como nem tudo é perfeito, ainda temos muito que evoluir, principalmente em relação a nossa classe política, sistema macroeconômico e noções de cidadania.

Cada povo tem o Governo que merece, é uma famosa frase.

Verdadeira e ao mesmo tempo assustadora, pois é precisa e exata no diagnóstico brasileiro.

Mas como sou otimista, quero abordar que nos últimos anos temos evoluído bastante. Viver no Brasil nos últimos tempos foi uma grande aventura, por vezes de tirar o fôlego. Como em um grande enredo cinematográfico tivemos dias de alta inflação e sua cura inicial, porém não definitiva pelo Plano Real, já destituímos um presidente e vários senadores e deputados da República. Pintamos nossos rostos, cantamos emocionados e finalmente decoramos a letra do hino nacional. Mais recentemente, elegemos o primeiro ex-operário ao cargo máximo da nação.

Creio que é um privilégio poder ter vivido e acompanhado tantos fatos marcantes como esses em nossa história. Excitação pelo novo, medo e insegurança em relação as novas relações de trabalho, tudo isso acumulado nos amadureceu como nação.

Agora é hora de dar um salto a mais. Evoluímos como cidadãos e por isso cito dois pecados que não podemos mais cometer:

O pecado da omissão. Não podemos mais nos calar, fingir que não é conosco. Ser omissos em relação a violência, as ações de nossos políticos, a educação que nossos filhos recebem nas escolas, aos programas de TV que invadem nosso lares. É preciso, de alguma forma, ser mais participativo na vida de nossas comunidades, comprometidos com a política, cobrar mais dos candidatos eleitos. A responsabilidade é de todos, precisamos ter o sentimento de donos do bem público, educar nossos filhos para que a geração que virá seja muito melhor comparada a que se foi. Não dá mais para não se importar com as vítimas das balas perdidas, com as drogas invadindo nossas fronteiras, porque ela vai parar nas ruas, bares e escolas que nossos filhos frequentam. O cidadão que se importa com o próximo, se organiza, vai à luta contra a impunidade. A história mostra que sem pressão pública nada muda efetivamente.

É preciso não ser mais omisso em relação aos resultados da empresa, a qualidade e produtividade e ter o foco no cliente. Afinal, para que uma empresa existe? A responsabilidade deve ser compartilhada por todos, assim como os méritos de uma vitória.

O pecado do ?complexo vira-lata?. Você merece o melhor! Nada mais do que o melhor. O brasileiro tem baixa auto-estima. Dó de si mesmo e o terrível hábito de deixar na mão do Governo, da Igreja, ou de quem quer que seja a responsabilidade por ter uma vida melhor. A responsabilidade pela sua vida é sua! É preciso parar de culpar a tudo e a todos quando nós mesmos somos nossos próprios inimigos.

Na história de grandes nações notamos que o povo sempre teve participação pró-ativa em determinados períodos, fizeram acontecer, não esperaram que tudo se resolvesse como em um passe de mágica.

Para nós brasileiros que crescemos ouvindo coisas do tipo ?O Brasil é um país de terceiro mundo. O Brasil não é um país sério. É o país do carnaval e do futebol? e outras frases que somente depreciavam o lugar onde nascemos, não é fácil adotar uma nova postura. A questão é que essa autopiedade tem sido uma grande barreira em relação a nosso crescimento.

Mesmo quando se falam dos símbolos pelos quais alguns países são representados, o Brasil acaba sendo depreciado. Os americanos têm a águia, símbolo de poder, visão, estar nas alturas. Para nós, o querido Walt Disney, sem maldade, é claro, reservou o papagaio, falador, malandro que foge do trabalho e para piorar o seu melhor amigo é um urubu!

Veja o exemplo da Alca. Essa história que os americanos querem nos colonizar, que as multinacionais querem dominar o país cheira aqueles discursos inflamados nas discussões onde tentávamos, em nosso período universitário, descobrir se éramos comunistas ou capitalistas. Pura bobagem! Teoria acadêmica que não levava a nada.

O Brasil tem muito a ganhar com a Alca se negociarmos como gente grande, pois somos grandes. Nossa economia não é pequena, nossos trabalhadores e empresários não são em hipótese nenhuma piores do que americanos, alemães ou ingleses.

Mas toda vez que se fala em Alca, a impressão que tenho é como se falasse de um grande pecado. É pecado crescer? É pecado ter lucro? Não, não é pecado. Pois só quem tem lucro e dinheiro sobrando investe no social, faz filantropia, pode investir nos funcionários e em tecnologia. A Alca é apenas um exemplo, mas temos vários casos onde o complexo vira-lata falou mais forte, e antes mesmo de tentar já entramos derrotados na disputa. Concorrência é uma coisa boa, pois um fortalece o outro, o espaço para a acomodação fica restrito e a inovação se torna imprescindível para o sucesso.

Há pouco tempo começamos a exportar, o Brasil exporta pouco, abocanha somente 1% do mercado mundial, mas estamos começando a pegar gosto pela coisa.

Demorou, mas começou. Foi preciso uma moeda desvalorizada para começar a acreditar. Mas será preciso algo a mais, pois somente a guerra pelo preço tende não ser uma estratégia vencedora a médio e longo prazo. Mas o lado positivo é que o empresário está perdendo o medo de exportar e o Governo tem se mexido para contribuir nesta direção, pouco é verdade, mas ainda temos muito que aprender.

O desafio é construir o país de hoje, não mais o do futuro e para isso precisamos de sua contribuição. Você pode ser o nosso diferencial. Acredite! Com cada um fazendo a sua parte, no final teremos um novo enredo dessa história chamada Brasil.

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