Pessimismo dá prejuízo

Todo mundo gosta de fazer parte de um time vencedor. Participar de uma equipe derrotada é uma experiência sofrida, que acarreta frustração e sentimento de impotência. Uma empresa onde o ambiente geral é de depressão, onde as notícias são sempre ruins, onde o avanço da concorrência é apregoado constantemente como algo inevitável e impossível de ser superado, onde os prejuízos são noticiados com destaque e os lucros escamoteados como se fossem motivos de vergonha… uma empresa onde tênues raios de esperança são esmagados por toneladas de descrença e mau-humor… poderá ser bem sucedida?

Provavelmente não, pois o sucesso da empresa está intimamente associado ao bom ânimo dos seus dirigentes e colaboradores. A qualidade, a produtividade, os lucros, a popularidade… enfim, todos os ingredientes que fazem o sucesso de uma empresa são feitos pelas pessoas que compõem seus quadros, em todos os níveis da organização.

Apesar da evidência desse fato, ainda existem muitos diretores de empresas que evitam comunicar os bons resultados aos seus colaboradores. Tomam o maior cuidado para evitar que saibam que a empresa está lucrativa, temendo que eles venham pedir aumento. Em vez de divulgar com entusiasmo as boas notícias, preferem espalhar o pessimismo, alardeando permanentes prejuízos decorrentes das ?dificuldades do mercado?. Existem até os que há vinte anos vão trabalhar com o mesmo carro, que usam só para ir à empresa, apenas para não dar ?demonstrações exteriores de riqueza? perante seus empregados. Para não ser pressionados por questões salariais, fazem uma sistemática campanha de contra-informação, promovendo um clima interno de desânimo e pessimismo. O resultado será uma equipe desmotivada, que constantemente amargará um sentimento de derrota. Como trabalhar com entusiasmo, sentindo-se parte de um grande e prolongado fracasso? Como os trabalhadores poderão encontrar motivação para o trabalho, se, mesmo dando o melhor de si e vendo a casa cheia de clientes satisfeitos, são informados que a empresa continua ?no vermelho? e provavelmente ?não sairá de lá tão cedo??

Todo mundo gosta de fazer parte de um time vencedor. Participar de uma equipe derrotada é uma experiência sofrida, que acarreta frustração e sentimento de impotência. Se o empresário, intencionalmente, induz seus colaboradores a sentirem-se derrotados, terá como resposta a perda do entusiasmo, com a conseqüente queda da produtividade e do comprometimento.

Por outro lado, muitos empresários incutem pessimismo em seus colaboradores sem ter a intenção de fazê-lo, simplesmente por estarem dominados por um autêntico sentimento de pessimismo ante as circunstâncias adversas do mercado. Ao deixarem-se dominar pelo pessimismo, contaminando com ele a sua equipe, estão destruindo as forças motivadoras internas capazes de produzir aquele esforço extra, tão necessário exatamente quando as circunstâncias não são favoráveis.

Nas conversas entre empresários dos mais diversos setores, são constantes as ondas de pessimismo ante as iniciativas governamentais e a conjuntura internacional. A ?crise? é alardeada continuamente como uma endemia perniciosa e renitente. A cada nova ?crise? o medo se alastra, tirando o sono e a vontade de lutar de muitos empresários. Amedrontados, eles deixam de promover melhoramentos em suas empresas, deixam de investir na renovação dos produtos/serviços e processos, bem como na qualificação do seu quadro de colaboradores. Entregam-se de mãos atadas ao pessimismo contagioso que leva ao pânico, sem esboçar qualquer reação. E dessa forma vêem suas empresas entrarem em decadência, comprovando as previsões catastrofistas em que acreditaram. Tornando seu pesadelo em realidade porque acreditaram nele.

Um exemplo do que dizemos pode ser verificado nas vendas do último Natal. Em outubro e novembro, as previsões sobre o comportamento do consumidor indicavam uma tendência de queda. Um ?Natal magro? para o varejo era alardeado por todos os analistas econômicos, num cenário em que a bolsa subia, os juros caíam, o risco Brasil despencava e o governo anunciava novos recursos para o crédito ao consumidor. Por conta dessas previsões pessimistas, muitos lojistas reduziram suas compras para o fim de ano. Passados os dez primeiros dias de dezembro, quando já não havia tempo para novas compras, a notícia na primeira página dos cadernos econômicos indicava crescimento em relação ao mesmo período do ano anterior. Conclusão: muitos comerciantes deixaram de vender mais porque acreditaram nas previsões pessimistas.

O pessimismo tem o dom de se auto-realizar. Quando somos tomados pelo pessimismo, tendemos a assumir um comportamento defensivo, deixando de tomar as medidas que nos levariam mais adiante. O resultado desse comportamento temeroso e excessivamente cauteloso ou passivo é que, quando surgem as oportunidades, não estamos prontos para aproveitá-las. Exatamente como ocorre com um time que joga sempre na retranca e, preocupado em não tomar gols, não se empenha em fazê-los. Ao menor descuido, podem sofrer um revés irrecuperável.

É bem verdade que otimismo não deve ser confundido com imprudência, pois cautela na medida certa é importante na hora de avaliar os riscos que podemos assumir. Entretanto, seja para consumo pessoal ou para estímulo aos colaboradores, ou mesmo como atitude perante clientes e fornecedores, o otimismo é mais benéfico para os negócios do que o pessimismo.

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