Pise no freio

Muito se fala sobre o tempo. A necessidade, a falta dele, a quantidade de coisas que se tem para fazer… ?Será que vai dar tempo??. Várias coisas estão associadas a esse emaranhado de segundos que teimam em passar quando se quer que esperem e fazem questão de voar, quando se quer que parem. Muito se fala sobre o tempo. A necessidade, a falta dele, a quantidade de coisas que se tem para fazer… ?Será que vai dar tempo??. Várias coisas estão associadas a esse emaranhado de segundos que teimam em passar quando se quer que esperem e fazem questão de voar, quando se quer que parem.

O dia de trabalho, então, precisa de muito mais horas para que se alcance qualidade dentro dos prazos estipulados por chefes, muitas vezes atormentados pela doença da pressa. Convencionou-se dar esse nome ao excesso de vontade de ver as coisas prontas em curtos espaços de tempo. Doença ou ?Síndrome da Pressa?, é um distúrbio psicológico que atinge trabalhadores e empresários das mais diversas áreas.

Quem está na frente A Europa, berço do Iluminismo, fonte inesgotável de pensadores da era moderna, novamente se destaca em relação aos americanos. Lá, eles já perceberam que qualidade não é sinônimo de rapidez, e esgotamento por horas de trabalho não faz de uma empresa um local mais produtivo. Pelo contrário. O estresse e a síndrome da pressa estão sendo cuidadosamente deixados de lado e substituídos por um outro movimento: o ?Slow Europe? ? algo como ?Europa sem pressa?.

O movimento começou com a Slow Food, que diferente da fast food, dos americanos, propõe que as pessoas comam devagar, prestem atenção ao sabor dos alimentos, não saiam correndo para o trabalho enquanto almoçam um sanduíche dentro do carro ou mesmo na rua, a caminho do escritório. Na Alemanha, por exemplo, as cargas horárias estão sendo reduzidas a 28,8 horas semanais. E a produção está aumentando significativamente.

Tudo o que é demais… Os europeus, diferente dos americanos, já descobriram que ser eficiente não significa apenas respeitar o tempo de produção. A qualidade do que é produzido conta muito mais. No entanto, quem está com a doença da pressa, enfrenta o problema de não se importar em fazer as coisas de forma inteligente, desde que os prazos sejam respeitados. E mesmo quando cumprem a tabela, continuam nervosos, querendo fazer várias outras coisas em curtos espaços de tempo.

Na ânsia de dar seqüência ao dia-a-dia atribulado, o sujeito perde-se em montanhas de trabalho, esquece-se de ouvir as pessoas durante uma conversa, interrompe-as, perde a paciência, deixa-as para fazer algo que não considera ?perda de tempo?.

Todos esses sintomas e vários outros fazem parte do diagnóstico da ?doença da pressa?, como explica a Diretora do Centro Psicológico de Controle do Estresse, Marilda Novaes Lipp. ?O computador responde em unidades mínimas de segundos, a cultura do ?nanosegundo?. Esta atitude e expectativa acabam se generalizando para as relações interpessoais, e se passa a esperar dos outros respostas imediatas, como se tudo na vida pudesse ser resolvido em um nanosegundo?.

Sinais A produtividade de qualquer profissional é parte importante para o resultado final do produto, e é necessário que se saiba disso. ?Logicamente, toda empresa pode ter momentos de crise em que um funcionário tenha que trabalhar mais do que o normal, mas isto não pode ser todo dia?, pondera. ?Todo ser humano tem seu limite, mesmo que seja extremamente competente e capaz?.

Avalie: pressa ou tranqüilidade Responda “verdadeiro” ou “falso” às questões abaixo e saiba em qual perfil você se encaixa:

1. Sempre confirmo com expressões como “sim”, “evidentemente”, “claro”, enquanto outras pessoas estão falando. (1)Verdadeiro (0)Falso

2. Sinto um vago desconforto ou remorso quando não estou fazendo nada. (1)Verdadeiro (0)Falso

3. Fico tranqüilo(a) quando espero por alguém atrasado.

(0)Verdadeiro (1)Falso 4. Faço duas ou mais coisas ao mesmo tempo (ler e ver TV, falar ao telefone e ler, ouvir alguém e escrever sobre outro assunto). (1)Verdadeiro (0)Falso

5. Quando vou a um local pela primeira vez, lembro os detalhes da decoração ao sair. (0)Verdadeiro (1)Falso

6. Sou muito rápido(a) no pensamento e nas ações. (1)Verdadeiro (0)Falso

7. Fico irritado(a) com quem inclui muitos detalhes quando conta uma história. (1)Verdadeiro (0)Falso

8. Quando estou pensando em um assunto, excluo todos os outros pensamentos da minha mente. (0)Verdadeiro (1)Falso

9. Aproveito cada momento do meu dia para fazer alguma coisa útil. (1)Verdadeiro (0)Falso

10. Tenho paciência com gente que dirige devagar na minha frente. (0)Verdadeiro (1)Falso

Resultado: De 6 a 10 pontos – Você tem Síndrome da Pressa e faz parte de um grupo conhecido por possuir temperamento inquieto. É agitado e dinâmico. Faz mais de uma coisa ao mesmo tempo e não presta atenção em detalhes. Não tem muita paciência para ouvir os outros e pode até ser agressivo e rude.

De 3 a 5 pontos – Você não está com Síndrome da Pressa, mas pode ter pressa se for necessário. Encontra-se no grupo considerado ideal, composto de pessoas que não estão em nenhum dos extremos e reagem com maior flexibilidade. Se pressionadas, podem correr e acumular tarefas, mas não exageram.

Menos de 3 pontos – Você não tem Síndrome da Pressa. Faz parte do grupo das pessoas mais tranqüilas. Não tem pressa nem consegue pensar e executar duas coisas ao mesmo tempo. Sabe esperar e ouvir, mas corre o risco de se acomodar facilmente. (Fonte: Centro Psicológico de Controle do Estresse) Ajuda Quem passa dos limites do aceitável emite alguns sinais que podem ser percebidos pelos familiares e colegas de trabalho antes mesmo que a pessoa chegue ao grau mais elevado do distúrbio. É o que pode ser lido no livro Se tiver pressa, ande devagar, best-seller internacional publicado pela Editora Fundamento.

Marilda Lipp explica que, para ajudar um colega assim, é preciso ter muito jeito e saber o que diz. ?Como a pessoa que tem este problema é às vezes meio hostil, deve-se ter alguma diplomacia ao falar sobre este assunto. Alguém com quem ela tenha uma boa relação e a quem ela admira tem mais chance de ser ouvida?, aconselha. Como em qualquer outra situação que inspire cuidados, o primeiro passo para conseguir ajuda e se livrar do desconforto é aceitar que algo está errado e tem conserto. A culpa não é, nem de longe, a melhor companhia. Ninguém se sente culpado por ter sinusite, por exemplo, o mesmo deve ocorrer quando você se deparar com um problema de ordem psicológica.

O segundo passo é procurar um bom psicólogo. ?O tratamento de escolha é a terapia breve, com um número de sessões limitado, cujo objetivo é levar a pessoa a entender seus limites e seus objetivos de vida?, afirma Marilda.

Qualidade de vida É importante não esquecer que todas essas dicas servem para ajudar você a levar uma vida mais tranqüila e feliz. Foi-se a época em que tempo era dinheiro. Tempo é vida. E a vida é o seu maior bem. Se você perder um emprego e gostar do que faz, logo vai conquistar outro. Se não gostar, pode encontrar uma excelente oportunidade de descobrir um novo talento, utilizar-se dele e ser muito mais feliz.

Um relatório, uma matéria ou qualquer outra coisa que não fique pronta no tempo estipulado pode trazer incômodos, mas todos podem ser resolvidos. Se você perder uma hora do seu dia consertando um erro, perceba que está ganhando qualidade em troca. Talvez você tenha que revisar algo mais de dez vezes, mas isso não fará de você alguém incompetente. Pelo contrário, estará mostrando que você se preocupa com o que faz e quer que seja bem feito. Isso significa que você respeita o seu público.

Priorize o que é importante Em tudo você pode dar um jeito, muita coisa pode ficar para depois e outras tantas podem ser descartadas. Mas a sua saúde não é descartável, os seus dias jamais se repetirão e a sua vida é uma só. Se você perder a juventude, nunca mais irá recuperá-la, se perder as gracinhas do seu filho, o primeiro passo dele, a primeira palavra, depois ele vai repetir, mas não terá a mesma magia.

Procure racionalizar esse tipo de coisa, porque é o que faz a vida valer a pena. Relaxe, procure fazer amigos, converse com eles, ouça-os. Aproveite seus finais de semana, saia de casa com a família, esqueça de levar relógio, mas não esqueça de levar a sua atenção e dispensá-la a quem estiver com você. Dentro do mercado de trabalho, ninguém é insubstituível. Existem dezenas de empresas buscando novos profissionais. Mas pergunte à sua mãe ou ao seu filho se eles podem achar outro como você na rua. A resposta será negativa e a recíproca será verdadeira.

Tenha sensibilidade para ver o que é importante e o que é supérfluo. E só depois de ter certeza da resposta, tome uma atitude. Valorize sua vida e o resto virá por conseqüência.

Para saber mais Visite o site: www.estresse.com.br (Centro Psicológico de controle do Estresse) Dicas de leitura: Se tiver pressa, ande devagar, de Lothar J. Seiwert (Editora Fundamento) O poder do Agora, de Eckhart Tolle (Editora Sextante) Por que Tanta Pressa de Crescer ?, de Brian Keaney (Editora FTD)

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