Proteja o que é importante

Imagine que você tem algum dinheiro para investir e resolve abrir uma fábrica de pneus. Você vai até seu carro, copia o desenho da banda de rodagem para servir como modelo e inicia a produção. Imagine que você tem algum dinheiro para investir e resolve abrir uma fábrica de pneus. Você vai até seu carro, copia o desenho da banda de rodagem para servir como modelo e inicia a produção. Batiza seu pneu de Gudíar e, para colocá-lo no mercado, imprime milhares de folhetos: ?Só amanhã! Pneus Gudíar por apenas 25 reais?.

Alguém sabe por que essa empresa está fadada a fechar, rapidamente? Se alguém disse que haveria problemas em se usar uma marca Gudíar, muito bem. Mas também:

· Qualquer empresa de pneus, hoje, protege seus desenhos industriais e modelos de utilidades (ver boxe) no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial). Inclusive o desenho da banda de rodagem. Muito dinheiro é gasto para desenvolver um pneu que otimize a frenagem e faça com que a água da chuva flua por ele sem diminuir a performance.

· Não é possível usar a expressão ?Só amanhã?, em publicidade. O Magazine Luiza conquistou o direito de utilizar por dez anos, com exclusividade, tal marca.

Todo mundo luta para proteger o que possui de mais valioso: sua marca. Suas invenções. Seu trabalho intelectual.

A importância de se proteger ? Registrar e patentear são procedimentos relativamente simples. E, a partir daí, o que você precisa é saber negociar, como afirma Carlos Mazzei, fundador da Associação Nacional dos Inventores e autor do livro Inventei. E agora? ? Como Ganhar Dinheiro com uma Boa Idéia (edição do autor), além de fundador e curador do Museu Nacional das Invenções: ?Adriano Sabino, inventor do espaguete de piscina, apareceu certo dia dizendo que tinha a patente de uma invenção, o registro de uma marca e queria minha ajuda para levantar três milhões de dólares para montar uma fábrica. Respondi que se ele tinha uma idéia, uma patente e um registro, não precisava de uma fábrica; precisava vender seu conceito e seu produto para uma fábrica já existente. O ajudamos, e, hoje, a invenção é um sucesso. E uma das grandes vantagens do contrato de Sabino com o fabricante é que ele mesmo comercializa sua invenção.?

Infelizmente, como Carlos ressalta, exemplos assim são exceções. ?Já tive gente que entra na Associação e se orgulha de ter uma patente, há três anos. Quando pergunto o que eles fizeram, respondem que nada, que estão esperando alguém oferecer algo pelo invento.? Se você não sair e vender seu conceito, é melhor esperar sentado.

Mais comum é o erro inverso. De não registrar nem patentear nada e torcer pelo melhor, mesmo sabendo que, sem registro no INPI, você não consegue tirar nota fiscal: ?Já fui chamado para resolver problemas de empresas com 80 anos de mercado, que já deveriam estar carecas de saber que não podem fazer isso e, mesmo assim, lançam um produto novo, há meses, sem a mínima proteção?.

Busque seus direitos ? Sérgio Paulino de Carvalho, coordenador geral de Articulação Institucional e Difusão Regional do INPI, diz que, além da necessidade de cumprir os dispositivos legais, o registro ou patente de algo pode ajudar muito sua empresa. ?Pegue a indústria vinícola brasileira, por exemplo. No final dos anos 80, especialistas contratados pelos produtores afirmaram que o Brasil nunca poderia comercializar vinho de qualidade, que não teria como fazer frente aos importados e só sobreviveriam vinhos de baixíssima qualidade e preço.

Ainda bem que os produtores não ouviram esses especialistas e, em vez disso, se uniram, criaram e registraram uma marca coletiva e uma região geográfica, o Vale dos Vinhedos. Hoje, além de atestar a qualidade dos vinhos, a região virou ponto turístico?, diz.

É o melhor exemplo de que, se você está usando o INPI apenas para registrar um nome e uma logomarca, está perdendo grandes oportunidades. Sérgio Paulino reclama que as empresas estrangeiras e multinacionais dominam o pedido de registros e patentes e que são essas empresas que mais usam o INPI de outra forma: como tudo o que vai para o mercado deve ter seu registro ou patente, o instituto se transforma em uma ótima maneira ? e legal ? de vigiar os passos de seus concorrentes.

Não há motivos para os empresários não se beneficiarem de tudo que uma boa estratégia, usando uma marca, pode oferecer: o órgão está fazendo uma blitz em todo o Brasil, dando cursos nas mais diferentes cidades, trabalhando muito próximo às Secretarias Estaduais de Ciência e Tecnologia, às Federações das Indústrias, aos Sebraes.

Informe-se, proteja-se e lucre.

Visite o site:

www.vendamais.com.br/vmplus.

Para saber mais:

Visite os sites:

Instituto Nacional de Propriedade Industrial

www.inpi.gov.br

Associação Nacional dos Inventores

www.inventores.com.br

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