Ridículo

Num período de muita competição é um luxo irresponsável desperdiçar criatividade por medo do ridículo. Em um dos treinamentos que ministro sobre criatividade, convido, logo no inicio, um voluntário para vir à frente e fazer um exercício, mas percebo no ar o medo de cair no ridículo. Segundo os dicionários da língua portuguesa, ridículo significa algo que provoca riso ou escárnio.

Isso lembra experiências da vida militar, quando o superior perante seu batalhão solicita também um voluntário que, ao se manifestar, é considerado corajoso e ganha pontos na avaliação final.

Por que isso acontece?

Com certeza tem uma influência enorme do orgulho. Tem influência também da escola, que estimulou e continua estimulando demais o individualismo por meio de comparações superficiais.

Nas empresas, a liderança é a grande responsável pela cultura organizacional e a grande culpada pelas inibições dos funcionários. São organizações inibidas e não criativas. Devido a isso, percebe-se que muitas pessoas não vivem a sua vida. Vivem a vida dos outros, preocupadíssimas com que os eles podem estar pensando. Muita gente deixa de fazer o que tem de ser feito. Muitas idéias ótimas não são ditas e também muitas vendas deixam de acontecer.

Num período de muita competição é um luxo irresponsável desperdiçar criatividade. Não tem como você produzir coisas novas e valiosas sem passar pela criatividade, que precisa de grande quantidade de idéias ridículas. Segundo Arno Penzias, da New Enterprise Associates, ?O que você realmente precisa fazer, se quiser ser criativo, é desaprender toda provocação e censura que conheceu em sua vida?.

Frank Sinatra, antes de se tornar famoso, era garçom num restaurante de beira de estrada. Possivelmente marcado pelo destino, um belo dia percebeu que o ônibus de uma orquestra que estava no topo das paradas americanas fez ali uma parada para um lanche. Sem ter vergonha de cair no ridículo, ele subiu em uma mesa e afirmou para os integrantes do grupo musical: “Vou cantar para vocês e tenho certeza de que vocês me contratarão”. Foi o que aconteceu.

Nas situações em que percebo a possibilidade de cair no ridículo, costumo fazer três perguntas a mim mesmo: Isso infringirá os dez mandamentos? Prejudicará alguém? Prejudicará a mim? Se as três respostas forem negativas, sem titubear, vou e faço.

Os receios, paradigmas e problemas imaginários amarram a desenvoltura dos nossos potenciais. A vida é muita curta para darmos tanta moral ao que os outros possam pensar. Quem vive preocupado em cair no ridículo, no fundo, geralmente, tem uma vida ridícula. Não é verdade?

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