Screw it, let?s do it

Lições que podem ser tiradas da história de um bilionário Richard Branson é um de meus ídolos ? não só pelo que conseguiu, mas pela forma que conseguiu. E também por continuar sendo autêntico depois de bilionário.

Lendo sua biografia, é interessante notar como ele cita sua mãe diversas vezes. Basicamente, sua forma de encarar o mundo foi marcada pelo jeito como ela o tratava. Carinhosa, mas exigente, a mãe (Mum, como ele a chama) não queria que ele fosse um molenga, queria que resolvesse problemas, tivesse atitude proativa e que confiasse em si.

Uma vez, estavam voltando para casa quando a mãe encostou o carro ? ainda faltavam 5 km para chegar ?, abriu a porta e o desafiou a voltar a pé sozinho. Outra vez, ela deixou sua mochila pronta e fez com que ele acordasse às 5h, pois iria almoçar na casa da tia, que ficava a 80 km. Detalhe: ele teria de ir de bicicleta e sem água.

Analisado friamente, pode parecer uma grande maldade, mas ele estava tão acostumado que parecia a coisa mais normal do mundo. Até hoje ele agradece as invenções da sua mãe, pois tem certeza absoluta de que está melhor preparado para o mundo dos negócios do que qualquer filhinho de papai mimado, que depois de cursar uma boa faculdade acha que está pronto para a vida. E sempre que ele inventava alguma coisa, sua mãe era a primeira a apoiá-lo. ?Sim, você consegue?, essa é a grande mensagem que sua mãe ensinou.

A relação de Branson com o dinheiro é digna de estudo. Por mais maluco que seja na vida pessoal, buscando desafios constantes (quase morreu uma dúzia de vezes, a maior parte em aventuras de balonismo, uma de suas grandes paixões), na vida profissional ele é muito equilibrado e racional. As coisas têm de dar lucro simplesmente porque se não derem significa duas coisas: que não estamos agradando nossos clientes e que se continuar assim não teremos oxigênio para prosseguir (isso me lembra a velha frase de que o lucro de hoje garante os sonhos de amanhã). Ou seja, o dinheiro é encarado como combustível para novas aventuras. Para ele, o dinheiro vem prioritariamente bem atrás da família e do prazer pelo trabalho. E como pensa a maioria dos vencedores, ele acredita que o dinheiro é simplesmente conseqüência de um bom trabalho. E pensando assim, ficou bilionário.

Até hoje Branson passa um mês por ano com a família inteira, incluindo seus pais, que têm mais de 90 anos, seja na África do Sul ou na ilha que possui no Caribe, nas Ilhas Virgens. Aliás, a história de como ele comprou a ilha é impagável e já vale o livro. É uma aula de negociação e criatividade aplicada, digna de mestre.

A questão ética é outra que aparece sempre na sua vida. Quer um exemplo prático? Segundo o próprio Branson, um de seus maiores erros foi ter aberto o capital da empresa. Na primeira queda violenta da bolsa, ele sentiu-se tão incomodado com o dinheiro que seus investidores estavam perdendo que propôs recomprar de todos as ações pelo valor que tinham pago inicialmente. Teve um prejuízo imenso, mas em típico estilo bransoniano, declarou que sua reputação e a tranqüilidade de espírito eram muito mais importantes que qualquer valor monetário. Quantos empresários que conhecemos fariam o mesmo?

O seu livro se chama Screw it, Let?s do it (algo como Dane-se, Vamos Fazer) porque, na dúvida, ele acha que tem de fazer. É tudo uma grande aventura, porque só se vive uma vez. Então, vamos lá e vamos ver no que é que dá.

Um cara que fica bilionário respeitando os outros, agregando valor, criando empregos, pagando impostos, amando e sendo amado pela família, sendo ético e curtindo a vida só pode ser uma pessoa especial.

Esse dom fica expresso em uma frase do livro que me tocou e que compartilho com você para terminar este editorial: ?Quero pessoas com mãos que trabalham, cabeças que pensam e corações que amam?. Talvez seja isto que esteja faltando em tantas empresas: trabalho, inteligência e amor. Isso sim é que é realmente motivador. O resto é conseqüência.

Abraço e boa$ venda$,

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