Simpático ou empático?

Você entende bem o significado da palavra empatia? Digamos que esteja assistindo a uma palestra sobre as formas de organizar equipes com competência. Ou participando de um seminário sobre técnicas de vendas. Ou, ainda, concorrendo a um emprego, a um cargo novo ou a uma função importante na empresa através de uma dinâmica de grupo. Simpático ou empático?

Por Eugênio Mussak

Você entende bem o significado da palavra empatia? Digamos que esteja assistindo a uma palestra sobre as formas de organizar equipes com competência. Ou participando de um seminário sobre técnicas de vendas. Ou, ainda, concorrendo a um emprego, a um cargo novo ou a uma função importante na empresa através de uma dinâmica de grupo. E o tempo todo você ouve o palestrante falar sobre uma condição importante do comportamento humano, a empatia.

Você fica em dúvida entre relacionar essa palavra (que o palestrante usa com naturalidade) com simpatia, antipatia ou com alguma patologia. Bem, alguma coisa boa deve ser, já que ele está afirmando que empatia é algo que vai ajudá-lo em seu trabalho, pois melhora as relações humanas.

Mas, afinal, o que é exatamente empatia? Em uma oportunidade, um pequeno acontecimento me explicou, com a precisão que a teoria não tem, o significado real dessa palavrinha. Aconteceu que esqueci meus óculos em algum lugar (o que não é muito incomum quando se usa um par para ler, outro para trabalhar no computador, outro para dirigir e ainda um para dias de muito sol). Na tentativa de encontrá-los, telefonei para os lugares onde eu tinha estado naquela tarde até que, no consultório de um amigo psicanalista onde eu havia parado para trocar umas idéias, a secretária me disse:

? Tem um par de óculos aqui, sim, mas não sei se é o seu ou é o do doutor, pois ele usa um parecido. Só tem um jeito: precisamos esperar que ele chegue, aí ele testa os óculos e verifica se são os dele ou não. ? Está bem ? respondi resignado. ? Só tem um problema ? ela resolveu brincar comigo. ? Quando o doutor coloca os óculos de outra pessoa, ele passa a ver o mundo do jeito que essa pessoa vê, e aí descobre tudo sobre ela.

Heureca! Foi apenas uma brincadeira bem-humorada, que jogou com o fato de ele ser psicanalista, mas também uma ação pedagógica espetacular para explicar a tal palavrinha: empatia!

Os livros informam que empatia é uma condição psicológica que permite a uma pessoa sentir o que sentiria caso estivesse na situação e na circunstância vividas por outra pessoa. E é isso mesmo. Ver o mundo com os olhos de nosso interlocutor. Ver inclusive a nós mesmos com os olhos dele.

Não há duas pessoas com a mesma impressão digital, com as mesmas características da íris ou ainda com o mesmo registro de eletrocardiograma. Da mesma forma, não há duas pessoas que vejam o mundo, com a imensidão de detalhes que fazem parte dele, exatamente da mesma maneira.

Como será que meu cliente, que neste momento está à minha frente depositando em nosso encontro a esperança na solução de um problema, está vendo esse problema? Como está vendo o mundo com esse problema? E, principalmente, como está me vendo, já que, segundo ele, eu tenho o poder de resolver seu problema? Ou ele não estaria aqui. Só vou descobrir tudo isso valendo-me da empatia.

Há duas práticas que criam empatia. A da pessoa que se coloca no lugar do outro e a da pessoa que estimula o outro a se colocar em seu lugar. No primeiro caso, predomina a capacidade de entender e, no segundo, a capacidade de se fazer entender. As duas são igualmente importantes.

Ser empático não é ser simpático. A simpatia pressupõe solidariedade, enquanto a empatia pressupõe compreensão. A simpatia cria um envolvimento emocional que pode prejudicar o julgamento. A empatia estabelece uma comunicação eficiente.

Lembre-se: Quando não se cria empatia em uma relação, não ocorre verdadeiramente um diálogo, e sim dois monólogos simultâneos. As pessoas deveriam evitar isso a qualquer custo, pois o preço da comunicação unilateral é muito alto. É o fracasso.

Frase: ?Grande talento possui quem, sem dar por isso, pode tornar os outros melhores e mais felizes? ? Stone Beecher

Eugênio Mussak é médico e professor. É diretor da Sapiens, empresa de consultoria educacional e de seminários baseados em suas teorias sobre o Desenvolvimento Integral do Ser Humano. Homepage: www.eugeniomussak.com.br.

(capa) Para saber mais: Extraído do livro Metacompetência ? Uma Nova Visão do Trabalho e da Realização Profissional, de Eugênio Mussak (Editora Gente). Visite: www.editoragente.com.br.

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