Sofisticadamente simples

Outro dia, recebi um texto de alguém que não conheço pessoalmente. Gostei tanto do tema que me permiti plagiá-lo aqui. Outro dia, recebi um texto de alguém que não conheço pessoalmente. Gostei tanto do tema que me permiti plagiá-lo aqui. Ele diz que ser simples é o grande charme deste novo século, mas não basta ser simples, é preciso ser ?sofisticadamente simples?, entre aspas, tal como aparece no seu texto.

Assim que terminei a leitura, como que por encanto ou telepatia, recebi a ligação de um amigo, perguntando se eu tinha algum vídeo que falasse sobre simplicidade. Era sexta-feira, ele teria uma reunião importante com seu time na segunda, e gostaria de focar na simplicidade de execução das estratégias e no plano da empresa, como ferramenta para caminhar mais rápido, atender clientes e melhorar os resultados.

Fiquei empolgado e achei que ele poderia ler o texto que eu havia recebido, mas ele queria um vídeo, e como pedido de amigo é ordem, comecei a pesquisar. Ao final da tarde, sem ter encontrado algo que se ajustasse à necessidade dele, pedi desculpas e lamentei não poder ajudá-lo, me esquecendo do conteúdo que ainda cintilava na tela do meu computador.

O valor do simples ? Achar que o mundo da gestão e dos negócios é tão simples que qualquer um pode ter sucesso sem um mínimo preparo, é relegar todo o arsenal de pesquisas e experiências acumuladas nas organizações e escolas que se propõem a estudá-los e ensiná-los. Agora, sofisticá-los a ponto de torná-los confusos e academicamente áridos só pode servir ao poder de quem ensina sem nunca ter feito, ou como dizia Bernard Shaw: ?Quem sabe faz, quem não sabe ensina?, lembrando, em minha defesa, que sou professor há 25 anos.

A verdade é que, muitas vezes, complicamos as coisas por acharmos que o simples não tem valor, afinal, se é simples, deduz-se que qualquer um pode fazer e, francamente, não sou nem quero parecer com qualquer um. Logo, a defesa do sofisticadamente simples pode indicar que devemos usar a simplicidade sem parecer simples. Se não há sofisticação, não há valor. Verdade é que o cliente é quem decide, com sua preferência e resultados positivos nos balanços, que servem de termômetro para a assertividade de nossas ações.

M.A.S. ? Inconformado por não ter ajudado o meu amigo, pensei em como implantar o ?mantenha a simplicidade? de Tom Peters. Lembrei-me da minha teoria do mas, que uso em sala de aula. O mas é o equivalente, na empresa, para o jaque das construções e obras domésticas. ?Jaque vamos quebrar esta parede, por que não aumentar o banheiro?? E aí dobrou a obra, triplicou o tempo e lá se foi o orçamento.

O mas é aquela conjunção que sempre interrompe um pensamento positivo: ?Se você não fizer o que o cliente quer você vai quebrar, mas se você fizer tudo o que ele quer, quebrará ainda mais rápido?. ?Nós iríamos lançar o novo produto ainda neste mês, mas resolvemos lançar a coleção toda no próximo.? Este M.A.S., com pontinhos no meio, é a minha versão tropical para o ?mantenha a simplicidade?.

O que é simplicidade? ? Manter a simplicidade não é parecer simples, é ser simples. Ir à sala do colega em vez de ligar pelo ramal ou ligar ao invés de mandar um e-mail. Simplicidade é perguntar quando há dúvida, é fazer sem esperar o mérito, é buscar a satisfação do cliente, é entender o que ele não espera de você e surpreendê-lo. É escritório limpo e organizado. Simplicidade é tomar aquele cafezinho que virou reunião, no lugar da reunião em que se toma cafezinho. Simplicidade é visitar clientes e perguntar o que fazer com as oportunidades e como eliminar as ameaças, afinal, seu cliente está ali para dizer tudo o que você precisa saber.

Simplicidade é entender que pessoas precisam ser desafiadas, remuneradas e celebradas, como diz Jack Welch. Simplicidade é buscar o caminho mais rápido, não necessariamente o mais curto. É fazer do trabalho um barato, um eterno viver.

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