A essĂŞncia da venda Ă© a comunicação, Ă© o relacionamento entre pessoas, e muita gente nĂŁo percebe isso. Primeiro a conquista social, depois a pessoal. Cerca de 90% das operações do transporte rodoviário de cargas estĂŁo relacionados com a infra-estrutura necessária para a atividade logĂstica. Instintivamente, ou mesmo por questĂŁo de sobrevivĂŞncia, as transportadoras assumiram esse processo. Quase todos os transportadores tĂŞm se posicionado como operadores logĂsticos. Há atĂ© casos de empresas que simplesmente trocaram a palavra transporte por logĂstica e começaram a operar nesse campo, como forma de buscar melhores oportunidades comerciais.
Essas empresas, no entanto, começam a oferecer novos serviços sem saber como cobrar ? muito deles passam a ser considerados commodities (padrĂŁo) e o transportador agora repaginado de operador logĂstico nĂŁo tem argumentos tĂ©cnicos nem orientação institucional de como cobrar por esses serviços adicionais. Resultado: novas tarefas como triagem, separação de pedidos, e atĂ© controle de estoque e armazenagem, executadas pelas transportadoras, muitas vezes sĂŁo oferecidas como brinde para manutenção do cliente.
Por outro lado, os operadores logĂsticos puros estĂŁo no mercado, sem qualquer orientação institucional principalmente sobre tarifas e custos. Nos Ăşltimos anos, as empresas de setores econĂ´micos, que lidam com movimentação de mercadorias, passaram a criar seus braços logĂsticos, em vários modais e atividades. Tanto para os pequenos como para os grandes operadores internacionais que atuam no Brasil ou esto chegando ao paĂs, no entanto, custo e tarifa ainda sĂŁo incĂłgnitas. Isso ocorre porque nĂŁo há uma entidade a quem eles possam recorrer e obter orientação a respeito.
Para preencher essa lacuna, na Ăşltima reuniĂŁo do Conselho Superior da NTC (Associação Nacional do Transporte de Cargas), propusemos que a entidade assumisse esse papel, acrescentando, inclusive, o termo e logĂstica em sua razĂŁo social, como já vem acontecendo com instituições representantes desse tipo de transporte em vários paĂses do mundo proposta muito bem aceita por aquele ĂłrgĂŁo.
A idĂ©ia que ela passe, num primeiro momento, a se chamar Associação Nacional do Transporte de Cargas e LogĂstica. Claro que, para preencher tal lacuna, Ă© necessário mais do que apenas acrescentar esse termo Ă razĂŁo social. Por isso, defendemos que, a partir da mudança de nome, ela passe a representar efetivamente os interesses dos operadores logĂsticos.
A NTC, nos Ăşltimos anos, já vem empreendendo esforços para agregar operadores logĂsticos. Ainda falta, no entanto, um forte comprometimento para elaboração de manuais de custos, de operações logĂsticas, orientação tĂ©cnica aos pequenos operadores, sistema de tarifas, cursos e pautas especĂficas para o debate de questões logĂsticas.
A entidade tem representado muito bem os interesses dos transportadores de cargas, monitorando as ameaças ao segmento, promovendo as oportunidades. Tem sido, reconhecidamente, muito competente nesse sentido, e graças a isso, o transporte rodoviário de cargas já se encontra sedimentado, com práticas sugeridas, manuais de custos e tarifas, representação polĂtica, propostas inclusive com relação Ă legislação tributária.
Toda essa bem sucedida experiĂŞncia em representação empresarial, conquistada ao longo de 40 anos, será essencial na construção de um amparo tĂ©cnico e polĂtico ao segmento da logĂstica no Brasil. Trata-se, claro, de uma corajosa e importante decisĂŁo, mas se ela nĂŁo tomada vamos ficar a reboque do processo de modernização das nossas empresas.