A gente gasta muito dinheiro para abrir uma loja e se esquece de que o que o Cliente mais valoriza na sua loja não se compra com dinheiro. Sim, ?ele?, o Cliente é um caçador de emoções A gente gasta muito dinheiro para abrir uma loja, mais dinheiro para montar, mais dinheiro para conseguir ter o estoque ideal e se esquece de que o que o Cliente mais valoriza na sua loja não se compra com dinheiro. ?Ele? vai à sua loja à busca de emoções. Sim, ?ele?, o Cliente é um caçador de emoções.
E quem duvida que Varejo seja adrenalina pura? Alguém me enviou pela internet uma foto de pessoas cheirando sovacos de pessoas como se estivessem testando a fragrância de um novo desodorante e eu usei isso numa palestra que fiz por aí afirmando que havia coisas mais difíceis de fazer do que ser varejista. Varejo é muito difícil. A única maneira de se transformar Varejo em uma experiência sem igual na nossa vida é vivenciando cada emoção do dia a dia de se trabalhar em uma loja. Até ela chegar para ?ele?.
Emoção primeiro ato – A emoção começa na decisão de se tornar varejista. Deixar o que se faz para entrar em Varejo dá um frio na espinha que até dói. A dúvida do sucesso tem que virar esperança rapidinho. E há que se lembrar sempre que não é fácil. Só naquele filme do Kevin Costner ? Campo de Sonhos ? onde o espírito do pai dele vivia sussurrando ao pé do ouvido: – Construa e eles virão! os Clientes vêm. No caso de Varejo, há que se ter a loja com todos os recursos muito bem trabalhados para que ?eles? venham. E há momentos em que ?eles? vêm porque estamos fazendo um grande trabalho e em alguns momentos, mesmo fazendo um grande trabalho ?eles? não vêm.
Emoção segundo ato ? Varejo vai ser, se é que já não é, o grande empregador deste século. Quem é varejista já faz, para quem trabalha em Varejo, uma diferença de vida. Quem trata seu pessoal com carinho e dignidade, dá a eles uma possibilidade de renascer como ser humano e de construir uma vida mais digna. Essa responsabilidade, que transcende a velha relação patrão x empregado, só pode ser exercida na sua plenitude se o varejista tomar consciência da sua importância no ciclo de sobrevivência e evolução da grande maioria das pessoas que vivem nesse país. Isto dá alegria. Em tempos de crise, dá medo. Daí a importância de escolhermos muito bem nosso pessoal. A convivência e a doação que existem num negócio de Varejo requerem que, além de respeitar quem trabalha conosco, gostemos deles.
Emoção terceiro ato ? Tudo pronto atrás das cortinas, pode abrir. Soa a campainha de um novo dia e começam a entrar ?eles?, os Clientes. Novas emoções. Só quem tem um negócio de Varejo sente na pele o que é um Cliente entrando na loja. Ainda me lembro do dia em que Martha e eu abrimos a nossa loja. Primeira e ainda única. Cada novo Cliente era um medo novo. Cada Cliente que saía um novo aprendizado. Mais do que o barulho de abrir e fechar do caixa, a sensação de se ter feito a coisa certa ou não. E o que mais emociona: Cliente elogiando e Cliente voltando para comprar coisas que nem conhece só porque gostou muito de quando esteve na vez anterior. Pura emoção.
Mas há o lado não tão cor-de-rosa da história: menos freqüentemente o Cliente chega com algum problema que a gente nem imagina e faz um estrago na vida da gente. Não dá para contrariar. O difícil é saber quando, mas acontece. Parece que passa um furacão. Pura emoção. Ou quando o Cliente que comprou um produto com a maior convicção do mundo desiste no meio do caminho e inventa a desculpa mais esfarrapada para devolver o produto que acabou de comprar ? e usar. Mais emoção. Essa contida. Engolida a seco. O ideal seria que fosse colocada para fora. Mas há que se respeitar o Cliente. Não sei se aquele, mas ?eles?, a entidade Cliente.
Então não é cadeia de lojas? Não! É cadeia de emoções. Peça com vários atos. Aliás, parece mesmo uma novela que dura todos os dias da nossa vida. Aguarde cenas dos próximos capítulos.
texto extraído do site Varejo.Seculo21