Vigilância eterna

Como bem utilizar as tantas informações à disposição na era da vigilância Atualmente, é praticamente impossível fazer alguma coisa fora do alcance das câmeras. Seja vigiando as lojas, ruas ou à procura de carros em excesso de velocidade, seja nos telefones celulares, elas estão sempre presentes. É cada vez mais comum assistir em jornais de TV imagens, com maior ou menor qualidade, de crimes que tiveram como testemunhas as onipresentes câmeras. E o alcance não se limita a incidentes de trânsito e babás batendo em crianças. Veja, por exemplo, o escândalo das torturas cometidas por soldados norte-americanos, que nunca chegaria à grande mídia se não fosse através das fotos enviadas por celulares.

A presença dessas câmeras também chegou a empresas e, como tudo, gerou uma reação. Já existem sites que afirmam ser ?listas de informantes, dedos-duros e alcaguetes?. Dá para imaginar que quem quer que seja mencionado em tais sites não terá uma vida muito segura.

Para analistas de empresas de segurança, as pessoas começam a alterar sua percepção e assumir que, quando estão em público, estão realmente em público. É preciso imaginar que o normal é ser filmado e que, sendo filmado, há possibilidades de essa gravação ser usada de uma forma ou outra.

Tecnologia ? Certo, polícias de todo o mundo não se cansam de elogiar os sistemas de monitoramento, principalmente na prevenção de crimes ? as pessoas não fazem coisas erradas se sabem que estão sendo vigiadas. Entretanto, esse efeito pode ter vida curta. Se as pessoas sabem que estão sendo vigiadas 24 horas por dia, vão manter sua guarda alta sempre? Tem mais: uma empresa sueca trabalha, nesse momento, com um software de reconhecimento facial. Ele permite que a polícia pegue uma foto ? digamos, de passaporte ou daquelas tiradas na delegacia, segurando um número ? e a compare com várias fotos e filmes que aparecem na internet, identificando pessoas que, de qualquer maneira, permaneceriam anônimas.

As possibilidades são enormes para o bem e para o mal. Os políticos que resolverem concorrer a qualquer cargo daqui a quarenta ou cinqüenta anos terão sua vida inteira, nos mínimos detalhes, exposta na internet, quer queriam ou não. Empresas também podem analisar, com muitos mais detalhes, o comportamento do consumidor.

No entanto, será tanta informação à disposição que será difícil definir o que é útil e o que não é, e o que vamos fazer com ela. Algumas dicas:

» Se for usar informações de seu cliente presentes na internet, em sites tipo Orkut ou Facebook, peça permissão antes.

» Informe o cliente sempre que o estiver filmando ou gravando.

» Seja criterioso. Se não houver nada nas imagens que o ajude a vender mais, melhorar a disposição dos produtos na loja e treinar os vendedores, delete.

» Tenha regras claras que proíbam material de vigilância e de treinamento sair de sua empresa. Você não vai evitar que aquela imagem engraçada do moleque de cinco anos indo de encontro com a gôndola de doces apareça no YouTube, mas vai poder punir o responsável, o que pode desestimular tais atos no futuro.

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