Culpado ou inocente?

Quando o impasse se estabelece e o caos ganha cada vez maior força, é preciso reagir, dar um basta no negativismo e tomar as medidas que possam resultar em novos caminhos. Certa vez uma empresa que até então era muito bem-sucedida entrou em crise. Nada mais funcionava direito e o negócio corria o sério risco de desaparecer, desempregando centenas de pessoas. O desespero era geral. Vendas em queda e os clientes reclamando por todos os lados.

O clima interno era péssimo, verdadeiro inferno de Dante espalhava-se pelo ambiente. Acusações mútuas e discussões para identificar os culpados pelo estado em que se encontravam. Em vez de tomar iniciativa para reverter a situação, as pessoas preferiam o comodismo de esperar o surgimento de um salvador da pátria para tirá-las do caos em que se meteram.

Como não havia lucro, os acionistas se recusavam a colocar mais dinheiro no negócio. Os bancos restringiram as operações de crédito, só concedendo empréstimos lastreados em garantias reais. Vender mais seria a solução, mas como aumentar a produção sem matérias-primas para fabricar? Para cada possibilidade de saída, sempre havia um empecilho grave pela frente.

Aparentemente não havia solução, pelo menos era o que todos pensavam, tão envolvidos que estavam no problema. A situação lembra aquele velho ditado popular: ?se correr o bicho pega e se parar o bicho come?. O impasse estava estabelecido diante dos olhos de cada um daqueles funcionários que outrora primavam pelo bom desempenho.

Apesar do agravamento dos problemas, ninguém pensava em arquitetar uma saída fora dos padrões normais, introduzindo um final diferente no enredo do dito popular: ?e se enfrentado, qual seria a reação do bicho? Que tal se ele perde energia e senta para conversar??. Os problemas se avolumam na medida em que nos amedrontamos com eles e baixamos a guarda.

Nessas situações difíceis, quando o impasse se estabelece e o caos ganha cada vez maior força, fazer as mais variáveis perguntas e imaginar saídas espetaculares, o problema perde energia. O negócio é reagir, dar um basta no negativismo, tomar as medidas que possam resultar em novos caminhos.

Os problemas também crescem na medida em que encontram campo fértil para tal. E o que havia em abundância na empresa era terreno propício para o pior dos mundos se alastrar pelo ambiente feito rastilho de pólvora. Ninguém se sentia responsável por nada, tampouco acreditava que haveria uma saída.

O que havia era reclamações por todos os lados, um clima de insegurança. Falta de iniciativa, predominava o negativismo, cada um esperando por um final desastroso para a empresa. Antes que o pior aconteça, deveríamos descobrir o grande culpado por isso tudo.

Uma manhã, quando chegaram para trabalhar, os funcionários encontraram um cartaz enorme na portaria, escrito em letras roxas sobre um papel preto, cujo conteúdo causou o maior alvoroço no estabelecimento: ?Vítima de mal súbito, faleceu ontem o responsável por todos os problemas da empresa. O velório será na quadra de esportes, para o qual convidamos a todos?.

Chocados, mas ao mesmo tempo aliviados pelo acontecimento que representava o fim dos problemas e a expectativa de melhora da empresa, as pessoas se organizaram em fila para dar o último adeus ao culpado pelo afundamento da organização.

Ao olhar o caixão de perto a expressão era de choque. O mais absoluto silêncio tomava conta do recinto. Em profunda reflexão, todos saíam cabisbaixos, atingidos na profundeza da alma, ao descobrirem quem na verdade era o grande culpado pelo fracasso da empresa.

Os mais céticos queriam confirmar o que tinham visto na primeira vez. Mas tudo se repetia, estava lá a imagem do grande responsável. Desde as primeiras falhas que começaram a negligenciar a qualidade, tipo deixa rolar, vai assim mesmo, o cliente nem vai notar. Não havia defunto algum. A tampa do caixão era espelhada e refletia com perfeição a imagem de quem olhava.

Ao ver sua imagem refletida no espelho, quem olhava caía em si e passava a refletir sobre a seqüência de acontecimentos negativos que estavam se desenrolando por ali. A partir desse evento, as coisas começaram a melhorar, porque concluíram que a culpa estava no coração, nos sentimentos e nas atitudes de cada um dos colaboradores da empresa.

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