O fim da concorrĂȘncia

Diretor do Grupo Relacione-se, AndrĂ© Ferrari, fala sobre o fim da concorrĂȘncia pontual entre empresas e o inĂ­cio da fase das parcerias. SerĂĄ mais eficiente e eficaz a empresa que conseguir estabelecer relaçÔes perenes com todos os participantes da cadeia produtiva. O veado definhava em seus Ășltimos suspiros. Minutos antes, havia sido cercado por quatro leoas que haviam se escondido na relva rasteira esperando o momento perfeito para irromper contra o indefeso animal. O grupo de veados havia perdido um membro e o grupo de leĂ”es havia ganhado mais um dia de sobrevivĂȘncia. Mas, analisando friamente o fato, pergunto a vocĂȘ: por que serĂĄ que os veados e tambĂ©m outros grupos de animais sucumbem perante os “reis da selva”? SerĂĄ que sĂł o fato de os leĂ”es serem agressivos Ă© o suficiente ou Ă© explicação para tamanho sucesso dentro da cadeia alimentar?

A biologia jĂĄ abandonou hĂĄ muito tempo a idĂ©ia de que “na natureza, os mais fortes sobrevivem”. Lembro-me bem desse clichĂȘ quando, pela primeira vez, tive contato com um livro de Fundamentos de biologia. Mas, aqui entre nĂłs, jĂĄ se vĂŁo longas e longas dĂ©cadas desde que isso aconteceu. Hoje, admite-se que os grupos mais organizados e dotados de maior estratĂ©gia conjunta sĂŁo os que tĂȘm maior chance de sobrevivĂȘncia e os leĂ”es sĂŁo um desses grupos, se nĂŁo a elite na estratĂ©gia e organização conjunta.

O procedimento de caça dos leĂ”es Ă©, antes de tudo, uma verdadeira demonstração do trabalho em conjunto. Uma fĂȘmea se posiciona em um local mais alto da planĂ­cie, um pouco distante do grupo, para avistar com antecedĂȘncia a futura presa. Quando o grupo de veados se aproxima, um grupo de leoas avança, direcionando-o para um local onde outras leoas sorrateiramente aguardam deitadas no chĂŁo para nĂŁo serem vistas. A esse segundo grupo de leoas cabe a escolha da vĂ­tima que serĂĄ morta. Enquanto todo o processo ocorre, um terceiro grupo, os machos, protege os filhotes de predadores como as hienas. Acho que por isso os leĂ”es sĂŁo considerados os “reis da floresta”. Provavelmente, se todos os leĂ”es atacassem juntos, o resultado nĂŁo seria tĂŁo eficaz. Gastariam mais energia e ainda estariam correndo o risco de perder alguns filhotes atacados por outros animais. E por incrĂ­vel que pareça, essa tĂ©cnica milenar na natureza serĂĄ a tĂŽnica dos negĂłcios no futuro.

Enquanto todos falam em concorrĂȘncia eu falo em colaboração, em alianças. SerĂĄ mais eficiente e eficaz a empresa que conseguir estabelecer relaçÔes perenes com todos os participantes da cadeia produtiva. Cada grupo de elementos tem sua função especĂ­fica dentro da cadeia e a ele cabe desempenhĂĄ-la bem, assim como cada grupo de leĂ”es tem sua função. É tempo de parcerias! SĂŁo elas que permitem o ataque preciso, na hora e da forma certa. Vejo o fim da concorrĂȘncia entre empresas. Sim, o fim da concorrĂȘncia como ela Ă© hoje: pontual. A concorrĂȘncia serĂĄ entre cadeias produtivas, ou seja, entre grupos organizados formados, cada um, por parceiros de negĂłcios e o grupo mais eficaz sobreviverĂĄ na selva dos negĂłcios.

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