O liderado é o rei

Se admitirmos que os colaboradores sejam os clientes e o líder que contratamos e treinamos seja o produto, os conceitos de marketing podem ajudar bastante. Lembro da época em que os clientes sofriam nas mãos das empresas pelo simples fato de que a oferta de determinados produtos era bem menor que a procura pelos mesmos. Naquele tempo, já se divulgavam conceitos como ?o cliente é o rei?, ?foco no cliente?, ?atendimento com excelência? e outros que colocavam os clientes no seu devido lugar: o topo.

Porém, mesmo já válidos naquela época, esses conceitos não eram levados muito a sério, até porque havia menos concorrência. As empresas não perdiam vendas significativas por não satisfazerem as necessidades dos clientes, perdiam porque não havia opções.

Com o passar do tempo e com o desenvolvimento dos mercados e concorrentes, a situação mudou. Hoje, é inadmissível não pensar no cliente, antes de tudo, seja na hora das empresas desenvolverem seus produtos, seja na hora dos planejamentos comerciais. As necessidades e desejos do cliente têm várias opções para sua satisfação, que é até garantida por lei. Os velhos conceitos de marketing ganharam novo destaque, porém sempre foram válidos.

Mas o que esse papo de marketing tem a ver com liderança? Em um ambiente de certo conforto comercial, com poucos concorrentes e poucas opções para o cliente, ter funcionários bem treinados em suas atividades diárias era suficiente para atingir bons resultados financeiros. Mas em um ambiente dinâmico, com diversos e competentes concorrentes, é necessário algo mais.

É fundamental, para as empresas, compor e gerenciar um time de colaboradores efetivamente comprometidos em atingir resultados, com criatividade para inovação constante e afinidade com mudanças freqüentes, dentre outras habilidades.

A questão é: como as empresas conseguirão isso. Simples! Conseguirão se seus colaboradores tiverem suas expectativas, necessidades e desejos satisfeitos. E isso é novo? Não, esteve sempre aí, só que agora é indispensável.

E quem são os responsáveis por isso? Os líderes! Vamos procurá-los, contratá-los, treiná-los, motivá-los e os problemas das empresas estarão resolvidos. Será? Se admitirmos que os colaboradores sejam os clientes e o líder que contratamos e treinamos seja o produto, os conceitos de marketing podem ajudar bastante.

Não se empurra o produto pela garganta do cliente, e nem se pode obrigá-lo a estar satisfeito com isso. Antes de tudo, temos que pesquisar e entender as necessidades e desejos dos consumidores. Então, nesse sentido, por que os liderados não deveriam ser consultados de suas necessidades e expectativas quanto à contratação e desenvolvimento do seu líder?

Quando, por algum motivo, o cliente não está satisfeito com o produto, ele tem o direito de reclamar para a empresa, que procura imediatamente atendê-lo e resolver o problema. E o colaborador , quando é cliente, tem suas manifestações de insatisfação ouvidas e consideradas sem retaliação? Não podemos esquecer que insatisfação na empresa pode gerar baixa produtividade, falta de comprometimento e baixa integração.

Se investe muito na contratação e desenvolvimento de líderes, e pouco em escutar e desenvolver os liderados. È como colocar todos os recursos disponíveis na concepção, desenvolvimento e fabricação de um produto para, somente depois de tudo pronto, perguntar ao cliente se era aquilo mesmo que ele queria.

A liderança é uma conquista. O bom líder é aquele eleito ou escolhido pelos liderados, jamais imposto. Antes de uma empresa, departamento ou equipe ter um líder, o clima organizacional deve estar preparado para o seu surgimento. Sem comprometimento, integração e propósito nos liderados, não há líder que funcione. É desperdício de tempo, recursos e talentos.

Talvez uma boa lição do marketing deva ser utilizada pelos líderes. Se quisermos que alguém compre a nossa promessa (o produto ou serviço nada mais é que uma promessa de satisfação de necessidades e desejos) devemos, primeiramente, pesquisar e entender seus anseios e expectativas. Como é dito em marketing, o negociado não sai caro.

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